quinta-feira, abril 11, 2013

Mindset positivo e locus de controlo no interior

Uma notícia interessante, se não for apenas para sacar mais uns milhões em apoios e subsídios, "Indústria de processamento de tomate planeia centro de excelência de I&D no País":
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Quando um país pequeno como Portugal chega a esta situação:
"Portugal está hoje com uma produção de 1,2 milhões de toneladas (números finais da campanha de 2012), registando nos últimos anos "aumento de produtividade de 2% e 3% da cultura" de tomate. Os dados da AIT apontam para a venda para o exterior de quase 95% daprodução (que lhe confere a classificação de quarto maior exportador de toma­te transformado, a seguir à China, EUA e Itália), gerando um volume de negócios anual de 250 milhões de euros."
Se calhar, a indústria já não tem muito a crescer em quantidade, em toneladas, por falta de terra. Então, como é que se pode crescer nessas circunstâncias?
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Subindo na escala de valor, encontrando novas aplicações para o tomate, ou aumentando a produtividade dos terrenos, ou seja, inovando:
""A estratégia" passa então por fa­zermos aquilo que os outros não querem fazer", a saber, "formalizar um sistema de Investigação e Des­envolvimento" (I&D) que reúna "agricultores, produtores e univer­sidades" para "criar algum 'expertise' em Portugal". "É espantoso como conseguimos ultrapassar as dificuldades" encontradas na cul­tura e na indústria, afirma, "quan­do, do ponto de vista humano Por­tugal não tem uma grande escola para o sector-'. A indústria, em que hoje quatro empresas controlam 90% da produção, acaba por "ir bus­car gente muito nova e treiná-la dentro das própria companhias". Também neste aspecto, "era me­lhor não ter tanta dependência", neste caso, da "escola de Itália", onde o sector está enraizado tam­bém no currículo académico.

Num cenário em que, reconhe­ce, "algumas universidades [portu­guesas] têm sofrido muito nos últi­mos dois anos por falta de verbas", Martin Stilwell defende que a in­dústria está determinada no seu in­vestimento em excelência de I&D no país: 'Todos reconhecemos que temos de o fazer, já avançámos mui­to, agora só falta definir o modelo a adoptar - o que vamos fazer, quando, como e onde"."
Esta linguagem faz-me logo recordar o mindset positivo de Carol Dweck e um locus de controlo no interior.

3 comentários:

Bruno Fonseca disse...

a indústria do tomate é dos poucos a nível agrícola onde temos uma posição excedentária.

a maior empresa é de longe a Sugalidal.importante ser referido que a Sugalidal conseguiu chegar onde chegou por causa da dimensão. foi a fusão entre a Sugal e a Idal que permitiu aumentar os canais comerciais, expandir os mercados de exportação, entre outros. aliás, neste momento a sugalidal adquiriu uma empresa no Chile, para poderem ter produção durante todo o ano!

em relação ao subir na cadeia de valor, estas empresas sofrem bastante com a concorrência dos hipermercados. no caso da Sugalidal/Guloso, eles sobem na cadeia de valor produzindo novas misturas (como Tomate em Pedaços com Alho, ou com Manjericão, entre outros), que permite realmente alguma diferenciação face ao tomate marca branca.
um pouco como faz a Compal. a maneira para eles se destacaram das marcas brancas é exactamente a mistura de frutas, que as marcas brancas não costumam ter. além disso, têm um packaging interessante, diferenciador, e apostam muito em imagem.

em relação ao compal, seria digno de um caso de estudo. toda a gente sempre consumiu Compal de Pêra, mas agora surgiu o Compal de Pêra Rocha do Oeste, que é exactamente o mesmo que o anterior, mas efectivamente criou uma diferenciação. foi, a meu ver, brilhante. foi criado valor de uma forma muito simples.

Zé de Fare disse...

O preço invulgarmente alto do quilo de tomate no Brasil foi satirizado pela apresentadora Ana Maria Braga, no programa “Mais Você”, desta quarta-feira (10), na TV Globo. Para ilustrar o tema, ela usou um acessório pouco comum: um colar com tomates de verdade. Quis passar a mensagem de que só as mulheres ricas podem comprar e usar uma jóia tão valiosa. E, assim, o Brasil viu em direto uma mulher com tomates!...

Obs. – Para os meus amigos brasileiros, importa explicar que a expressão “mulher com tomates” significa uma mulher corajosa, destemida, forte, que diz o que tem a dizer ou faz o que tem a fazer. Em Portugal, os “tomates”, aplicados na expressão “homem com tomates” ou “mulher com tomates”, têm essa dimensão forte e dominadora porque assumem uma designação popular dos testículos masculinos.

Luís Paulo Rodrigues - no seu Facebook

CCz disse...

"estas empresas sofrem bastante com a concorrência dos hipermercados"

Marcas da distribuição apontam para as grandes séries de produção, para terem custos baixos e poderem praticar preços baixos.

É possível competir com eles nesse campeonato?

Não, logo: diferenciação, diferenciação, diferenciação.