segunda-feira, outubro 11, 2010

Análises simplistas

Ricardo Reis no i de Sábado no artigo "É só contabilidade" escreve:
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"Nos últimos dias li outras notícias referindo um estudo segundo o qual a produtividade dos funcionários públicos é baixa, puxando a produtividade média do país para baixo. Não consegui encontrar o estudo, mas, como noticiada, esta afirmação é difícil de entender. A maioria dos trabalhadores do Estado são professores, militares, funcionários da administração central, enfermeiros e médicos. Uma característica dos bens que eles produzem é não terem um mercado ou preço que nos permita contabilizar as suas receitas (para efeitos de contabilidade nacional, ainda se trata o produto de uma escola pública como diferente do de uma escola privada).
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Ora sem haver um registo de vendas não é possível medir o produto destes trabalhadores. A convenção contabilística é que o produto seja apenas igual aos custos. Por outras palavras, convencionou-se (por conservadorismo) assumir que o valor acrescentado por estas actividades públicas é zero. (Moi ici: Basta recordar a equação da produtividade) Logo, por definição contabilística, a produtividade destes trabalhadores é zero. É zero hoje, é zero amanhã, e o seu crescimento é zero sempre. Não porque estes portugueses não prestem um serviço útil ou não criem riqueza e bem-estar bem reais. É só contabilidade."
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Este texto veio ao encontro de alguma incomodidade que senti na leitura de "Banco central culpa função pública por fraca produtividade do país".
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É uma análise muito simplista, sobretudo recordando este clássico "Making Portugal competitive"

3 comentários:

Jonh disse...

Mas se a produtividade dos funcionários públicos não conta, quer eles produzam muito ou pouco o impacto será o mesmo, salvo nas despesas por eles consumidas, via remunerações.

CCz disse...

Hi John,
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Para mim, o principal problema da Administração Pública é ela ser demasiado cara para a nossa sociedade portuguesa.
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A administração pública tem de ser paga pela sociedade privada. Se a produtividade da sociedade privada é baixa e se a Administração Pública (AP) é, proporcionalmente, cara, mais rendimento libertado pela sociedade privada tem de ser recolhido e desviado para suportar a AP. Assim, a AP torna-se um peso extraordinário que vai emperrando a criação de riqueza pela sociedade privada. É a clássica imagem do cuco no ninho a viver à custa do verdelhão.
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E numa altura em que precisamos é de iniciativa privada... esta é cada vez mais arriscada por que o retorno é cada vez mais impostado e há cada vez mais barreiras legais à entrada de novos agentes.
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Como alguém escreveu, um dia, brilhantemente no JdN: "Somos um país de incumbentes"

Jonh disse...

Sim, concordo plenamente. Com uma Admnistração Pública demasiado pesada, ainda por cima num país com fraca taxa de produtividade, os sectores privados sã obrigados a libertar mais recursos financeiros para suportar a AP.

Por isso mesmo, assisto a esta guerra do "Estado Social" dos partidos com enorme desgosto. O Estado Social já não é um caso de se defender ou não, mas é sobretudo um caso de dinheiro, neste caso da falta dele.