sábado, julho 14, 2012

Cuidado com uma avalanche de indicadores

Desta interessante entrevista "Alípio Dias. “O país precisava do choque da troika” retiro e sublinho uma pequena porção que se adequa a todos aqueles que trabalham com indicadores:
"Há bons indicadores e o sistema financeiro todos os meses dá uma avalanche de indicadores ao Banco de Portugal, tantos que ninguém usa. Julgo que seria importante encontrar uma espécie de termómetro que concedesse informações que fossem significativas e, depois, das duas uma: ou estava tudo bem, ou apareciam um ou dois indicadores menos bem e era nesses que devíamos carregar mais."
A mente humana é limitada na capacidade de tratar informação. Demasiada informação, demasiado sinal vira ruído.
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Cuidado com o número de indicadores que chegam à sua equipa de gestão... estão relacionados com a estratégia da organização? Estão alinhados com ela? A quantidade é razoável? Podem ser calculados a tempo de acção relevante poder ser exercida para influenciar o rumo tomado?

8 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

"O choque está a doer a quem tem de doer?

Não. Repare, o choque está a dar uma forte pancada na classe média e a estabilidade política e social de um país depende da existência de uma classe média."

CCz disse...

Tenho pena de não ter seguido as suas reflexões nos últimos dez anos... tenho pena de não o ter acompanhado na sua preocupação com as centenas de milhares de operários portugueses que ficaram no desemprego com o choque chinês e com o aumento descabelado de impostos para alimentar o Estado.
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tenho pena de não o ter acompanhado na sua preocupação com o aumento da função pública em 2,9% em 2009 quando, ao mesmo tempo, se abriam ainda mais as comportas do desemprego no privado.
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tenho pena...

CCz disse...

"O choque está a doer a quem tem de doer?"

Sim, tem razão, ainda há normandos com:
* salário garantido;
* emprego garantido;
* serviços de saúde especiais;
* mais dias de férias;
* aposentação mais cedo;
* ...

suportados pelos saxões que não têm acesso a esses privilégios

Carlos Albuquerque disse...

"Tenho pena de não ter seguido as suas reflexões nos últimos dez anos..."

As minhas reflexões não andavam nada longe do que são agora.

E posso sintetizá-las numa linha: a vida de um país tem que ser pensada com estratégia que à dimensão de um país inclui a justiça!

Infelizmente em Portugal governa-se e vota-se e pensa-se política sempre à vista. E por isso lhe digo: os portugueses hoje estão a ser tão tolos como quando reelegeram Sócrates em 2009. E receio bem que o país venha a pagar por isso como hoje paga os desmandos de Sócrates.

Quanto aos aumentos de 2009 foram uma medida eleitoralista que teve como efeito ajudar a prolongar a agonia socratina por mais dois anos. Na altura eu tinha consciência de duas coisas: os aumentos vinham de dinheiro emprestado que teria que ser devolvido com juros e iriam contribuir para manter o país na trajectória política em direcção ao abismo.

Mas já antes disso andei em muitas outras "guerras" políticas e pode crer que não foram para aumentar impostos ou gastos do estado. Mas no debate político as ideias devem valer por si e não pelo passado de quem as defende.

Carlos Albuquerque disse...

Gosto dos normandos e saxões. Agora veja a sua lista:

"* salário garantido;"

Na função pública? Então os cortes de 2011? E os de 2012 que o TC já "aceitou"?

"* emprego garantido;"

Faça o favor de explicar isso a todos os professores que vão para o desemprego já em Setembro!

"* serviços de saúde especiais;"

E sabia que pagamos mais por isso? E que isso fazia parte dos fringe benefits contratados?

"* mais dias de férias;"

Fazia parte do contrato.

"* aposentação mais cedo;"

Hoje não tem nada a ver com o que estava na lei quando a maioria dos funcionários foram contratados. E inclui penalizações de uma dimensão que não tem qualquer interesse.

E esquece-se dos congelamentos salariais que duram há praticamente uma década, com excepção de 2009?

Ou seja, os funcionários foram contratados com a promessa de "normandos" mas o que têm efectivamente há bastante tempo é uma situação de "saxões"!

Quem são os verdadeiros "normandos"? Quem é que em idade jovem já tem uma reforma milionária do Tribunal Constitucional? Qual é o ministro que segundo as notícias já está reformado? Quem são os que estão em cargos nomeados pelo estado ou pelos amigos do partido que ganham num mês o que a maioria dos funcionários não ganha num ano? Quem é que recebe salários do estado e recebe este ano subsídio de férias?

Há por aí muitos normandos mas não estão nos funcionários de carreira!

Carlos Albuquerque disse...

Finalmente, é notável como os privados que ganham muito e seriam potenciais contribuintes líquidos com uma taxação universal via IRS se escondem atrás dos desempregados do privado para não quererem contribuir!

Assim temos pessoas que ganham 50 000 euros por mês e que para não verem o seu IRS aumentado exigem que sejam funcionários que ganham 1000 euros por mês a pagar pelo seu "risco" de desemprego.

Carlos Albuquerque disse...

Finalmente o que os políticos da velha escola sabem e os de agora não querem ver é que estas brincadeiras com milhões de pessoas constituem uma verdadeira dívida que poderá que ter que ser paga com juros muito altos. Hoje é fácil subverter a mais elementar justiça e o contrato social que mantém este país unido pois isso rende uns milhões de euros. Amanhã a conta virá mas quem hoje está no poder espera ter a sua vida bem governada. E poderá sempre ir para Paris.

Não sei o que poderá acontecer mas a história mostra claramente que estas dívidas se pagam. E são caras.

CCz disse...

OK, acho que agora, só agora o começo a perceber...
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Fez-me recuar a mim em 1987 (num bote no meio do rio Douro, entre Miranda do Douro e a barragem espanhola de Salto de Castro) e fez-me recordar Kierkegaard.