O FT de hoje publica o artigo "Signature move - Japanese pen maker raises price of best-seller for first time in 40 years":
"Japan's biggest pen maker is hoping to avoid a customer backlash after rising inflation prompted the company to increase the price of its bestselling model for the first time.
Pilot implemented a 10 per cent price rise for its Frixion pen two months ago, the first since it went on sale in 2006. Fumio Fujisaki, chief executive, said it was the first time in his 40 years at the group that it had raised the price of a best-selling item.
The move shows how Japan is starting to deal with the return of inflation, following decades when prices barely moved after the bursting of the country's 1980s asset bubble."
Durante décadas, o Japão foi a anomalia conveniente da economia mundial: inflação nula, juros negativos e um iene barato que alimentou a liquidez global. O yen-carry trade, endividar-se em ienes quase gratuitos para investir noutros mercados, tornou-se um dos pilares invisíveis do dinheiro fácil.
Esse pilar está a ceder.
O regresso da inflação no Japão e a subida das taxas de juro não são um ajuste técnico, mas sim uma mudança de regime. O Japão deixa de ser o fornecedor automático de capital barato e aproxima-se, finalmente, do resto do mundo monetário.
Com juros mais altos, o carry trade perde atracção. O risco cambial aumenta, o diferencial de taxas encolhe e o pressuposto de um iene eternamente fraco deixa de ser seguro. A consequência é menos liquidez estrutural, mais volatilidade e pressão sobre activos que foram valorizados como se o dinheiro barato fosse eterno.
Tal como as empresas japonesas reaprendem a subir preços, o sistema financeiro global reaprende uma lição esquecida: o capital tem custo, o risco importa e a estabilidade não é garantida.
Uns, muito mais sabedores destas coisas do que eu, dizem que o fim do yen-carry trade não fará manchetes diárias; outros prevêem um apocalipse.


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