sexta-feira, maio 10, 2013

Curiosidade do dia

"Em março de 2013 as exportações (para a UE) diminuíram 6,1% face ao mês homólogo de 2012, em especial devido à evolução registada nos Veículos e outro material de transporte (nomeadamente nos Automóveis de passageiros, nos Veículos automóveis para transporte de mercadorias e nas Partes e acessórios dos veículos automóveis) e nas Máquinas e aparelhos (principalmente nos Aparelhos recetores para radiodifusão).
...
Em março de 2013 as exportações para os Países Terceiros (extra-UE) aumentaram 6,0% face a março de 2012, em resultado do acréscimo registado principalmente nos Combustíveis minerais e nos Metais comuns (nomeadamente Fio-máquina dos tipos utilizados para armaduras de betão)."

Será que o pior já passou?

10 comentários:

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

em relação à evolução das exportações, nada mais que o esperado. as exportações aumentaram bastante, por um lado, devido à queda acentuada no passado (e respectiva recuperação), bem como pelo facto de existir capacidade instalada.

isto dá até certo ponto. chega a uma altura, em que se não houverem novos investimentos, não há muito a fazer.

tenho a esperança que, no que diz respeito a materiais de transporte possa haver alguma melhoria, em grande parte devido ao factor Embraer. todo esse complexo vai permitir aumentar significativamente as exportações e as qualificações de muitos trabalhadores. em relação à indústria automóvel mesmo, existe ainda muita muita incerteza.
essencial seria garantir o novo modelo / plataforma na Autoeuropa, que teria um impacto profundo a partir de 2015. ao mesmo tempo, a Mitsubishi do Tramagal está numa fase decisiva, em que ou reforça a sua capacidade produtiva ou é encerrada. existe trabalho a ser feito para tentar reforçar as competências da fábrica, veremos.
em relação à Caetano, ainda estou à espera do tal projecto para fornecer material compósito para a Airbus. seria excelente.

a indústria automóvel está a sofrer uma alteração profunda. é importante conseguirmos ter uma posição importante junto dos fabricantes asiáticos.

Bruno Fonseca disse...

já agora, se me permite, uma boa noticia para variar:

http://www.jn.pt/125Anos/default.aspx?Distrito=Viana%20do%20Castelo&Concelho=Viana%20do%20Castelo&Option=Interior&content_id=3196595#_page0

a peninsula ibérica parece-me ter condições para ser um fabricante importante dentro da industria automóvel. para Portugal, o reforço da produção em Espanha cria muitas oportunidades para as fornecedores (tanto directas como indirectas). como tal, o reforço de produção da Ford em Valencia, da Renault em Barcelona bem como da PSA em Vigo é uma excelente noticia.

Bruno Fonseca disse...

sem querer monopolizar o espaço, referência para o aumento significativo da exportação de combustíveis, que provavelmente continuará a aumentar o seu peso. os investimentos da Galp no ano passado foram enormes, e muito importantes, não só por causa do aumento da capacidade e da subida na cadeia de valor, como pelo know-how e portfolio que deu a alguns fornecedores portugueses

CCz disse...

"isto dá até certo ponto. chega a uma altura, em que se não houverem novos investimentos, não há muito a fazer."
.
Recordar a Felgueiras School of Economics and Management, como diz o meu amigo Paulo Vaz:
"Empresários investem em novas fábricas. Ao todo, a indústria do sector tem 45 novos projetos no valor de 25 milhões de euros."

http://www.sapato.org/sapatonoticias/noticias.asp?opcao=2&idnot=2664&id1=13

CCz disse...

Caro Bruno,

Acerca do automóvel, não vê o sector, a nível de consumo europeu, como estando já na fase descendente?
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Não por causa da crise, mas por causa da concentração urbana, por causa dos novos modelos de negócio baseados na partilha, por causa da crescente preocupação com as questões ambientais?

CCz disse...

"referência para o aumento significativo da exportação de combustíveis"
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Longe de mim menosprezar esse desempenho. Tenho pena é que não seja grande criador de emprego.
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E como ignoro por completo o que se passa no sector, vejo o desempenho da Galp e vejo os "experts" a preverem o encerramento de 10 refinarias na Europa nos próximos anos. O que está a Galp a fazer de diferente? Tem a ver com o abastecimento de "crude" garantido?

CCz disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/economia/conjuntura/detalhe/ocde_reforca_expectativas_de_recuperacao_da_economia_portuguesa.html

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro! antes de mais agradeço as respostas.

em relação ao calçado, é efectivamente algo em contraciclo. nada a opor. estão a haver mais projectos, mais investimentos, perfeito. aliás, até a Ecco quer aumentar a sua produção em Portugal, alguns anos após a sua saída quase total da Feira. contudo, é um sector que não é, nem de perto nem de longe, exemplo para o que se passa no país. só encontro o calçado e o agrícola com esta pujança.

em relação à indústria automóvel, que o futuro será diferente, sem dúvida, mas certamente que continuará a existir uma grande indústria automóvel. aliás, a produção automóvel a nível mundial está a aumentar. a questão é que, na Europa, em vez de se produzir para todo o mundo, as marcas estão a apostar em pólos regionais de produção. creio que a evolução da indústria será mais na óptica de redução de consumo / maior incorporação de aluminio, do que propriamente pela redução substancial do número de automóveis. mas estas questões são dinâmicas, mas admito-me incapaz de prever a médio prazo. acho que a evolução será mais pelo desenvolvimentos dos veículos do que propriamente pela redução da utilização dos mesmos.

Bruno Fonseca disse...

em relação à Galp, concordo consigo. apesar de não ser criador de emprego, começo a conhecer várias empresas que beneficiaram das obras realizadas nas refinarias, e que estão a implementar esse know-how lá fora. existem várias empresas que estão a trabalhar junto de plataformas petrolíferas, até porque cerca de 1/3 do petróleo/gas descoberto nos últimos 2/3 anos "fala" português (Brasil, Moçambique, Angola e Timor). existem vários serviços engenharia, construção naval, metalomecânica, em que nos podemos especializar.

em relação à estratégia, tem a ver sobretudo com a capacidade de investir nesta fase. a maior parte das petrolíferas não tem capacidade de investir nesta fase tanto dinheiro na refinação. seja pelo endividamente, seja por terem plataformas que não foram ainda rentabilizadas, e como tal, não pretendem investir já nelas.
além disso, o facto de termos acesso "logístico" excepcional (Sines e Matosinhos), e termos uma cadeia de valor relativamente integrada (os pólos químicos de Estarreja e Sines são abastecidos pela Galp), além de termos acesso ao petróleo (seja Angola e Brasil, ou até Venezuela) tornam a Galp como um player importante no sector. aliás, os últimos investimentos permitem refinar petróleo de "má qualidade" para produtos refinados sofisticados.




CCz disse...

talvez o pior tenha mesmo passado

http://www.publico.pt/economia/noticia/vendas-de-carros-na-ue-cresceram-pela-primeira-vez-desde-setembro-de-2011-1594715