Mostrar mensagens com a etiqueta maturana. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta maturana. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, agosto 26, 2021

A realidade não existe

Apanhei um capítulo interessante, mais um, em “Images of Strategy”, o capítulo 12, “Strategy as Numbers”.

Já escrevi aqui muitas vezes que gosto de olhar para o lucro não como um objectivo, mas como uma consequência, para minimizar a tomada de decisões orientadas para o curto-prazo. Esta abordagem, no limite, escreve o autor, pode fazer crer que o motor é a estratégia quando o motor tem de ser o lucro. Sem lucro uma empresa não existe, não tem futuro, não é viável, depende de terceiros além dos clientes, depende de Pedros Nunos e Sizas Vieiras.

A verdade é que gosto de começar os projectos relacionados com a estratégia pela tal visão concreta, em detrimento da abstracta, "Do concreto para o abstracto e não o contrário".

O que significa começar pela vantagem competitiva? Responder à pergunta: como é que esta organização pode ter lucro? Em que teoria podemos visualizar esta organização a ter lucro?

Confesso que não me recordo de já ter pensado assim, desta forma estratégia é organizar, é concatenar esforços e prioridades alinhadas com a teoria inicial sobre como a empresa pode dar lucro.

BTW, no capítulo 9, “Strategy as Systems Thinking”, os autores citam tanto os textos de Humberto Maturana que resolvi ir à fonte e ler alguns. O que  me pôs a divagar para algo como: se a realidade existe ou não é irrelevante, nunca o saberemos e nunca a vamos conhecer, estamos condenados a viver com as representações da realidade que conseguimos criar. 

Diferentes observadores da realidade captam coisas diferentes e, por isso, fazem diferentes interpretações da realidade. Desta forma, ainda que exista uma realidade, diferentes observadores terão sempre a sua própria representação da realidade. Basta imaginar como um portista ou um benfiquista interpretam uma queda do Conceição, ou um fora de jogo do Yaremchuk. Cada um, de boa-fé, vê o que aconteceu de forma diferente ponto.

Assim, um consultor não deve chegar para apresentar “a estratégia” que vai dar a volta à organização. Só pode aspirar a tentar co-construir com a empresa uma teoria na qual se revejam e que permita aspirar a ter lucro. Entregar numa bandeja uma estratégia que as pessoas não conseguem interpretar é crime!