sexta-feira, julho 08, 2011

O exemplo da Nova Zelândia

Ontem ao final da tarde recebi este comentário:
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"Amigo, respeito muito o que diz e o que faz mas este país já está cansado de conversa.
Repetidamente saiem para o mercado de trabalho licenciados para dar cursos de formação, análises de mercado e afins... qualquer dia vão ter que se andar a avaliar uns aos outros.
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Precisamos é de ligar o TURBO na produção de bens transacionáveis de qualidade.
Sabe que na Nova Zelândia, 3.º lugar no IDH, mais de 70% de seus 12,5 bilhões de dólares de exportações, em 1998, eram provenientes de laticínios, do leite, da lã, da madeira, de carnes e peles?

E nós?
Saberemos aproveitar o que a natureza nos deu, a nossa riqueza natural?
Cumprimentos,"
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Ó meu amigo... tem ideia do exemplo que deu?
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É o exemplo mais anti-português que eu conheço!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
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Em Portugal quando se fala em agricultura fala-se de... funcionários públicos encapotados. Subsídios e mais subsídios, apoios e mais apoios, regras e mais regras...
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A Nova Zelândia passou pelo mesmo... e também como nós o país não aguentou esse Estado-cuco. Então, a Nova Zelândia teve a presença de espírito de fazer recuar o Estado de forma organizada.
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Pura e simplesmente acabou com os subsídios e apoios agrícolas!!!
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Confiou-se na livre iniciativa...
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Acha que em Portugal a agricultura está pronta para esse big-bang?
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Eu, pessoalmente estou preparado para esse desafio em toda a economia. Acompanha-me?

5 comentários:

Jonh disse...

Carlos, veja este pequeno trabalho do novo Secretário de Estado da Agricultura.

Será que irá conseguir implmentar as ideias defendidas antes de ser secretário de estado?

http://www.europe.canterbury.ac.nz/publications/pdf/Um%20outro%20olhar.pdf

CCz disse...

Obrigado John pela contribuição.
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Olhe que não concordo que ele defenda assim tanto o modelo da Nova Zelândia no texto.
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E repare, se o homem foi representante da CAP em Bruxelas... é um homem do sistema. Seria como nomear um representante da Big-Pharma para ministro da Saúde.
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"Numa das análises que tem feito sobre o sector, escreveu sobre o “sucesso” que aquele país atingiu, destacando como pontos positivos “a organização forte entre agricultores” e “a racionalização dos custos”, por exemplo. E concluiu que “estas estratégias poderiam ser úteis numa realidade como a nossa”, referindo-se ao caminho a percorrer por Portugal." (http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/06/28h.htm)
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Há o perigo das generalizações. O exemplo neo-zelandês funcionará para o leite que é um sector de escala. No entanto, acho que nós temos mais hipóteses nas culturas onde o custo não é o factor crítico, mas sim o clima, a rapidez, a proximidade, a frescura, o nicho.

Jonh disse...

Ainda não tive a oportunidade de ler o texto na íntegra, o que me chamou mais atenção foi o título "Agricultura sem subsídios".

Tem razão quando diz que o sucesso do leite não pode ser replicado a todas as culturas. Aliás, ainda esta semana, e vai ao encontro do que o Carlos tem defendido no blogue, vi umas duas ou três reportagens sobre os nichos de mercado, nomeadamente a cultura de uvas sem grainha.

CCz disse...

John um dia, vão ser produzidas uvas em que o subproduto será o sumo da uva. A casca e sobretudo as graínhas serão para produzir reveratrol e outros químicos milagreiros.
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Um dia, vão ser produzidas maçãs em que a parte mais valiosa será a pectina da casca.
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Um dia...

CCz disse...

Atenção, o facto de não termos grandes hipóteses em sectores de escala, não quer dizer que eu defenda subsídios. Subsídios são um veneno que afasta as organizações da lógica do serviço.