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segunda-feira, outubro 01, 2012

Fazer poesia e conseguir resultados económicos

Muitas vezes olho para um produto de uma marca de luxo e sinto aquilo a que chamo a radioclubização de uma marca (por causa do que aconteceu ao Radio Clube Português nos últimos meses de vida, uma carcaça exterior sem já nada por dentro). Marcas que querem transparecer distinção e status mas que são feitas na China sem a paixão e o cuidado que apregoam nos seus anúncios.
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Por isso, esta história captou a minha atenção "O sentido de ser Hermès (e não LVMH)":
"Num mundo de bolsas feitas em linhas de montagem na China, a Hermès ainda emprega artesãos na França para costurar cada uma de suas Kellys e Birkins, uma a uma, à mão. Enquanto a maioria de seus concorrentes compra rolos de sarja pré-fabricada da China para imprimir seus cachecóis de seda, a Hermès tece sua sarja em Lyon com seda produzida no Brasil. Enquanto a maioria de seus concorrentes subcontrata a criação de perfumes de grandes laboratórios que também fazem sabores de alimentos e essências para detergentes, a Hermès tem um profissional que cria cada um dos novos perfumes no laboratório de sua casa perto de Grasse, a capital mundial do perfume no sul da França.
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"A Hermès e a LVMH estão em extremos opostos da cultura e da indústria do luxo", disse o diretor-presidente da Hermès, Patrick Thomas, o primeiro não membro da família a dirigir a companhia de 174 anos. "Somos artesãos e criativos. Tentamos produzir os produtos mais bonitos neste setor. Os artesãos põem seu coração e sua alma na bolsa e quando o cliente a compra, leva um pouco da ética da Hermès. Há seis gerações, a mesma família tem tocado a Hermès. Isso deu a esta companhia algo que nenhuma outra tem. Nosso combate com a LVMH não é uma luta econômica, é uma luta cultural. Nós tentamos fazer poesia e conseguimos excelentes resultados econômicos. Precisamos proteger isso."
Para entender o que Pierre-Alexis e Patrick Thomas estão dizendo e o que Arnault está cobiçando, é preciso visitar a principal oficina de couro da companhia no distrito parisiense de Pantin. Ali, cerca de 340 artesãos fazem à mão produtos de couro da mesma maneira há mais de um século."
E, no fundo, esta é a mensagem deste blogue, apostar na poesia em vez de apostar na eficiência, apostar na arte em vez de apostar na linha de montagem, apostar na autenticidade em vez de apostar no "plástico".