terça-feira, julho 01, 2025

"Commitment devices"

O capítulo 3 de "The Science of Getting from Where You Are to Where You Want to Be" de Katy Milkman é dedicado à procrastinação.

O capítulo é particularmente interessante porque contraria a teoria económica e está desalinhado com um tema que os liberais tentam introduzir em Portugal. 

O que é melhor para as pessoas:

  • receber o subsídio de férias só quando vão de férias ou diluído pelos 12 meses do ano?
  • emprestar dinheiro ao estado sem juros e receber sob a forma de devolução de IRS ou pagar o IRS cobrado a menos?
A autora dá o exemplo de um banco nas Filipinas que criou uma conta para a qual as pessoas, que não faziam qualquer poupança no passado, descontavam voluntariamente todos os meses mas só podiam ter acesso ao dinheiro no fim do prazo.

"They [Moi ici: Os alunos de mestrado da autora] insist it's crazy for people to voluntarily lock away their money without an interest rate premium or sign up for class deadlines with penalties. People should never want to give up flexibility or freedom without being compensated for it! This isn't just a central tenet of economic theory or a cornerstone of government policy and marketing strategies the world over ...

by by opting into constraints—on when they could access their money, on how much they could procrastinate—they were making it harder to give in to future temptations and easier to reach their long-term goals. [Moi ici: 28% dos clientes do banco que receberam esta possibilidade passaram a poupar mensalmente e em valores superiores à média nacional]

...

Robert Strotz's article on the topic turned out to be a blockbuster (well, if any academic article can ever be called blockbuster). It introduced the heretical idea to economists that rather than always preferring flexibility and freedom, sometimes people want just the opposite because they know it will help them avoid temptation. Strotz's disciples (including the future economics Nobel laureates Thomas Schelling and Richard Thaler) began exploring these strategies in greater detail and gave a name to them: "commitment devices."

Whenever you do something that reduces your own freedoms in the service of a greater goal, you're using a commitment device.

...

The data are clear. Even if they do contradict a golden rule of economic theory, commitment devices can be something of a godsend. They help us change our behavior for the better by locking us into choices we make when we're clearheaded about what's good for us, not when we're hotheadedly reacting to an imminent temptation, and they keep us from indulging in the temptation to misbehave later on."

Por fim, o capítulo fala dos "cash commitment devices". Pessoas que se comprometem a pagar uma multa se não cumprirem uma promessa que fizeram a si próprias.

Não receber o subsídio de férias representa uma espécie de "commitment device" para quem estima a sua incapacidade de resistir às tentações de curto prazo.

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