Enquanto os jornais locais vão noticiando, o encerramento de mais uma fábrica, o despedimento colectivo naquela empresa “de referência” e o desaparecimento misterioso de empregos como quem perde guarda-chuvas em cafés, os nossos políticos não perdem o entusiasmo.
Há algo de reconfortante nessa capacidade quase infantil de prometer. Promete-se mais apoio, mais subsídio, mais investimento, mais creches, mais hospitais, mais comboios – e, com um pouco de sorte, até mais feriados. Não há limite para o optimismo quando se trata de gastar o dinheiro que não se tem.
Entretanto, no mundo real, aquele onde as empresas fecham, os fornecedores não são pagos e os trabalhadores também não recebem, reina uma estranha ausência de promessas. Talvez porque nesse mundo, ao contrário do outro, as promessas vêm com faturas e consequências.
Mas há que reconhecer: prometer é um acto de fé. É acreditar que ninguém está a fazer contas. É confiar que os eleitores preferem ouvir mais uma promessa redentora a ler mais uma manchete deprimente.
Afinal, entre a realidade e o discurso político, há um oceano de criatividade. E, se o país se afunda, ao menos que o faça embalado por promessas suaves e discursos calorosos. Porque na arte de prometer, somos campeões. Já na de cumprir… bom, ninguém é perfeito.
Agora leio que até a Gabor vai despedir 67 funcionários.
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