Foi com alguma perplexidade que ouvi na TV e li no JN, "Descargas do rio Onda foram feitas pela Lactogal", as descargas ilegais da Lactogal no rio Onda.
Como pode uma empresa que se afirma "amiga do ambiente" e que cultiva uma imagem pública de responsabilidade social e sustentabilidade estar no centro de um caso tão grave de poluição? A morte de peixes e aves, bem como a interdição de banhos nas praias de Angeiras e Labruge, são consequências directas e inaceitáveis desta conduta.
Mais chocante ainda é a reacção da própria empresa, que admite não ter solução para tratar todos os efluentes que produz, ao mesmo tempo que aponta o dedo à APA por dificuldades burocráticas. Segundo o artigo, “as águas residuais geradas no processo industrial são ‘orgânicas e biodegradáveis’, porém ‘requerem tratamento adequado’”. Ora, se a Lactogal não tem capacidade instalada para tratar os seus próprios resíduos, como pode continuar a operar com esta regularidade? Portanto, pela reacção da empresa podemos presumir que o aconteceu não foi um acidente?
"Como consequência do elevado consumo de água nos vários processos produtivos da nossa indústria resulta a produção de efluente industrial. A Lactogal possui, nas suas unidades industriais, estações de tratamento de efluente industrial que obedecem a elevados padrões de monitorização e descarga de água tratada em meio hídrico. As estações de tratamento de efluentes industriais (ETEl) têm vindo a ser alvo de grandes investimentos, tendo em vista a otimização do processo nos resultados do tratamento do efluente.
Todo o efluente da empresa é enviado para estações de tratamento de efluentes industriais sendo, depois, rejeitado em meio hídrico. Também o rácio de produção específica de efluente (m3 de efluente produzido / m3 de leite processado) tem vindo a reduzir ao longo dos anos, resultado de otimizações efetuadas ao nível dos processos produtivos."
Vale a pena recordar que o Presidente do Conselho de Administração em Maio de 2024 assinou uma "
POLÍTICA DOS SISTEMAS DE GESTÃO" onde assume o compromisso:
"Identificar e avaliar periodicamente os impactes ambientais, procurando a melhoria contínua do desempenho ambiental das suas atividades, dentro de uma estratégia de proteção do ambiente, prevenção da poluição e gestão responsável de recursos naturais;"
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