domingo, julho 15, 2012

E nesta altura do campeonato, ainda têm 400 mil euros a poupar na boa? Quanto mais haverá?

Um livro que costumo citar com alguma frequência, quer nas minhas acções de formação, quer nas sessões de reflexão estratégica que animo, é este:
"Only the Paranoid Survive"
 Não, não falo de pessoas paranóicas, falo de organizações paranóicas.
.
Organizações paranóicas são organizações que percebem e interiorizam para quem trabalham, por que existem e, depois, trabalham afincadamente, sem desânimo, sem pararem, paranoicamente, a transformarem-se em máquinas especializadas em satisfazer a sua missão, satisfazendo os clientes-alvo para quem trabalham.
.
Imaginem uma empresa pública que realiza transportes públicos... quem são os seus clientes-alvo?
.
Os passageiros serão clientes-alvo, sem passageiros a empresa não tem razão de existir.
.
O dinheiro dos passageiros chega para sustentar a empresa? Não! De onde vem o resto? Do orçamento do estado.
.
OK! Então, outro cliente-alvo é a tutela que fornece o dinheiro.
.
Se pensarmos no que satisfaz os clientes-alvo: passageiros, pensaremos em coisas como: preço; segurança; frequência; horários; limpeza; comodidade; ...
.
Se pensarmos no que satisfaz o cliente-alvo: tutela, pensaremos em duas coisas essenciais: cumprir o orçamento e insatisfação dos utilizadores (que também são eleitores e, por isso, podem influenciar o destino de quem ocupa os cargos na tutela).
.
O negócio do transporte público realizado por uma empresa pública é um negócio que tem de apostar tudo na eficiência...
.
Numa empresa em que se aposta tudo na eficiência, tem de se ser paranóico numa coisa... cortar nos custos, limitado apenas pelo nível de insatisfação que esses cortes possam gerar.
.
Grande parte do meu trabalho nas empresas é este de as levar a identificar os seus clientes-alvo e de as ajudar a concentrarem-se na mudança necessária para que se transformem nessas máquinas paranóicas, capazes de servirem e satisfazerem clientes-alvo com uma vantagem competitiva.
.
O esforço não se faz de uma vez, o esforço é para toda a vida, iteração atrás de iteração vai-se descobrindo algo novo que pode ser aplicado ao modelo e melhorar o desempenho da organização.
.
Escrevo isto por causa deste título de jornal: "Transtejo vai reduzir velocidade a partir de 15 de julho para economizar 400 mil euros ao ano", onde se pode ler:
"Segundo Isa Lopes, a medida "em nada vai afectar" a mobilidade dos passageiros, mas a empresa admite que o tempo da viagem vai aumentar."
 Se a medida "em nada vai afectar" a mobilidade dos passageiros e se vai reduzir os custos, pergunto: Por que não foi tomada à mais tempo? 400 mil euros por ano é dinheiro...
.
Uma empresa paranóica procura estar sempre à frente da onda... um conselho sério para as empresas como a Transtejo, façam um value stream mapping com alguém que perceba mesmo do assunto e, depois, pasmem com o quanto poderão poupar ainda.

3 comentários:

ups disse...

Não percebo é a ligacao entre "Não afecta a mobilidade" mas "o tempo de viagem vai aumentar". Ora, se o tempo de viagem aumenta, claro que afecta a mobilidade!

CCz disse...

Quase que aposto que uma coisa é o conceito de mobilidade usado pelos humanos no dia-adia, outra será o conceito de mobilidade usado pelas empresas de transporte. Certamente, será um conceito estabelecido por algum decreto-lei ou norma.
.
De qualquer maneira, visto de fora, visto da província, mais 5 minutos fora das horar de ponta não me parece extraordinário ou penoso para os clientes.

CCz disse...

BTW, não sou especialista em value stream mapping, só sei dar uns toques