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segunda-feira, março 25, 2019

Os artistas, os paraquedistas, os feiticeiros e os malabaristas (parte II)

Ao ler o título "Canis cada vez mais sobrelotados após lei que proíbe abate de animais saudáveis. Bastonário critica pouco combate ao abandono" sorri.

Há muitos anos que detectei a tendência dos políticos espertos para darem cada vez mais ênfase aos temas em que as consequências das suas decisões só podem ser avaliadas muito mais tarde, para não apanharem surpresas.

Por exemplo, a preocupação com as alterações climáticas.

Este caso dos cães e dos canis foi uma argolada que cometeram pois foge da regra. Rapidamente os factos da realidade emergem como uma parede contra a qual a argumentação dos políticos esbarra violentamente.

Quando um cidadão ou um opositor diz que uma dada medida está errada é uma opinião, quando a mesma medida aparece esmagada no pós-choque com a realidade ... não há desculpas.

Imaginem a malta que faz asneiras deste calibre, que acredita que a transmutação do ouro é possível, que acredita que o TGV serve para transportar carvão ou madeira de eucalipto, que acredita que os comboios de mercadorias devem circular a 300 km/h, que acham que um TGV pode funcionar como metro de superfície, que diziam que a Portela estava esgotada. E não esqueçam os copos menstruais. E já agora a falta de noção da realidade.

Como não se pode duvidar da capacidade intelectual das pessoas que acreditam nestas petas, "A revitalização do território e o papel da indústria". As pessoas reais, as que não estão nas listas de ajustes directos dos governos e autarquias, e as empresas sem ligações aos corredores, carpetes e biombos do poder, sabem que tudo o que vem das mentes destes seres na assembleia, são mais um escolho que vão ter de considerar no caminho árduo que trilham diariamente.

BTW, João Cravinho teve azar, disse e defendeu as SCUTs com argumentos que poucos anos depois caíram sobre ele como uma bomba... o que o deve ter salvo no carrossel das nomeações políticas foi o ter informação comprometedora sobre alguém, só pode.

sábado, junho 20, 2009

Os artistas, os paraquedistas, os feiticeiros e os malabaristas

Nos últimos anos tenho lido políticos, para-políticos, ex-políticos, futuros políticos, ... sobre as vantagens do uso do TGV para transportar mercadorias.
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Contraponho sempre essas teorias às palavras de quem anda no terreno, de quem faz contas, como aqui: "E esta hem"
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O Público de hoje traz mais um exemplo desses:
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"Alta velocidade não é necessária para mercadorias"
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"O presidente da União de Operadores de Transporte Combinado, Antonio Pérez Millá, dispensa os investimentos em alta velocidade
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"Queremos uma rede para mercadorias mais baratas e onde os comboios vão mais devagar. Não precisamos de andar nas linhas de alta velocidade." Quem o diz é Antonio Pérez Millá, presidente da União de Operadores de Transporte Combinado, uma associação que reúne mais de 30 transportadoras rodoviárias que também usam o caminho-de-ferro."Se para fazer mil quilómetros puder levar as minhas mercadorias de comboio a 40 km/hora, demoro cerca de 24 horas. Isso já é um serviço de luxo. Não precisamos de passar pela linha de alta velocidade."
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Para Antonio Pérez, não é necessário que os governos invistam numa infra-estrutura que é mais cara para esta depois não ser utilizada, ainda por cima tendo em conta que uma linha de alta velocidade tem que ter manutenção durante a noite, que era quando os comboios de mercadorias nela poderiam circular. Estes, ainda por cima, são mais agressivos para a via, pelo que reduzir os períodos de manutenção à linha e colocar-lhes em cima esse tipo de composições é antieconómico.O orador, que falou durante uma conferencia dedicada aos intercambiadores (aparelhos de mudança de bitola) que ontem terminou em Barcelona, deu o exemplo da linha Madrid-Sevilha, inaugurada em 1992, que está preparada para mercadorias, mas na qual nunca se efectuou esse serviço. Um risco que também existe para a linha Madrid-Lisboa, pois os transportadores não sentem necessidade de uma tal infra-estrutura, muito menos neste caso concreto em que, paralela à linha de alta velocidade, decorre em grande parte do trajecto uma via única da rede convencional que "chega e sobra para o tráfego de mercadorias"."
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Pormenores interessantes:
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"Um exemplo: na zona do Alandroal, será necessário rebentar com rocha em quantidade idêntica à que faria funcionar uma pedreira durante 20 anos. E 20 é também a quantidade de quilómetros de viaduto que será necessário construir, número que poderia ser inferior se a linha fosse só para passageiros, pois os comboios de alta velocidade, sendo mais leves, "agarram-se" bem à orografia do terreno. Em contrapartida, uma infra-estrutura para mercadorias é muito mais exigente nas pendentes e nos raios de curvatura, o que encarece a obras."
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Makes you think and think and think
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BTW, há uma gravação de um debate entre deputados na RTP sobre Camarate e que ocorreu há mais de 20 anos. Quem tiver uma formação em química e acompanhe esse debate há-de perceber e ficar meio aparvalhado, pois alguns deputados fazem afirmações que se fossem verdadeiras significavam que tinha havido a famosa transmutação alquimista da Idade Média.

domingo, agosto 19, 2007

E esta hem?

De comboios não percebo nada, sou apenas um utilizador frequente.

Oiço políticos e leio jornalistas, falarem e escreverem sobre as virtudes do TGV para o transporte de mercadorias... a minha ignorância impede-me de fazer julgamentos de valor fidedignos. Hoje no Público encontro esta voz de quem trabalha no meio:

"Há três anos, em declarações à revista espanhola Via Libré, Emílio Fernandez, presidente da Transfesa - operador pan-europeu de mercadorias -, dizia que "os comboios de mercadorias não precisam de ir a mais de 100 km/hora, mas a velocidade ideal é 60 km/hora", porque, acima disso, as especificações técnicas do material circulante e as exigências de manutenção e revisão cíclicas têm custos muito maiores sem que tal se traduza num aumento da qualidade do serviço."

Eu que já ouvi um "senador" falar do TGV para fazer as ligações OTA-Lisboa, ainda me consigo surpreender com a facilidade com que gente com responsabilidade fala sobre o que não sabe.

Quem puder leia também na mesma página o artigo "Reabertura da linha Évora-Portalegre em estudo". No final do texto fica qualquer coisa de estranho no ar "Para complicar, há as questões da concorrência. Aceitaria o regulador (Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres) que aquela empresa detivesse a exploração de uma linha onde passariam os seus próprios comboios, sem estarem acautelados os direitos de passagem da CP e de outros potenciais operadores? ". Ou seja, se o regulador não aceitar, a linha continua encerrada e não serve a ninguém.