segunda-feira, setembro 05, 2016

Para mim não é um problema de exportações

"A economia portuguesa não vive tempos extraordinários. Está estagnada desde o ano 2000, na sequência de um processo iniciado pelo menos cinco anos antes. Precisa de competitividade, para poder beneficiar de uma procura que, nos mercados externos, à nossa escala, se afigura como infinita – não nos falta procura, faltando-nos, isso sim, competitividade para poder satisfazer a procura existente. Precisa de investimento, para poder tornar-se competitiva. O consumo há-de vir por acréscimo, em resultado dos rendimentos gerados pela exportação, esperando-se que encontre uma economia suficientemente competitiva para poder satisfazê-lo – sem o que redundará em importações. Tentar, por via política, fazer crescer a economia puxando pelo consumo, privado e público, se a economia não for competitiva, redundará em importações, e a economia não crescerá."
Leio estas palavras de Daniel Bessa em "A estratégia económica do Governo está a falhar? Quatro economistas respondem" e interrogo-me.
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Não tenho certezas, tenho muitas dúvidas mesmo.
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Será que temos um problema de competitividade mesmo? A maioria das empresas que decide exportar consegue exportar. Basta recordar aquela comparação de "Façam as contas comigo" que nenhum inimigo figadal do euro ousa abordar:
Dentro da zona euro, entre 2002-2014 o crescimento das nossas exportações só é batido marginalmente pela Alemanha.
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IMHO o problema da economia portuguesa não é a competitividade do sector exportador, o problema é a dimensão do sector não-transaccionável e a falta de concorrência interna.
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Os números daquela tabela são imbatíveis, não temos um problema de competitividade, temos é demasiados recursos prisioneiros de um sector não-transaccionável pouco competitivo, pouco eficiente e demasiado rentista. Basta recuperar as notícias do último mês sobre o leite, desde as manifestações de rua até à loucura de um ministro do sector com pensamento-chavista.

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