terça-feira, julho 02, 2013

Espiral recessiva ou, como a vida é complicada

O autor deste blogue é defensor de um Estado prudente nos seus gastos, para que não seja um peso excessivo sobre os ombros dos contribuintes. Por isso, não se veja o que se segue como uma defesa da subida de impostos para alimentar o Monstro.

"António Goulart disse que as empresas estão a contratar muito menos pessoas para trabalhar no verão do que em anos anteriores, lembrando que a época alta agora praticamente se resume aos meses de Julho e Agosto."
E a notícia da manhã:
"Os patrões culpam o subsídio de desemprego e a falta de vontade em ter um trabalho que dura dois ou três meses.
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O cenário não é novo, mas os empresários admitem que a saída de milhares de brasileiros ou imigrantes do Leste europeu está a agravar um problema que já existia no Algarve.
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O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas,explica que este ano está a ser ainda mais dificil encontrar pessoal para limpezas ou arrumações.
Também a AHRESP, Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal., admite que a saída de imigrantes dificulta as contratações de Verão mas garante que essa dificuldade não aumentou.
Os patrões da restauração lamentam aquilo que diz serem benefícios do subsídio de desemprego e sublinha que muitos não querem trabalhar à noite ou ao fim-de-semana."

 Estes patrões podiam pagar mais... se não pagam mais, então, aumentem os preços.
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Pena que "Mesquita Nunes" não tenha estudado estratégia, proposta de valor, e outras cenas ... no curso para jurista.

10 comentários:

Zé de Fare disse...

São empregos precários, restos de horários ou esquemas de trabalho em que as 8 horas diárias são substituídas por 2 ou 3 funcionários em tempo parcial. Acabas por estar em 2 ou 3 sítios durante a semana para compores um salário minimamente razoável e depois em outubro acaba tudo. Este Elidérico Viegas é o mesmo que foi pedir mais dinheiro ao AMN para pagar aos funcionários durante o inverno.

Carlos Albuquerque disse...

Há centenas de milhar ou mesmo mais de um milhão de desempregados sem subsídio de desemprego. É o subsídio dos outros que desincentiva estes de trabalhar?

João Pinto disse...

Eu conheço muita gente que só arranja emprego quando termina o prazo para receber o sub de desemprego... mas, a acreditar em alguns comentários, devo ser apenas eu.

Relativamente aos desempregados sem subsídio de desemprego, será que muitos destes não recebem o RSI? E será que muitos destes não trabalham "ao negro"? De certeza que não, portugueses é tudo boa gente...

Carlos Albuquerque disse...

Segundo
http://www.publico.pt/economia/noticia/apenas-44-dos-desempregados-recebem-subsidio-de-desemprego-1594586
haverá mais de 500 000 desempregados registados mas sem subsídio de desemprego. Haverá muitos ainda sem sequer estarem registados.

Segundo
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/numero_de_beneficiarios_do_rsi_aumentou_em_marco_e_sao_quase_275_mil_pessoas.html
haverá cerca de 275 000 beneficiários do RSI, muitos deles crianças e idosos.

Logo haverá bastantes centenas de milhar de portugueses capazes de trabalhar mas sem qualquer apoio social.

Não seria melhor tentar perceber o que faz com que essas pessoas não estejam a aceitar os tais empregos antes de pensar em cortar os subsídios de desemprego aos que ainda o têm?

Não estaremos a lidar com coisas demasiado sérias para que as propostas sejam baseadas apenas nas pessoas que conhecemos ou em preconceitos como esse do RSI que não explica minimamente o fenómeno?

Preocupa-me muito que aquilo que é a última linha de apoio social para muitas pessoas, incluindo crianças e idosos, seja atacado de forma cega e sem perceber que não pode explicar o que se pretende. A menos que se suponha que as crianças de qualquer idade acima dos 5 ou 6 anos devam trabalhar em qualquer emprego para se sustentarem.

Queremos voltar ao século XIX?

Carlos Albuquerque disse...

Quanto ao RSI: "em Março, cada beneficiário do RSI recebeu em média 81,31 euros". Realmente com 80 euros por mês quem é que precisa de trabalhar em Portugal?

João Pinto disse...

Tudo isso é muito bonito, mas todos nós conhecemos histórias de bradar aos céus. Eu conheço vizinhos meus que rejeitaram várias vezes trabalho (à segunda-feira faltavam sempre), estão sem emprego porque continuam a não querer trabalhar e até arranjaram uma ajuda da Câmara para os ajudar a reconstruir uma casa.

Às vezes, também me apetecia ficar em casa em vez de ter de me levantar às 06h da manhã, principalmente às segundas-feiras, mas tenho de ir. Eu hoje ganho muito menos do que ganhava há 5 anos atrás, mas nunca me viram numa greve a reivindicar os direitos adquiridos. Não há direitos adquiridos se não houver dinheiro.

Carlos Albuquerque disse...

Caro João Pinto,

Responder à frieza dos números com o caso do vizinho ou do outro de que ouvi falar não é argumentar.

"Eu hoje ganho muito menos do que ganhava há 5 anos atrás, mas nunca me viram numa greve a reivindicar os direitos adquiridos."

Há sempre quem usufrua de direitos pelos quais outros se esforçaram e não tenha feito nada por isso.

Pelo modo como fala parece que mesmo que fosse necessário não faria nada por esses direitos.

Talvez não esteja tão longe dos seus vizinhos como pensa.

CCz disse...

A verdade é que no mês passado ficaram por preencher 14 mil vagas no IEFP.
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A vida é mesmo muito complicada

Carlos Albuquerque disse...

Claro que é complicada.

Agora não é razoável culpar o RSI pelas vagas por preencher, como se o único objectivo fosse garantir que nenhuma vaga ficasse por preencher, custasse o que custasse aos mais pobres.

Há centenas de milhar de portugueses sem subsídio de desemprego e sem RSI. Se mesmo assim há vagas por preencher não é tirando o subsídio de desemprego ou o (miserável) RSI que se resolve o problema.

Alguém procurou saber de forma rigorosa o que se passa para ficarem tantas vagas por preencher?

João Pinto disse...

"Pelo modo como fala parece que mesmo que fosse necessário não faria nada por esses direitos." O problema é mesmo esse: se eu trabalhava numa empresa que, por causa da concorrência vende menos ou vende mais barato, eu tenho de ter o bom senso de pensar que a empresa não tem como me pagar o mesmo salário. Eu não adquiri o direito de receber para sempre aquele valor.

"Talvez não esteja tão longe dos seus vizinhos como pensa." Geograficamente, estou pertíssimo. De resto, não percebo o que diz.