Desde o final da minha adolescência que resumo o ser cristão a duas estórias que Jesus nos contou.
- A parábola do filho pródigo, que ilustra o perdão do Pai, que ilustra o como o Pai espera sempre por nós de braços abertos, sem perguntas, sem recriminações.
- A parábola dos talentos, que nos convida a darmos o melhor de nós, que nos pede para nos superarmos a nós próprios, ninguém recebe um desafio maior do que as suas capacidades. Assim, deixemos as lamentações e desculpas e façamos o melhor que soubermos e pudermos.
Quando eu era adolescente achava os monges da Idade Média uns verdadeiros tótós. Passarem a vida a ler a Bíblia… come on, lê-se uma vez e está lida. Quando se é adolescente consegue-se ser muito parvo. Há muito que aprendi que nunca é tarde para aprender, mas às vezes é demasiado cedo. Sempre que repetimos uma leitura, as palavras podem ser as mesmas, mas nós somos diferentes. Sim, "Perception is subjective".
Nos últimos anos tenho-me aproximado da pessoa de Simão Pedro. Simão Pedro sou eu, Simão Pedro somos todos nós. Capaz das afirmações mais Uau, para logo a seguir acobardar-se.
No Domingo passado, Domingo de Ramos, o Evangelho relatou a Paixão e Morte de Jesus. Sim, é a morte do Filho de Deus, como exclamou o centurião romano esmagado pelo que via acontecer perante a Cruz, mas a minha atenção foi para Simão Pedro… ao perceber que acabou de negar Jesus pela terceira vez, afastou-se para “chorar amargamente”. Eu desconfio, eu tenho medo de pensar que também teria medo, que também me acobardaria perante um teste a sério. E os testes a sério ocorrem na vida quotidiana, não em momentos extraordinários.
O mesmo Simão Pedro que quando Jesus lhe pergunta pela terceira vez:
- Simão, filho de João, tu amas-Me?
Responde de uma forma que cada vez mais me comove, porque nele revejo-me nas minhas lacunas, nas minhas fraquezas, na minha … maldade:
- Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo.
E a minha mente acrescenta: Que sentido teria a minha vida sem Ti, em que labirinto estaria perdido sem a Tua orientação.
BTW, logo na cerimónia do lava-pés, sei que vou recordar as palavras de Simão Pedro, segundo o Evangelho de João.
1 comentário:
"Jesus, sabendo que o Pai tudo lhe colocara nas mãos e que de Deus saíra e para Deus voltava, levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, atou-a à cintura. Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha atado à cintura.
Chegou, então, a Simão Pedro, que lhe disse: «Senhor, Tu vais lavar-me os pés?».
Respondeu Jesus e disse-lhe: «O que Eu estou a fazer, tu não o compreendes agora; entenderás depois».
Disse-lhe Pedro: «Jamais me lavarás os pés!».
Respondeu-lhe Jesus: «Se não te lavar, não terás parte comigo».
Disse-lhe Simão Pedro: «Senhor, então não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça».
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