domingo, novembro 20, 2011

Sacerdote não-praticante

O número de Setembro último do jornal da APICAPS pergunta a Daniel Bessa o que diferencia o sector do calçado. Como é que nos últimos 4 anos, com uma crise internacional pelo meio, um sector consegue crescer o triplo da média do país praticamente só à custa de exportações.
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Eis alguns excertos da resposta:
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"Na sua opinião, que mais-valias apresenta o sector de calçado para, num clima de forte concorrência, conseguir um desempenho relativo melhor do que a média dos sectores da economia portuguesa?
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Alguns anos atrás, na sede da APICCAPS, disse que o meu sonho era ver a indústria do calçado portuguesa atacar directamente os mercados italiano e espanhol, dois grandes mercados europeus onde se encontravam, então, e ainda se encontram (sobretudo em Itália) os nossos principais concorrentes. Por “atacar directamente” esses mercados queria significar “bater à porta dos clientes dos nossos concorrentes, dentro da sua própria casa, e dizer algo do género: aqui estamos nós, capazes de produzir tão bem ou melhor do que o seus actuais fornecedores, e mais baratos”. (Moi ici: Por mais tempo que passe... 2 falhas graves: 1ª Não rever os modelos mentais, não confrontar o que pensamos com a realidade; 2ª Mandar postas de pescada, a técnica portuguesa de não suportar o que afirmamos com números. Ora vejamos, World Footwear Yearbook 2011 Qual o preço médio? Um par de sapatos produzido em Portugal tem o preço médio de 29,65 USD. Qual o preço médio de um par de sapatos produzido em Espanha? 16,36 USD. Qual o preço médio de um par de sapatos produzido em Itália? 33,36 USD. O calçado português está a ganhar quota de mercado a Espanha e a Itália. Qual é o sonho da APICCAPS? Que dentro em breve Portugal tenha o preço mais elevado... como é que isso se relaciona com o "e mais baratos"? Não tem nada a ver com isso e Bessa não o percebeu há 6/7 anos e continua a não perceber. O truque não é a concentração no custo, o truque é a concentração no valor aos olhos do cliente)
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O ponto a que chegamos está muito perto de realizar este sonho, então perfeitamente descabido. Os ingredientes, foram os necessários, na dose necessária. Ambição. Estratégia, começando por questões
de posicionamento. Uma associação sectorial imparável e um centro tecnológico do que há de melhor no nosso País. Uma mão-de-obra competente e sacrificada (a quem, um dia destes, teremos de começar a pagar melhor, compartilhando o sucesso)." (Moi ici: O mesmo Daniel Bessa que diz isto é o mesmo que há dias disse que era preciso embaratecer a economia portuguesa... go figure)
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Nunca esquecer este "Para reflectir"
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Poucas coisas são piores do que um sacerdote de uma religião (inovação), continuar a servir a Cúria e, no entanto, não acreditar na mensagem que se prega.

1 comentário:

lookingforjohn disse...

Como a outra senhora de há dias e muitos outros, o Bessa foi proclamado sabichão pelo sistema e agora o mainstream pros&contrasiano só lhe exige que vocalize.
A esta exigência concreta e limitada junta-se a tendência natural para a preguiça e a engorda, a resultar nestas afirmações.
Não há pachorra, já pra não falar que chega a causar náuseas... :(