sábado, setembro 10, 2011

Race-to-the-top, not race-to-the-bottom

Do relatório publicado ontem pelo INE "Comércio Internacional-Saídas aumentam 14,9% e Entradas 0,2% - Julho de 2011" retirei duas figuras da secção "Evolução dos Produtos dos Sectores Industriais Tradicionais na Saída de Bens 1993-2011"
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Uma sobre o têxtil:
 E outra sobre o sector onde se inclui o calçado:
Relativamente ao calçado acrescento esta tabela:
retirada da Monografia Estatística da APICCAPS 2011.
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E façam a comparação entre 1994 e 2010:

  • a mão-de-obra hoje é cerca de 55% do que era;
  • a quantidade produzida em pares é cerca de 56% do que era;
  • a facturação hoje é cerca de 85% do que era
O mesmo deve ter acontecido no sector têxtil...
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Comparar a facturação de hoje com a de há 15 anos e perceber o que mudou na quantidade de gente empregada, e no valor acrescentado das peças produzidas, permite ter uma ideia do aumento da complexidade dos bens produzidos (ainda que o mainstream reclame redução de custos para exportar mais).
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Os dois gráficos permitem comparar o volume de exportações de hoje com o do passado.
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Claro, quando um modelo de negócio bate certo e começa a ser percebido o truque o crescimento começa a acelerar e: "Um dos problemas do sector, actualmente, é a falta de mão de obra. O porta-voz da Apiccaps, associação que representa o sector, diz que a pouca atractividade é um problema geral da indústria e reconhece que, em Novembro, o ramo do calçado vai precisar de mais 1.500 trabalhadores."
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BTW, cá está o "World Footwear 2011 Yearbook" (curiosidade: a Alemanha ainda fabrica cerca de 30 milhões de pares de sapatos por ano - Portugal fabrica 60 milhões - preços médios 41 vs 29 USD)
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Lição: A solução não é enveredar por uma race-to-the-bottom para competir com a China, a lição é apostar numa race-to-the-top em busca de produções com maior complexidade, mais operant resources incorporados, com maior valor acrescentado potencial.

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