terça-feira, abril 16, 2013

A evolução do investimento em máquinas em Portugal

"A observação do comportamento do investimento nos últimos 5 anos (pós-crise) mostra que - apesar das políticas erradas e da resistência do Estado em libertar as forças produtivas da sociedade - se desencadearam forças que permitem alimentar a esperança de uma melhoria significativa num horizonte de médio prazo. A evolução das exportações é já um dos indicadores mais visíveis.
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O nosso principal problema é a baixa produtividade que não deixa margem física para melhoria dos salários e do consumo e impõe grande rigor na escolha dos investimentos.
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A qualidade do investimento é um dos principais factores da produtividade.
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Apesar dos investimentos vultuosos realizados nas últimas décadas uma parte muito importante das aplicações são de natureza improdutiva e pouco contribuíram para a melhoria da produtividade.
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Numa primeira aproximação podemos tomar a proporção do investimento em máquinas, excepto as destinadas a transporte, como indicador da qualidade do investimento. Por volta de 1995 esta proporção era de cerca de 17% em Portugal contra 25% na média da União Europeia. O período de crise viu inverter-se a situação. A proporção passou a ser superior em Portugal. A partir de 2008 esta relação começou a melhorar significativamente. Em 2011, já era 28,9% e em 2012 subiu para 31,5%. A partir de 2008 e em todos os anos foi superior em Portugal com diferenças crescentes que atingiram cerca de 4% em 2012; nos anos 1995 a diferença era de sinal inverso com valores absolutos da ordem dos 6% a 7%.
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em 2012 o valor do investimento em máquinas no total do investimento atingiu 31,5%, valor nunca atingido no país. Este valor não é exagerado e é desejável que se mantenha ou suba. (A Suécia, por exemplo, teve uma média de 32,9% nos últimos 17 anos)."
Na passada sexta-feira, ao visitar uma empresa fabricante de máquinas e que exporta grande parte da sua produção, fui surpreendido pela informação de que actualmente estava com uma boa carteira de encomendas para entregar em Portugal.


Trechos retirados de "Onde está a esperança"

2 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

O que não cola é a permanente crítica ao estado. Então entre 2008 e 2011 as políticas eram erradas mas a economia estava no caminho certo? Ou foi o fim do crédito fácil?

Bruno Fonseca disse...

crónica pertinente. a relação investimento - exportações mais uma vez a mostrar-se.

já fui no passado bastante crítico dos investimento feitos à base do QREN. conheço casos de empresas que sobre-investiram, apenas por causa dos apoios. aliás, empresas que ficaram em situações bastante complicados por causa desses investimentos. como 25% era a fundo perdido, era de aproveitar. mas muitas vezes acontecia que em vez de beneficiarem de 25%, perdiam 75% do investimento.

ao mesmo tempo, muitas empresas que tinham capacidade muito excedentária (à custa desses investimentos) apenas conseguiram aumentar significativamente a produção (e as exportações) à custa destes investimentos.

é uma situação em que o estado deve promover, mas não tem culpa que os empresários sejam "totós" em relação a este ponto.

de qualquer das formas, é uma excelente indicação. investir mais em maquinaria e menos em Mercedes parece-me uma excelente decisão