quinta-feira, junho 21, 2012

Pessoas que teimam em não aprender

Há pessoas que teimam em não aprender. Entrevista de António Saraiva, presidente da CIP, ao DE, ""Só o incremento das exportações permite conceber um futuro":
"“Vencer nos mercados implica, em primeiro lugar, ir à procura desses mesmos mercados, apostar neles, aproveitar as oportunidades que encerram. Este é um esforço que, visivelmente, as nossas empresas estão a fazer. Mas o sucesso implica também maior competitividade, adequando a evolução dos custos aos ganhos na produtividade. No curto prazo, a contenção de custos é incontornável. Por isso a nossa insistência na redução da taxa social única, …”
Como se o preço mais baixo fosse o modelo mais recomendado para o aumento das exportações portuguesas...
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Cá vai um exemplo dos nossos vizinhos ibéricos, "Las exportaciones textiles suben en abril y recortan un 44% el déficit exterior":
"En lo que va de año, textil, confección y calzado acumulan aumentos de sus exportaciones del 7,6%, del 10,6% y del 2,1%, respectivamente."
 Como é que os custos espanhóis se comparam com os custos portugueses?
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Não são os custos... para custos, existe a China, a Malásia, o Bangladesh, o Paquistão, ... é a diferença.
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Um extremo "El lujo español crecerá un 14% en 2012 por el turismo y las exportaciones"

3 comentários:

Joaquim Amado Lopes disse...

Concordo totalmente com a mensagem subjacente à maioria dos posts publicados neste blog de que a aposta das empresas deve ser na subida na escala de valor, através da inovação e exigência constantes em termos de novos produtos, design, materiais utilizados, métodos de produção, mercados e canais de promoção e distribuição.
Mas esse é um processo que exige mais do que trabalho e saber o que se está a fazer. Exige formação e investimento, o que significa tempo e dinheiro. Não tem efeitos imediatos.

Assim e numa conjuntura de contração do mercado, tudo o que as empresas possam fazer para tornar os seus produtos mais atractivos com efeitos imediatos ajuda a vender mais. E o preço, ao contrário do que este e muitos outros artigos publicados neste blog parecem querer transmitir, é e será sempre um factor.

Isto não significa tentar apresentar os preços mais baixos do mercado (não foi isso que António Saraiva defendeu) mas apenas que, excepto em produtos muito específicos, preços mais baixos ajudam as vendas.
Não tenho opinião formada sobre a redução da taxa social única mas o que António Saraiva disse sobre a redução de custos é uma evidência, até porque fez questão de salientar que se referia ao curto prazo.

Partir de "o focus deve estar na subida na escala de valor" para concluir que "não se devem reduzir os preços dos produtos" não faz sentido.

Joaquim Amado Lopes disse...

Concordo totalmente com a mensagem subjacente à maioria dos posts publicados neste blog de que a aposta das empresas deve ser na subida na escala de valor, através da inovação e exigência constantes em termos de novos produtos, design, materiais utilizados, métodos de produção, mercados e canais de promoção e distribuição.
Mas esse é um processo que exige mais do que trabalho e saber o que se está a fazer. Exige formação e investimento, o que significa tempo e dinheiro. Não tem efeitos imediatos.

Assim e numa conjuntura de contração do mercado, tudo o que as empresas possam fazer para tornar os seus produtos mais atractivos com efeitos imediatos ajuda a vender mais. E o preço, ao contrário do que este e muitos outros artigos publicados neste blog parecem querer transmitir, é e será sempre um factor.

Isto não significa tentar apresentar os preços mais baixos do mercado (não foi isso que António Saraiva defendeu) mas apenas que, excepto em produtos muito específicos, preços mais baixos ajudam as vendas.
Não tenho opinião formada sobre a redução da taxa social única mas o que António Saraiva disse sobre a redução de custos é uma evidência, até porque fez questão de salientar que se referia ao curto prazo.

Partir de "o focus deve estar na subida na escala de valor" para concluir que "não se devem reduzir os preços dos produtos" não faz sentido.

CCz disse...

Obrigado pelo comentário caro Joaquim.
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Só algumas notas para sustentar melhor a minha opinião:
1.Ele está a falar de exportações;
2.Se uma empresa aposta na subida na escala de valor, vai ter, tem de ter, custos superiores. Se quiser subir na escala de valor e, ao mesmo tempo competir pelo preço, algures vai ficar num campeonato do meio-termo que não a leva a lado nenhum (stuck-in-the-middle). Ver por favor a figura do postal que publico hoje, ou se é bom numa coisa, ou se é bom noutra. Se me fala de uma baixa táctica para ganhar um negócio em particular, dentro de um dado escalão de preço, ok, quase todas as empresas fazem isso. Aqui refiro-me aos escalões de preço. Uma coisa é intra-escalão de preço, outra é inter-escalão de preço.
3.O mindset para o campeonato do preço e o mindset para o campeonato do valor não são semelhantes.
4.Competir nos preços para exportação, quando não se está preparado para isso, leva a estas situações http://balancedscorecard.blogspot.com/2011/12/curiosidade.html como explicar que uma empresaa que exporta mais de 60% da sua produção não consegue pagar o gás?
5.Se reparar este é o discurso de António Saraiva há vários anos. Compare com o discurso da APICCAPS, a tónica está sempre no apelo aos empresários para serem as empresas a conquistar um futuro e não esperar benesses dos governos.
6.Por favor não confundir o que defendo com simpatia por impostos altos, veja os números das exportações espanholas... cada vez me convenço mais de que o problema não é a competitividade, o problema são Estados demasiado grandes e pesados que impostam demasiado (estão a tornar-se parasitas estúpidos... ou já o são) e políticos que deturparam o normal funcionamento da economia com uma década de orgia despesista que criou uma procura artificial e insustentável de actividades não transaccionáveis.