Teodora Cardoso:
"O OE 2021 não previu nada. Ou melhor, previu que realmente era previsto que o muito curto prazo era preciso gastar à vontade e depois logo se vê. Este Orçamento foi um espetáculo triste. Aquela aprovação na especialidade, com não sei quantas mil alterações, tiveram de estar a aprovar medida que nem devem ter tido tempo para ler… Isto numa situação crítica que em termos de economia e orçamentais é de facto muito grave. Não era possível prever em outubro ou novembro [o novo confinamento]. Ainda agora é impossível prever tudo o que se vai passar em 2021, quanto mais nessa altura. O meu problema não é esse, o meu problema é a atitude: não vi que existisse, fosse de quem fosse, a perceção de que estamos a passar por uma crise que vai ter consequências.
...
É muito pior apresentar expectativas positivas que passado uma semana são postas em causa. Não há nada pior para afetar a confiança do que isso. Vemos nos países onde isso não é feito, em que há mais cuidado a olhar realisticamente e prudentemente para o futuro, que há maior confiança. Somos dos países onde há menor confiança, e uma das razões provavelmente tem a ver com isso, essa necessidade de estar constantemente a criar expectativas positivas que depois são defraudadas."
Como não regressar a Maio de 2009:
"Comparem a linguagem do ministro das Finanças, qual personagem do filme "Os 3 amigos", com a linguagem de "carroceiro" e de desmancha-prazeres de Belmiro de Azevedo "“Ele diz as coisas que são politicamente correctas. Ele não assina nenhum cheque para fazer que as coisas aconteçam. Os empresários é que têm a obrigação de dizer as coisas com mais clareza. Não há nenhuma actividade que eu conheça que esteja em retoma. Há uns é a aguentar-se”
Façam uma sondagem e perguntem ao povo da rua quem é que estará mais próximo da realidade sentida e vivida pelas pessoas.
BTW, acham que as empresas de Belmiro de Azevedo, por causa da sua linguagem realista e crua estão a viver um momento de descalabro moral, de desânimo, revoltadas com o discurso da tanga do seu líder? Acham mesmo?
Não estarão antes, cientes da realidade, a fazer das tripas coração, a pensar em alternativas, a tentar criar um amanhã melhor? Qual das duas linguagem promove mais facilmente o cerrar de fileiras?
Se Belmiro de Azevedo replicasse a linguagem do ministro nas suas empresas iria gerar o veneno mais corrosivo das organizações, IMHO, o cinismo."
Teodora Cardoso:
"Deve ter ouvido aquela definição de economia que estuda a aplicação de recursos escassos. Em Portugal nunca se consideram os recursos como escassos. Sempre dizemos que o financiamento há de vir de qualquer lado, portanto, aplica-se de qualquer maneira. Onde se vê que há uma má aplicação de recursos é, por exemplo, no aumento da dívida sem o aumentar do crescimento da economia capaz de sustentar essa dívida. [Moi ici: Por estes dias já é cão que morde homem, "Dívida pública fecha 2020 com recorde de 270,4 mil milhões de euros"] É um sinal de má colocação de recursos. Hoje pode-se ver em muito mais coisas, mas a nível macroeconómico este é um indicador irrefutável.
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Avaliam-se as despesas ou a dotação, nunca se avaliam as despesas pelo resultado que se quer alcançar e muito menos se avaliam depois se eles foram alcançados ou não."[Moi ici: Ui!!! Esta é uma velha guerra deste blogue. Aquilo a que chamo os monumentos à treta. Os Planos de Actividade dos organismo da Administração Pública. Por exemplo: Junho de 2007, Maio de 2008]
Trechos retirados de "Teodora Cardoso avisa que “situação está mais complicada” e que empresas já não têm pé de meia"
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