Recordo-me que se trata de um sector, sediado num país com centenas de quilómetros de costa, e que não consegue dominar o circuito logístico do seu mercado doméstico, e que não consegue ser competitivo.
Em pararelo no mundo competitivo real actual são possíveis estas maravilhas de logística.
Local: uma loja da rede Lidl, algures no centro de Portugal.
Facto: cebolas produzidas no outro lado do mundo e "down under" entregues em boas condições e a preços competitivos nesta velha Europa.
7 comentários:
Recordo-lhe que "o sector não consegue dominar o circuito logistico do seu mercado competitivo" porque de alguma forma está impedidi, legalmente, de o fazer.
Ao ser obrigado a vender em lota o produto do pescado, os pescadores não exercem qualquer controle sobre o preço do produto que trazem para o mercado.
Não o podem armazenar, até porque se trata de um produto altamente perecivel, e vendê-lo posteriormente a um preço superior.
Dito de outra forma, os pescadores não conseguem fazer repercutir o aumento dos custos de produção no preço do produto final.
E se a concorrência externa também beneficia de apoios estaduais especificos aos custos de produção, porque não estender esses apoios aos pescadores portugueses ?
Não conheço o sector em Espanha, mas porque é que os pescadores portugueses se queixam da invasão do peixe pescado por pescadores espanhóis? O desafio logístico tem de ser bem maior.
os pescadores portugueses apenas se queixam do peixe "vendido pelos comerciantes espanhois" pela pressão que fazem sobre a formação dos preços em lota, sobre cuja formação, repito, os pescadores portugueses não têm qualquer tipo de interferência, para além de devolverem ao mar o pescado capturado em excesso, para não aviltar ainda mais o preço em lota.
Não se trata apenas de uma questão de logistica, mas de toda uma forma de organização do mercado, onde a função "distribuição/comercialização" desempenha o papel determinante
"toda uma forma de organização do mercado, onde a função "distribuição/comercialização" desempenha o papel determinante"
Em cada vez mais sectores isto é que é o fundamental. Havendo excesso de capacidade produtiva, o ponto vital para o sucesso é o chegar ao cliente. Quem domina a relação com o cliente/consumidor domina a cadeia, pois domina o gargalo, a restrição - o acesso ao cliente.
Reconhecendo que o dominio da relação cliente/consumidor é um factor critico, acontece que não é essa a questão básica em discussão.
os pescadores estão a pedir apoio para o preço do gasóleo, porque o seu preço afecta directamente o nível dos seus rendimentos.
Provavelmente não saberá que os rendimentos dos pescadores são determinados em função da margem bruta (diferença emtre o valor da captura e TODOS os custos de produção nela envolvidos)
Emparedados entre um nível de produção que não controlam ( a pesca é por natureza aleatória) e a formação de preços no mercado totalmente controlada pela Procura (comerciantes) resta-lhes apenas o controle dos custos de produção, designadamente do gasóleo, que detém um peso determinante na estrutura de custos.
Daí, a justificação do seu propesto, e a necessidade de encontrar soluções que não inviabilizem, de vez, este sector de actividade
O que me parece é que o sector tal como está não funciona, ou não é viável.
O apoio do governo vai apenas adiar uma inevitável reformulação do sector, e no entretanto prolongar práticas produtivas e de gestão que estarão hoje obsoletas.
Se não for assim porque é que alguém há-de procurar novas técnicas de produção e/ou de gestão para aumentar a produtividade?
Em termos gerais até nem discordo do que afirma. Mas como se gere a produtividade num sector onde a produção é absolutamente aleatória, e dependente de factores não humanos ?
E que acontecerá ao sector, e aos consumidores, se a frota pura e simplesmente parar ?
Seguramente que a solução não passa apenas pela subsidiação do preço do gasóleo, mas enquanto não se encontrar outra forma de regular o funcionamento do sector, esta parece-me ser a única via que os pescadores têm para defender o seu rendimento
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