domingo, novembro 17, 2019

Subir na escala de valor

Em Setembro de 2017 escrevi em "Temos ainda muito trabalho por fazer":
"Há tempos, ao auditar um fabricante de moldes, tive um choque. Percebi algo que até então me passava ao lado. Para mim um molde era, basicamente, um bloco composto por peças metálicas. Agora, vejo um molde como algo bem diferente, uma espécie de relojoaria mecânica e digital ou mesmo de computador. A parte metálica está lá mas tem pouca margem e é feita cá em Portugal. A parte do fillet mignon, a parte com as margens generosas, é feita na Suíça e Alemanha. E os clientes, alemães e franceses, especificam que querem os sistemas de injecção do fornecedor A ou os componentes do fornecedor B."
Lembrei-me disto ao ler um documento sobre uma empresa de metalomecânica que encontrei na internet. A certa altura encontrei isto:
E lembrei-me destes amigos.

Quando no postal "Salário mínimo, produtividade, motivação/malandragem e desemprego (parte II)" falo em trabalhar o numerador é disto que falo:
  • Há 30 anos mandava-se fazer um silo ou um tanque e ponto
  • Agora, imagino o potencial valor que se pode acrescentar ao metal ao acrescentar os sistemas de comando e controlo. A tal Indústria 4.0
Pergunta sincera: Até que ponto os criadores destes sistemas são prata da casa? Até que ponto ainda são vistos como um serviço a subcontratar?

BTW, na semana passada, durante uma das conversa oxigenadoras, apareceu o tema da produtividade. O meu parceiro chamou-me a atenção para a equação:
E para a seguinte situação:

Quando se fala em aumentar a produtividade os empresários, normalmente, não olham para a sua função, a de melhorar o numerador e só apontam o dedo para a necessidade de melhorar o denominador. Já os trabalhadores, quase sempre não entram na discussão, não a vêem como sua. No entanto, quando entram, quase sempre como sindicalistas, fazem a mesma figura dos empresários, e esquecem onde podem mexer e apontam o dedo à outra parte. Juro que me lembrei logo deste nome: Maconde. Foi chegar a casa e pesquisar aqui no blogue... 2007.

Olhemos agora em 2019, com a vantagem de estarmos em 2019, o que aconteceu em 2007. Perante um tsunami como o de então, teriam feito alguma diferença melhorias incrementais?
- Não!
O sindicalista teria aceite que a empresa precisava de encolher e despedir?
- Duvido!
A administração teria aceite que a empresa teria de mudar de modelo de negócio?
- Duvido!


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