terça-feira, junho 06, 2006

Os nossos tabus e o mainstream anglo-saxónico

É interessante notar que enquanto os nossos políticos discutem e discutem, os nossos jornalistas e comentadores discutem e discutem, o mundo avança, e aquilo que para nós é tabu, para outros povos já faz parte do mainstream.

Há dias a consultar a prateleira dos livros de gestão de uma livraria Bertrand, encontrei este livro… pensamento sistémico, esta matéria devia fazer parte do currículo do secundário!




Acabei por não comprar o livro, mas não resisti a fotografar a figura 2.14 sobre a dinâmica do sistema do Welfare que apresento a seguir já traduzida.

clickar na imagem para ampliar


Ciclo esverdeado: mais welfare torna necessário aumentar os impostos; o que leva as empresas a irem-se embora; o que reduz a base para a cobrança de impostos; o que obriga a recolher mais dinheiro; o que leva a aumentar os impostos outra vez, e aí vamos nós em direcção a um novo ciclo de aperto.
Ciclo laranja: mais welfare reduz os incentivos para trabalhar ( basta recordar); o que leva a um aumento do desemprego, o que leva ao aumento dos custos, o que obriga a recolher mais dinheiro; o que leva a aumentar os impostos outra vez, o que leva as empresas a irem-se embora e a aumentar o desemprego, e aí vamos nós em direcção a um novo ciclo de aperto.


Falta de formação?

Um consumidor é um ser especial, eu sei que o conteúdo desta garrafa é igual ao da garrafa ao lado, no entanto, se quisesse comprar vinho do Porto desta marca, nunca levaria esta garrafa para casa, como eu, assim agirá a maioria dos consumidores. Tudo leva a crer que a garrafa foi colocada já manchada na embalagem de madeira… falta de cuidado, falta de formação, desperdício do espaço de prateleira, pois a garrafa não se vai vender e o hipermercado, mais tarde ou mais cedo, vai abatê-la e cobrar o “imposto revolucionário” ao engarrafador. Contudo, se se tivesse enviado a garrafa para trás antes de a colocar na caixa… era só trocar o rótulo.

segunda-feira, junho 05, 2006

Se os políticos seguissem as normas ISO para sistemas de gestão...

Se os políticos que criam os: “Plano Nacional de Leitura”; “Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação”; ou “Estratégia Nacional para o Oceano” seguissem as indicações das normas internacionais para sistemas de gestão da qualidade (ISO 9001:2000), ou sistemas de gestão ambiental (ISO 14001:2004), trabalhariam desta forma:

  • Os políticos definiriam prioridades; assuntos, tópicos a merecer uma especial atenção. Por exemplo: aumentar os níveis de leitura entre os jovens, combater a desertificação, aumentar o valor acrescentado do Mar na economia portuguesa. Esta etapa corresponde, nos sistemas de gestão ISO, às afirmações feitas numa política da qualidade, ou do ambiente.
  • De seguida, e em coerência, os políticos definiriam objectivos e metas decorrentes das prioridadades eleitas, ou seja descreveriam o cenário futuro desejado e fariam a comparação com a situação actual. Isto corresponde nas ISO, aos objectivos da qualidade, ou do ambiente. É muito raro ver isto na política, só que isto faz toda a diferença! Só quando se definem objectivos e metas é que se pode avaliar a eficácia dos esforços entretanto desenvolvidos. Sem objectivos e metas fica tudo em águas mornas, nunca se conseguirá avaliar nada de concreto. Por exemplo no “Programa de Acção Nacional de Combate à Desertificação” que se pode aceder aqui, somos rapidamente atraídos por link para “Objectivos”. Abre-se o link e… aparece-nos a designação “Objectivos estratégicos” que lista cinco objectivos estratégicos. Um deles é, por exemplo: “Fixação da população activa nas zonas rurais”, depois seguem-se objectivos específicos, por exemplo:”Desenvolvimento regional, rural e local, como factor determinante da fixação das populações nas regiões mais susceptíveis à desertificação e à seca, e da diminuição das pressões humanas sobre as zonas mais densamente povoadas”. Palavras, palavras, metas? Nem uma! Fazem lembrar os exemplos negativos que apresento aos alunos de Engª do Ambiente na página 4 deste ficheiro. Verdadeiros objectivos e metas, SMART (specific, measurable, attainable, responsible & time framed) aparecem no acetato do canto superior esquerdo da página 5 do referido ficheiro. Com objectivos e metas deste tipo, no final do prazo estabelecido, podemos traçar uma linha “na praia” e avaliar de forma clara e inequívoca, se os cumprimos ou não!
  • Então, uma vez estabelecidos objectivos e metas, e só depois de estabelecidos os objectivos e metas. Os políticos podem ainda, estabelecer orientações ou restrições, para depois dar a palavra aos técnicos. Os técnicos têm de estudar a realidade actual, compará-la com o cenário futuro “imposto” pelos políticos, e desenhar os programas, os projectos, as acções a desenvolver, para transformar a realidade actual na realidade futura desejada. Perante propostas técnicas, os políticos aprovam-nas e financiam-nas ou não. Na ISO 9001 isto corresponde à cláusula 5.4.2, planear o sistema que produzirá os objectivos e metas (estabelecidos na cláusula 5.4.1). Na ISO 14001 isto corresponde aos programas incluídos na cláusula 4.3.3
  • Assim, é possível monitorizar o desenvolvimento dos programas e os seus resultados. À cabeça colocamos o desafio, periodicamente acompanhamos a evolução das tarefas previstas nos programas, para monitorizar a utilização dos recursos e prevenir eventuais derrapagens; e acompanhamos a convergência ou não, para os resultados futuros desejados.

Sem esta metodologia, a monitorização só pode ficar pelo acompanhamento dos programas, avaliar se existem derrapagens ou não e, fazer figas, e esperar que tudo corra bem. Mas não há qualquer cenário futuro descrito. Assim, mesmo que haja dinheiro para implementar tudo, não somos hoje capazes de dizer como vamos reconhecer o sucesso, se o conseguirmos alcançar.

domingo, junho 04, 2006

Para que serve a escola?

Deste post retirei estes três parágrafos:
Agora - e a propósito da avaliação dos professores - há uma interrogação cuja resposta julgo ser prévia, devendo ser vista como pressuposto para escolhermos um concreto modelo de avaliação: para que serve a Escola?

Claro que aqui, desde logo e sem dúvida, faria todo o sentido, em primeiro lugar, a resposta ser dada não pela Escola (leia-se, pelos professores das nossas escolas e do nosso sistema de ensino), mas pela sociedade, por todos nós, seus clientes (leia-se, desde logo, pelos pais e pelos alunos)!

É que se os clientes (leia-se, a sociedade...todos nós) esperamos coisas diferentes daquelas que se convencionou e instituiu (instituiu como?) para a Escola actual, então, logicamente que qualquer avaliação dos professores que temos (designadamente, pelos pais e pelos alunos) será errónea, conduzindo-nos a um "diálogo de surdos"!

Como é que o Balanced Scorecard pode dar uma ajuda nestes casos?

Para organizações com fins lucrativos, o teste do ácido quanto ao sucesso da estratégia escolhida e executada, é avaliado através dos resultados financeiros. Se uma organização com fins lucrativos não dá dinheiro, tem de ser terminada, mais cedo ou mais tarde.

Para organizações sem fins lucrativos, como a escola pública, os resultados financeiros não são a métrica adequada, porque em boa verdade não são resultados, são meios obtidos à custa de um orçamento. Para organizações sem fins lucrativos, como a escola pública, tudo começa com uma questão parecida com a colocada no post acima, não tanto “para que serve a Escola?” mas antes “Qual a missão da Escola?”.

Ao responder a uma questão deste tipo, como dizia Drucker, como escreve Magretta, somos obrigados a adquirir uma perspectiva de fora-para-dentro, ao contrário de uma família ou de uma tribo, uma organização como a Escola só existe para prestar serviços a entidades que lhe são exteriores: as famílias (os pais e os filhos (alunos)), as comunidades locais onde estão inseridas e os futuros empregadores).

Assim, ao responder à questão “Qual a missão da Escola?” há que ter em conta o que espera cada uma destas entidades, e o Balanced Scorecard pode ser útil porque, logo aqui, podem existir “exigências” contraditórias entre o que o cliente… não, cliente não, melhor o stakeholder (parte interessada não é tão forte quanto stakeholder) família e o stakeholder futuros empregadores podem esperar da Escola. Outras exigências serão comuns, por exemplo quer o stakeholder família, quer o stakeholder comunidade local, querem segurança para os alunos.

Então, no topo dum Balanced Scorecard, colocaremos um conjunto de indicadores (1) que permitirão medir directamente o grau de cumprimento da missão da Escola (% de alunos que não abandonam o ensino, posição da escola num rating,…)

Se a escola cumprir a sua Missão, o que dirão os diferentes stakeholders? É possível transformar esses tópicos em indicadores? Será pois, um outro conjunto de indicadores (2).

Para que os stakeholders fiquem satisfeitos, e dado que não há acidentes, há que desenvolver e operar processos internos de forma adequada a produzir a satisfação dos stakeholders. Num outro país que não o nosso, entre esses processos poderiam estar os relacionados com: a selecção, acolhimento e avaliação de professores; a segurança e a disciplina na escola, a saúde dos intervenientes na escola, acolhimento e acompanhamento dos alunos, participação dos pais e comunidade, instalações adequadas e bem mantidas,… às actividades chave seleccionadas poderíamos associar indicadores de desempenho, o conjunto (3).

Processos internos excelentes são fruto de colaboradores formados e motivados, de infra-estruturas adequadas e de uma cultura coerente com a missão. Aqui poderíamos ter indicadores, o conjunto (4), que permitissem medir: o grau de competência dos colaboradores e o seu grau de satisfação; a adequação das instalações e infra-estruturas.

Toda a estrutura da Escola terá de ser alicerçada num adequado orçamento, bem concebido e melhor cumprido, ou seja, ao contrário das organizações com fins lucrativos, a perspectiva na base do Balanced Scorecard é a perspectiva financeira, com os seus indicadores respectivos (5).

A figura que se segue foi adaptada daqui

Quando se fala da Escola será útil recordar o que Alvin Toffler escreveu no seu livro “A Terceira vaga”, na minha versão americana de 1980 o texto com o subtítulo “The covert curriculum” na página 45, coloca sub-repticiamente a questão sobre qual a escola adequada à sociedade do futuro, uma sociedade sem necessidade de exércitos de milhões de operários que executam tarefas repetitivas e que em vez de ordem, respeitinho e padrões para tudo, precisa é de inovação, é de quem arrisque, é de diferença.

sexta-feira, junho 02, 2006

Mais uma razão para o regresso dos clientes?

Embora conheça pelo menos um caso destes com um subcontratado português, esta pode ser mais uma razão para o regresso dos clientes tratado aqui, aqui e aqui.

Programas versus Objectivos e metas (II)

Plano Nacional de Leitura: Que resultados se pretendem atingir com este plano? A senhora ministra da Cultura diz que se trata de um plano para ser avaliado, a nível de resultados, dentro de dez anos.

Como poderemos avaliar e saber se o plano foi eficaz? Que resultados são esperados? Que resultados são desejados?

Este despacho que cria a equipa de coordenação do plano nacional de leitura nada diz sobre os resultados pretendidos.

Um plano é sempre instrumental, um conjunto de acções destinadas a transformar a realidade actual e criar uma nova realidade capaz de gerar os resultados futuros desejados.

Os políticos têm tendência a confundir um conjunto de acções por objectivos, assim, nunca estaremos em condições de avaliar se o esforço foi eficaz ou não, porque nunca descrevemos onde queremos chegar.

O sucesso dum plano não é o cumprimento das acções previstas num cronograma, o sucesso é a convergência para objectivos e metas claros e transparentes, elegidos e comunicados à partida. É assim tão difícil de perceber que assim nunca iremos lá?
Esperemos pelo dia 4 de Junho, talvez aí se conheçam os objectivos e metas, antes de apresentação do programa.

quinta-feira, junho 01, 2006

A virtude do contraditório

Porque é que a RTP não convidou este senhor, para o último Prós e Contras?

Já que tem números diferentes de Medina Carreira seria útil ouvir e ver a sua explanação, e permitir, assim, algum contraditório.

O que pode correr mal no uso do BSC

Alguns problemas mais comuns que se podem manifestar com o uso do BSC.

quarta-feira, maio 31, 2006

Fauna urbana


Este lagarto de tamanho interessante, basta comparar com o tamanho das pedras da calçada portuguesa, estava tão entretido a apreciar os raios solares que não fugiu, apesar de me ter aproximado e aproximado.

Alvíssaras

Dão-se alvíssaras a quem indicar uma fonte para obter estudo.

E já agora, e quando os chineses entrarem no mercado neste sector? A que preço sairá um eventual contratipo do Opel Combo?

Adenda: Será que o ministro já teve acesso ao estudo? Será que já comparou as tais diferenças entre Azambuja e Saragoça? Um relatório deste tipo será feito mais para pressionar trabalhadores? Ou para pressionar ministros?

E o que é que a fábrica da Azambuja tem que:
  • a fábrica xxxx em Vale de Cambra não tem;
  • a fábrica yyyy em Alvaiázere não tem;
  • a fábrica aaaa em Ovar não tem;
  • a fábrica bbbb em Loulé não tem;
  • ...
para merecer tratamento VIP?

Qual é a taxa de desemprego?

Presidente da Republica - "E há empresários turísticos que dizem da dificuldade de encontrar pessoas para desempenhar certas tarefas. Houve um autarca que contou como estavam a ultrapassar as dificuldades: com estrangeiros. Há uma autarquia que tem dois mil ucranianos e romenos.

DN - Qual é a autarquia?

PR - Não queria expor isso aqui. É uma autarquia do Baixo Alentejo.

"Cavaco quer repensar política de imigração" in DN, 31.05.2006

Competitividade a sério!!!

Enquanto acordo, e constato que a notícia de abertura do noticiário da Antena 1, é mais uma greve para chamar a atenção do governo para a necessidade de mais subsidios estatais, agora dos pescadores (acham insuficiente pagar o gasóleo com um desconto de 42%).

Recordo-me que se trata de um sector, sediado num país com centenas de quilómetros de costa, e que não consegue dominar o circuito logístico do seu mercado doméstico, e que não consegue ser competitivo.

Em pararelo no mundo competitivo real actual são possíveis estas maravilhas de logística.

Local: uma loja da rede Lidl, algures no centro de Portugal.

Facto: cebolas produzidas no outro lado do mundo e "down under" entregues em boas condições e a preços competitivos nesta velha Europa.
Adenda: Ao ouvir um representante do sector, no noticiário das 8 da manhã, fica-se com a impressão de que o gasóleo só aumenta de preço para os pescadores portugueses.

terça-feira, maio 30, 2006

É um delírio...

Ontem vi e ouvi o debate do Prós e Contras onde Medina Carreira apresentava números e se falava do peso do jugo fiscal.

Hoje verifico que o delírio continua. "CGTP propõe mais impostos"
Por cá, e claro, em França!

E os pais?

Não se esqueça do papel dos pais!

Aula 6 - Gestão ambiental

Para o 4º ano de Engenharia do Ambiente da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto.

Os acetatos da aula podem ser encontrados aqui.

Para o exame basta estudar os acetatos, a norma ISO 14001, e estar atento aos exercícios realizados nas aulas.

segunda-feira, maio 29, 2006

Limitações no uso da ISO 9001:2000 (IV)

Qualquer dia alguém acorda e descobre que para muitas organizações, a certificação dos seus sistemas de gestão da qualidade segundo os requisitos decorrentes da norma ISO 9001, pouco ou nenhum valor traz.

Quantas organizações certificadas aplicam, praticam o princípio de gestão da qualidade:

  • Abordagem à tomada de decisões baseada em factos? (As decisões eficazes são baseadas na análise de dados e de informações);
  • Melhoria contínua? (Convém que a melhoria contínua do desempenho global de uma organização seja um objectivo permanente dessa organização);
  • Abordagem por processos? (Um resultado desejado é atingido de forma mais eficiente quando as actividades e os recursos associados são geridos como um processo);
  • Abordagem da gestão como um sistema? (Identificar, compreender e gerir processos interrelacionados como um sistema, contribui para que a organização atinja os seus objectivos com eficácia e eficiência).

Atentemos neste pequeno exemplo:

Uma empresa certificada tinha como um dos seus objectivos da qualidade: “atingir um grau de satisfação dos clientes de 90%”

Os valores obtidos para o grau de satisfação dos clientes, ao longo dos últimos anos, foram:

A consulta da acta da reunião de revisão do sistema, onde se analisaram os resultados do último inquérito enviado, revelou a seguinte conclusão: “Após discussão sobre o objectivo proposto para este indicador(90%), chegamos à conclusão que este é muito ambicioso para o tipo de cálculos efectuados. Decidiu-se arranjar uma nova forma de calcular o algoritmo, efectuando simulações para alterar as ponderações.”

Há quatro anos consecutivos que a meta não é atingida, e o melhor que esta empresa consegue é desistir de atingir 90%, segundo os critérios actuais, e alterar a forma de cálculo para atingir valores mais elevados.

Até parece que o mundo estaria bem se o resultado obtido fosse um grau de satisfação de 90%. A finalidade do processo de obter feedback dos clientes sobre o desempenho da organização não é concluir que somos bons e que o clientes nos incensei-a, o propósito é identificar e implementar melhorias na óptica dos clientes.

Esta postura por parte das empresa faz lembrar esta citação de Peter Senge retirado livro “The Fifth Discipline” (página 150):

“… the gap between vision and current reality is also a source of energy. If there was no gap, there would be no need for any action to move toward the vision. Indeed, the gap is the source of creative energy. We call this gap creative tension.

Imagine a rubber band, stretched between your vision and current reality. When stretched, the rubber band creates tension, representing the tension between vision and current reality. What does tension seek? Resolution or release. There are only two possible ways for the tension to resolve itself: pull reality toward the vision or pull the vision toward the reality. Which occurs will depend on whether we hold steady to the vision.”

A empresa do exemplo parece estar a optar por relaxar a sua bitola!

Não existem empresas perfeitas, existem sim organizações que se querem aperfeiçoar, e que por isso, recorrem ao ponto de vista dos clientes, para detectar oportunidades de melhoria. Assim, quando no final de um processo de avaliação da opinião dos clientes não se detectam oportunidades de melhoria na óptica dos clientes, perde-se uma oportunidade de encontrar oportunidades de melhoria.

Apresentemos um pequeno exemplo de como se pode fazer a ponte entre:

  • Metas para o grau de satisfação dos clientes;
  • Resultados do inquérito de avaliação da opinião dos clientes;
  • Modelo do funcionamento de uma organização baseado na abordagem por processos; e
  • Melhoria contínua.

O objectivo é: atingir um grau de satisfação dos clientes de 90%

O que concluir da análise das respostas dos inquéritos?

Quais os pontos fracos?

Onde actuar para melhorar o desempenho?

Qual a combinação mínima necessária para atingir 90%? Ou seja, qual a lacuna que é preciso vencer?

Esta figura simula as respostas a um inquérito com 6 questões, avaliadas numa escala de 1 a 4, em duas dimensões: satisfação e importância:

Assim, se conclui que o desempenho actual (59%) está bem longe dos desejados 90%. O que fazer?

Para atingir 90%, e admitindo que a pontuação da importância se mantém, a pontuação média-alvo é de 3,70, bem longe dos actuais 2,76.

Para responder à questão “O que fazer?” vamos começar pelo fim, vamos simular um estado futuro em que os clientes estão muito mais satisfeitos.

Na coluna da satisfação os círculos azuis representam pontuações melhoradas face ao resultado actual, enquanto que os círculos vermelhos representam pontuações sobre as quais não vamos actuar deliberadamente.

Em muitas empresas falta dar este salto, visualizar um estado futuro desejado, para perceber de forma mais clara e precisa onde temos de actuar.

Agora, há que interceptar os parâmetros a, b, d (onde decidimos melhorar) com o modelo da organização baseado na abordagem por processos, para identificar os processos onde temos de actuar. Por exemplo: se os clientes se queixam da morosidade da operação de carga, temos de actuar sobre o processo de expedição.

domingo, maio 28, 2006

A propósito do Investimento Directo Estrangeiro

Esta leitura fez-me recordar a apresentação, a que assisti em Junho de 2004 no âmbito do European Balanced Scorecard Summit, do senhor Julian Taylor, sobre a aplicação do Balanced Scorecard na Scottish Enterprise, o equivalente para a Escócia da API portuguesa.

São dois mundos tão diferentes!

Adenda: aqui e aqui

Mudança e mercado...

O último ano e meio tem sido estonteante para o sector da farmácia. Cada vez mais faz sentido o uso de uma ferramenta como o Balanced Scorecard.

quinta-feira, maio 25, 2006

O regresso dos clientes (III)

Hoje é o DN que refere o tema aqui.

"Estamos a assistir a um regresso dos clientes da China mas também a ser alternativa à produção em Itália, que está a subcontratar fora. É bom para nós, não é pecado sermos subcontratados", afirma Amorim Alves da Anivec."

Realmente não é pecado ser subcontratado, mas se o grosso da facturação passar por essa opção, é preciso ter sempre em mente que se pode estar só a vender minutos e portanto sempre dependente de outros. Por outro lado, pode-se ser subcontratado e usar isso como alavanca, para subir na escala de criação de valor acrescentado. Por exemplo, arranjando intervenientes deste lado, para lidarem com o cliente no processo de criação e assim, se começarem a apropriar dessa faceta de serviço, para anos depois equacionarem a possibilidade de avançar, passo-a-passo para criação de marca própria. Por exemplo, procurando trabalhar com clientes que querem subcontratar pequenas séries, séries difíceis e que exigem muito mais flexibilidade, tudo o que dificulte a entrada de potenciais futuros concorrentes.

""O problema é o preço 'asiático' que se propõem pagar em terras europeias.

"O preço nem sempre é tudo. Há clientes a regressar porque somos reconhecidos pela qualidade, flexibilidade e pelo cumprimento dos prazos""

Realmente o preço não é tudo, basta lembrar que até no negócio do preço:

O preço tem de ser conjugado com conformidade, disponibilidade e facilidade de compra.

Se o cliente estiver no negócio da moda, então o seu modelo andará em torno de:
E aqui o essencial não é o preço, é o timing

O regresso dos clientes (II) ou confecção made in America

Textil made in America.

Retirado deste precioso livro:

… “what makes it possible to do well in the U.S. market with fierce competition from foreign-made products is a business model focused on fast response to retailers: filling orders quickly, holding just the right amount of inventory, and being able to replenish orders right way - in contrast to the four- to six-month lead times needed for placing and receiving orders from the contractors in China. In many of the companies that we studied, the ability to get goods to final customers rapidly turned out to be one of the most important offsets to the lower labor costs of overseas production.”

Se esta é a vantagem, o que uma organização tem de fazer, é procurar incessantemente novas formas de aumentar a sua vantagem competitiva, ou de não a deixar diminuir.

… “customers used to choose from collections the designers presented five times a year. But demand increased for special items and modifications, and by 1988, they were up to eight or nine collections a year. Today, customers request particular garments and adaptations of the samples on a non-stop basis. The designers meet every other day or two to exchange reactions to the looks they are seeing in the shops and on TV.”

E artigos de electrónica de consumo “Made in Japan”

Tom Peters no seu fantástico livro “Re-imagine” refere que:

Um trabalhador de Singapura ganha tanto como:

  • 3 trabalhadores na Malásia;
  • 8 trabalhadores na Tailândia;
  • 13 trabalhadores na China; e
  • 18 trabalhadores na Índia.
Neste site descobri esta “pedra de Rosetta”:

Que permite comparar os custos em Singapura e no Japão e; por tabela, comparar os custos no Japão com a Malásia, Tailândia, China e Índia.

No entanto:

“When Kenwood moved production of portable mini-disk players from a factory in Malaysia to their Yamagata, Japan, plant in 2003, they discovered they could exploit short-lived consumer trends. It used to take thirty-two days to get portable minidisk players from Malaysia to stores in Japan. Now when the players are made in the Yamagata plant, they can order them at 3 P.M. one day and ship them out the next day. The managers calculated that bringing production back to Japan lowered total costs (including raw materials and transportation) by 10%.

And there were unexpected benefits, too. For each holiday and special event, it turns out that customers like different colors.”

No entanto, a administração da Fujitsu acredita que:

“Domestic production allows production to be close to design. We can’t change production in response to design changes so easily if our factories are in Taiwan or in China. It’s just hard to communicate small changes, and when things go wrong in the quality of the product, we need to get this information back rapidly to the designers”

Ou seja, é preciso ter um modelo que justifique a sustentabilidade do negócio. A base, a matéria-prima para o desenho do mapa da estratégia!

quarta-feira, maio 24, 2006

Protocolo de Kyoto: défice de CO2

Depois desta leitura, ocorre perguntar: Só agora é que começaram a fazer contas?

Quando há 2/3 anos as empresas tiveram de relatar as suas emissões de CO2, aconselhei logo as empresas a relatar por excesso, para terem margem quando as coisas começassem a doer.

Quem relatou por baixo, agora está com um problema!!!

Procurem substituir consumos de fuel, petcoke,... por biomassa, matéria vegetal... as emissões da sua queima não contam para os cálculos de emissões de CO2.

E mais, quem relatou em excesso... sempre pode, agora, vender a um bom preço as licenças não usadas!

"If you pay them peanuts, you'll get monkeys"

Não esquecer na base do Balanced Scorecard estão as pessoas da organização:
  • pessoas competentes;
  • pessoas motivadas;
  • pessoas apoiadas;
Ninguém nasce ensinado.

Quando na primeira linha, na interface com o cliente colocamos alguém sem formação, sem experiência, mal pago, isolado, ... perdemos clientes.

Recordo-me de uma citação de uma gestora chinesa de Hong Kong: "If you pay them peanuts, you'll get monkeys"

Valuing variety

A propósito deste trecho:

"O modelo finlandês demonstra que o Estado quando indica o trilho do desenvolvimento, este é de sentido único, fixo, não se acomoda às mudanças e porque forçado, afunila sobre si a sociedade, não permitindo o surgimento das mais valias de cada um. Os cidadãos ficam estáticos e amorfos, limitando-se a esperar pelo passo seguinte, matando a maior riqueza humana que é a sua espontaneidade. No fundo, torna o desenvolvimento um fim em si mesmo e não um meio ao serviço dos cidadãos."

lido aqui, lembrei-me deste outro, é quase poesia, de Gary Hamel e Liisa Valikangas em "The quest for resilience", Harvard Business Review, Setembro de 2003:

"Life is the most resilient thing on the planet. I has survived meteor showers, seismic upheavals, and radical climate shifts. And yet it does not plan, it does not forecast, and, except when manifested in human beings, it possesses no foresight. So what is the essential thing that life teaches us about resilience? Just this: Variety matters. Genetic variety, within and across species, is nature's insurance policy against the unexpected. A high degree of biological diversity ensures that no matter what particular future unfolds, there will be at least some organisms that are well-suited to the new circumstances."

O regresso dos clientes

Na página 14 do caderno de Economia do semanário Expresso de 20 de Maio, encontra-se o artigo “O regresso dos clientes”.
O artigo começa com: “No sector têxtil e do vestuário há muitos clientes a regressar a Portugal. Depois da debandada para a Ásia, nos dois últimos anos, procuram garantias de qualidade e resposta rápida, dentro dos prazos.”
Mais à frente alguém diz que “Perdemos muitos clientes que começam a voltar, depois de experiências mal sucedidas com os novos fornecedores asiáticos.”
Depois alguém conclui “A qualidade dos chineses não é comparável e tiveram dificuldade em responder a tempo à avalanche de encomendas.”
Actualmente não estou a trabalhar com qualquer empresa do ramo têxtil, pelo que me falta informação em primeira-mão. Gostava de investigar, ou que alguém investigasse, numa base mais científica, mais factual, porque é que estes clientes estão realmente a voltar?
Sinceramente, não me cheira que o factor qualidade seja relevante para este retorno, empresas que conheço e que compram materiais (metalo-mecânica por exemplo) e visitam fábricas na China, sabem que existem boas e más fábricas.
Encontrei este estudo que refere várias razões para a falha da aposta da deslocalização, em nenhuma delas aparece a falta de qualidade.
Acredito que se uma empresa está no mercado do preço, talvez o melhor seja começar a adquirir os bens na Ásia. No entanto, se uma empresa está no mercado da moda, da cor, da variedade, do nicho, a Ásia dificilmente terá hipótese de ser competitiva.
A verdade, pouco divulgada, é que segundo o referido relatório, mais de 50 % das empresas que apostaram na deslocalização não ganharam nada com isso, e destas mais de metade até perdeu dinheiro, como mostra a figura seguinte:
(página 16)
No artigo “The triple-A Supply Chain”, da autoria de Hau L. Lee, publicado pela Harvard Business Review em Outubro de 2004, sob o subtítulo “The perils of efficiency”:
“High-speed, low-cost supply chains are unable to respond to unexpected changes in demand or supply. Many companies have centralized manufacturing and distribution facilities to generate scale economies, and they deliver only container loads of products to customers to minimize transportation time, freight costs, and the number of deliveries. When demand for a particular brand, pack size, or assortment rises without warning, these organizations are unable to react even if they have the items in stock.” … “When manufacturers eventually deliver additional merchandise, it results in excess inventory because most distributors don’t need a container load to satisfy the increased demand. To get ride of the stockpile, companies mark down those products sooner than they had planned to. That’s partly why department stores sell as much as a third of their merchandise at discounted prices. Those markdowns not only reduce companies’ profits but also erode brand equity and anger loyal customers who bought the items at full price in the recent past.”
Se o negócio é preço, falamos de padronização, grandes quantidades e planeamento atempado.
Se o negócio é moda, variedade, cor, inovação, falamos de pequenas quantidades, falamos de encomendas em cima da hora, falamos em pequenas modificações, falamos de tudo menos de planeamento atempado… produzir e comprar estes bens na Ásia é quase um acto de suicídio.
No artigo “Lean Consumption”, da autoria de James P. Womack e Daniel T. Jones, publicado pela Harvard Business Review em Março de 2005, sob o subtítulo “Provide exactly what the customer wants”:
“Shoe stores don’t do any better. By relocating most production for North America and Europe to Southeast Asia and putting retailers on 150-day order windows, the shoe industry has created a marvel of low cost at the factory gate in combination with an extraordinary array of styles (about half of which only endure for one three-month selling season). But suppose you want the size nine “Wonder Wings” in gray? The chances are only 80% (an industry average) that they will be in stock; and there is a good possibility (because of the longer order window) that they will never be in stock again. Not to worry, though. There are millions of size nine Wonder Wings in pink available and many more on the way because the order flow, once turned on, cannot be turned off and the replenishment cycle is so long. As a result, the shoe industry fails to get one customer in five the product he or she actually wants, while it remainders 40% of total production (pink Wonder Wing, for example) through secondary channels at much lower revenues.”
Produzir na Ásia significa colocar os lojistas a uma distância de encomenda de 150 dias… 150 dias!!! Não há capacidade de responder às solicitações, à evolução das necessidades do mercado em tempo real, é um convite descarado a que pequenas empresas flexíveis surjam, e sirvam melhor, lojistas e consumidores.
Se se confirmar que este é o principal motivo para o regresso dos clientes, as empresas nacionais têm de aproveitar esta oportunidade para ganhar fôlego e avançar na escala de criação de valor: Ou avançando para a criação de marca própria, o que representará de inicio menos emprego, mas emprego fabril mais qualificado – operários com mais experiência, com mais flexibilidade - pois vende-se exclusividade, vende-se variedade. Ou para quem optar por se manter no negócio da subcontratação, perceber bem porque é que teve uma segunda oportunidade, para “fazer batota” e ampliar ainda mais, e sempre que possível, essa vantagem competitiva face à Ásia. Preparando-se para pequenas quantidades, muita flexibilidade e em vez de duas épocas por ano… 52 épocas por ano. Com 52 épocas por ano, como é que uma empresa poderia encomendar produções na Ásia?
Vou procurar uns exemplos de empresas têxteis de sucesso que são “Made in América”!

terça-feira, maio 23, 2006

Faz-me confusão

Ser bombardeado com mensagens de spam em abhkaze, arménio, ou hindi, eu percebo.
Não percebo é como, ou porque é que, uns espertos me enviam e-mails personalizados (dirigidos ao meu nome) em castelhano, eu até percebia que fossem em inglês.
Será que também o fazem para os nossos patrícios do outro lado do Atlântico?
Tenho que lhes aconselhar este senhor para terem umas lições de marketing.

ADENDA
Hoje, os mesmos mandam-me spam em ingês!

Aula 5 - Gestão Ambiental

Para o 4º ano de Engenharia do Ambiente da Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto.

Os acetatos da aula podem ser encontrados aqui.

Para o exame basta estudar os acetatos, a norma ISO 14001, e estar atento aos exercícios realizados nas aulas.


Para quem quiser ir mais além, agora ou no futuro, deixo estas referências bibliográficas:

Há uns anos, com 20/30% da minha lavra e retirando uns textos aqui e acolá, sobretudo daqui (atenção que o texto está de acordo com uma versão, hoje obsoleta, da ISO 14001) criei os seguintes apontamentos:

Apesar de um pouco desactualizados, porque são de 2002 e a nova versão da norma é de 2004, o essencial está lá, e pode servir de referencial (esperemos que útil) para um trabalho de campo futuro.

Atenção!!! Hoje, tenho um certo receio deste tipo de abordagem porque promove uma visão dos Sistemas de Gestão Ambiental, como um conjunto de respostas às cláusulas da norma. E espero ter demonstrado que um sistema é mais, muito mais do que uma amálgama de respostas individuais, um sistema é mais do que a simples soma dos seus componentes.

segunda-feira, maio 22, 2006

Porque não podemos ser uma Arca de Noé! (II)

A revista “The Mckinsey Quarterly” no seu número 4 de 2005 apresenta o artigo “The vanishing middle market”. O seu conteúdo pode ser lido na íntegra aqui.

Executives recognize that premium and no-frills offerings are squeezing middle-of-the-road products and services in many industries. Our study of 25 industries and product categories in Europe, North America, and on the global level shows the extent of this phenomenon, known as market polarization. We found that, from 1999 to 2004, the growth rate of revenues for midtier products and services trailed the market average by nearly 6 percent a year (Exhibit 1).

For companies competing in industries and product categories as diverse as appliances, banking, mobile phones, and apparel, growth is strong at both ends of the market (Exhibit 2, group 1). Such companies face a difficult choice: either focus on one of the market's extremes and concede ground elsewhere or learn to serve both premium and value customers. Nokia, for example, has opted for the latter approach by attempting to expand beyond its traditional stronghold in the middle market. The company is marketing handsets that boast features such as cameras and MP3 players to customers in the premium segment while offering stripped-down phone models to rapidly growing emerging markets.

A second group of industries and product categories (such as airlines, groceries, and PCs and servers) is seeing growth as customers migrate primarily toward the value-oriented part of the market (Exhibit 2, group 2). For companies in this group, driving down costs is critical because no-frills competitors are constantly on the lookout for new opportunities—as Dell and Wal-Mart Stores demonstrated several years ago with their expansion into servers and groceries, respectively. Incumbents that can't lower their costs enough may find they have no alternative but to exit the market.

A third group of industries and product categories, ranging from digital cameras and MP3 players to coffeemakers, diapers, and razors (Exhibit 2, group 3), is achieving growth at the higher end of the market. (A similar move toward closer partnerships and value-added solutions is also taking place in many business-to-business industries.) Companies that thrive on higher-end offerings tend to justify higher prices by focusing on innovation that adds value and on forging an emotional connection with consumers or solutions-oriented corporate customers. Consider how Apple's iPod changed the MP3 game or how Gillette has continually broken new ground with its Atra, Sensor, and Mach3 razors.

Our research unearthed significant variations in the ways polarization plays out within industries. Consider the refrigerator category in Europe. Although traditional producers and channels have seen their market share for midrange products remain fairly constant, this segment is in relative decline. The explanation is that imports (particularly of new brands at the market's high and low ends), which are often sold through new channels such as hypermarkets and big-box retailers, have grown significantly. The overall market, as measured by the number of units sold, is becoming polarized as much of the revenue growth takes place at the high end (Exhibit 3).

We also found that polarization occurs at significantly different speeds in different parts of the world. The spike in demand for high-end refrigerators happened roughly a decade earlier in North America than in Europe, for example. This phenomenon was perhaps caused by the rapid growth of the top income categories in the United States and by the fact that premium brands such as Sub-Zero and Viking were better established there. Today, however, the growth rates of high-end models in Europe have overtaken those in North America. As companies and consumers on the Continent adjust to an expanded European Union, polarization could play out in many different ways.

We also examined a significant example of polarization in Europe's auto industry. As elsewhere, the compact-car segment traditionally has been associated with midtier brands. Now, however, automakers such as Audi, BMW, and Mercedes are introducing luxury compact models—and changing the segment's dynamics in the process.

Market polarization is a powerful trend that will continue to have a pronounced impact within channels and across industries and regions. The pattern of polarization does not lie in a category's DNA, however. Instead, product and service providers and their channel partners will heavily influence how this phenomenon unfolds. For companies hoping to stretch their offerings to take advantage of these new opportunities, developing a keener understanding of the changing needs of the customer is the place to start.

Outra referência interessante pode ser encontrada aqui. Em especial na página 5 “From Tiering to Targeting”

Outra referência neste artigoDeath in the Middle: Why Consumers Seek Value at the Top and Bottom of Marketsda Wharton School of the University of Pennsylvania

Outra referência neste artigo “Cheap is good” publicado pelo Boston Consulting Group, a partir do livro “Treasure Hunt – Inside the mind of the new consumer” de Michael Silverstein. Segundo o autor: “Not that long ago, cheap meant bad. A cheap product was, by definition, low quality. It was embarrassing, even shameful, to buy low-cost goods because it meant you couldn’t afford any better.” E ainda “To satisfy the trading-down consumer, your product has to be as cheap as – or cheaper than – any comparable product. But that doesn’t imply dull or ordinary; rather, it means the product contains only those technical and functional features that the trading-down consumer wants.” Esta tirada faz-me recordar uma outra que me ficou gravada na mente, retirada do livro "The experience economy" : "Customers don't want choice; they just want exactly what they want"

ADENDA: esta nota do JN de 25 de Maio

domingo, maio 21, 2006

Porque não podemos ser uma Arca de Noé!

Consideremos três empresas:
  • A empresa A que se especializou em desenvolver produzir e comercializar produtos inovadores;
  • A empresa C que se especializou em produzir produtos que competem no mercado do preço; e
  • A empresa B que tenta ser uma Arca de Noé, ou seja, tanto produz produtos de preço, como produz pequenas séries, como tenta desenvolver alguns produtos. Trata-se de uma empresa em que a sua Gestão de topo, não tomou decisões difíceis sobre o seu futuro, continua com um perfil de produção muito semelhante ao de outros tempos.

O gráfico que se segue relaciona, para cada uma das empresas, desempenho e custo de produção (não preço).


O gráfico mostra que:

  • A empresa C consegue ter os custos de produção mais baixos, para produtos no mercado do preço baixo; e
  • A empresa A consegue ter os custos de produção mais baixos, para produtos no mercado do desempenho elevado;
  • A empresa B é mais competitiva que a empresa A no mercado do preço baixo, e mais competitiva que a empresa C no mercado do elevado desempenho, mas não há nenhum sector em que seja a mais competitiva.

Vamos assumir que o consumidor/cliente típico selecciona o fornecedor com o melhor preço (o preço mais baixo) para cada nível de desempenho, a curva no gráfico que se segue, representa a selecção do consumidor/cliente para cada nível de desempenho seleccionado.

O gráfico mostra a tragédia das empresas do tipo B, não são as melhores em nenhum sector, estão condenadas a desaparecer.

Uma empresa do tipo B só poderá ser bem sucedida, se o mercado onde competir tiver uma grande massa de consumidores/clientes numa zona intermédia como mostra a figura seguinte:


Num mercado deste tipo, todas as empresas têm um lugar onde podem ser as melhores, como demonstra a figura seguinte:


No entanto, as empresas do tipo B não têm um futuro assegurado, nem mesmo nestes mercados.

De todos os lados surgem evidências de que o mercado intermédio está a ser polarizado, dissolvido, comido pelos extremos. Vejamos os relatos...

sábado, maio 20, 2006

Deixar de ser uma Arca de Noé

É com este sugestivo título que somos convidados a ler a história de sucesso da empresa de calçado A. J. Sampaio & Irmão, no caderno de economia do semanário Expresso de hoje.

""Deixamos de ter preços para vender em subcontratação, mas podemos já vender imagem, a preços mais elevados" afirma o empresário. Por isso, a sua aposta, aqui, é "deixar de ser como a Arca de Noé, onde cabia tudo" , valorizar o conceito e dar-lhe, também, um estilo próprio, facilmente identificável com a empresa."

O artigo retrata o caso de uma empresa que abandonou o negócio do preço, trabalhando como subcontratado, vendendo minutos de trabalho e avançou para um novo patamar, a criação e desenvolvimento de marca própria. A frase
"deixar de ser como a Arca de Noé, onde cabia tudo" representa uma autêntica mudança de paradigma, e um acto de coragem.
É preciso ter coragem para fazer opções e arriscar.
Quem não faz opções, quer ser tudo para todos, ou seja: à segunda, terça e quarta, uma empresa concentrada nas grandes séries, que abomina paragens e obriga a um planeamento central rigoroso; à quinta, sexta e sábado, um "atelier" de produção que se dedica a pequenas séries.
Resultado: não se é realmente competitivo, nem num mercado nem no outro.

O empresário Joaquim Carvalho defende "O essencial é estarmos atentos, percebermos o que sabemos fazer bem, não querermos fazer o mesmo que o vizinho e sabermos ser flexíveis".
O negócio do preço está associado a grandes quantidades e padronização; o negócio da moda está associado a pequenas quantidades e pouca padronização.

As grandes marcas japonesas de electrónica de consumo estão a viver os melhores anos desde a década de oitenta, apesar das fábricas na China, uma das medidas que tomaram foi o desmantelamento das linhas de montagem, vocacionadas para grandes séries, e a adopção de pequenas células dotadas de enorme flexibilidade: "
Canon is also looking to boost productivity. Already, the company has seen great gains from "cell assembly," where small teams build products from start to finish rather than each worker repeatedly performing a single task on a long assembly line. Canon now has no assembly lines; it ditched the last of its 20 kilometers of conveyor belts in 2002, when a line making ink-jet printers in Thailand was shut down."

quarta-feira, maio 17, 2006

The Experience Economy

"The Experience Economy: Work is Theatre & Every Business a Stage" de B. Joseph PineII & James H. Gilmore, um livro publicado em 1999 pela Harvard Business School Press.

É sempre um gosto retornar periodicamente a este livro. Somos levados a encarar as relações cliente-fornecedor a um nível diferente.
Quem vive atormentado com a crescente ameaça da "comoditização" dos seus produtos e serviços, pode encontrar uma perspectiva diferente de encarar uma relação comercial. Por exemplo:
"The easiest way to turn a service into an experience is to provide poor service, thus creating a memorable encounter of the most unpleasant kind.
The surest way to provide poor service is to walk every client through the same rote, impersonal routine, never varying, no matter who the individual client is or what he really needs. Customers have been receiving such treatment ever since service providers embraced the same principles of Mass Production that manufacturers used to dramatically lower costs. And it's becoming even worse as the forces of commoditization that hit manufacturing now attack services as well. So service providers reengineer their call centers to reduce call time and downsize already harried front-line staff to save on fixed costs an overhead. The end result?
Their employees spend less time with clients, and the time they do spend no longer delivers the same level of service.
By focusing on costs at the expense of what clients want, these companies are commoditizing themselves. Why should customers pay a higher price for demonstrably poorer service?
But the inverse principle also holds true: Customizing a service can be a sure route to staging a positive experience."

segunda-feira, maio 15, 2006

Aula 4 - Gestão Ambiental

Os acetatos da quarta aula podem ser encontrados aqui (6,6 MB).

Com esta aula terminamos a fase teórica de um sistema de gestão ambiental: realizamos um levantamento ambiental; redigimos uma política para o ambiente; definimos objectivos e metas alinhados com a política e coerentes com o resultado do levantamento; e desenhamos um programa de gestão ambiental, um projecto, para convergir para as metas.

Só quando se inicia implementação dos programas de gestão ambiental é que realmente começamos a provocar a mudança desejada.

Sobre indicadores ambientais aconselho a leitura de:
  • "Environmental Performance Evaluation and Indicators" de Christine Jasch; publicado nas páginas 79-88 do Journal of Cleaner Production 8 (2000);
  • ISO 14031: 1999 - Environmental Management - Environmental Performance Evaluation - Guidelines;
  • "Orientações para a selecção e utilização de indicadores de desempenho ambiental no âmbito do regulamento EMAS", uma recomendação da comissão europeia.
Para referência futura podem guardar este "A Guide to Corporate Environmental Indicators" publicado pelo Bundesministerium fur Umwelt.

Sobre boas práticas de planeamento aconselho a leitura, e leitura, e leitura deste texto da autoria do homem que mudou a minha vida:
  • "What makes an Effective Executive" de Peter F. Drucker, publicado em Junho de 2004 na revista Harvard Business Review, o texto pode ser lido aqui.
  • Conselhos práticos sobre a elaboração de programas de gestão ambiental podem ser encontrados aqui.

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Uma excelente imagem:

Portugal está como o homem que caiu do arranha-céus e quando, a meio da descida, um amigo da janela lhe pergunta como está, ele responde: "Até agora, tudo bem!"

No DN, da autoria de João César das Neves "Sócrates: falhar com competência"