Este texto de Roger Martin, "
The Shift from Pre-Competitive to Competitive" faz-me recuar à primeira metade da primeira década do século XXI na economia portuguesa.
Fez-me recuar às empresas, e foram tantas, e escrevi sobre elas por aqui ao longo dos anos, que não tinham actividade comercial, que se limitavam a "rezar" para que o
cliente batesse à porta.
O Estado Novo criou uma cultura de não concorrência, ao estilo das farmácias, criando barreiras à entrada que protegiam os incumbentes. Estes, em vez de se digladiarem, estavam no mercado sem grande concorrência entre si. Por outro lado, as barreiras alfandegárias com taxas altas, bem como uma capacidade produtiva inferior à procura, asseguravam um mundo com poucos riscos para as empresas.
Já escrevi escrevi no passado várias vezes. Se considerarmos as empresas nacionais à altura da adesão à CEE, podemos identificar 3 grupos:
A adesão à CEE decapitou o topo do mercado, as empresas portuguesas que trabalhavam para o topo do mercado em Portugal não tinham qualquer hipótese de competir com as congéneres europeias. Já as empresas que trabalhavam para o mercado do preço tiveram o início do seu tempo de glória. Como escrevi aqui várias vezes, o desemprego chegou aos 3,9% - eramos a china da Europa antes de haver China. O Cavaco de 1985, para mim, morreu em Setembro de 1992,
nesta noite. Quando digo morreu, digo perdeu a chama interiormente, percebeu a sério o que tinha.
Com os anos 90 começa a verificar-se o fenómeno da
polarização dos mercados, e começa o declínio das empresas do meio-termo.
Com o novo século a China entra em jogo e mata o jogo das empresas que competiam pelo preço puro e duro em sectores transaccionáveis.
Entretanto, quem vive no estado acredita sempre em amanhãs que cantam.
"Em África, todas as manhãs, uma gazela acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que o leão, ser mais veloz ou será morta. Todas as manhãs, um leão acorda. Sabe que tem de correr mais depressa que a gazela mais lenta, ou morrerá de fome. Não interessa se és um leão ou uma gazela. Quando o sol se levantar será bom que corras."
A vida é uma peça de teatro: O Rei Lear
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