sexta-feira, outubro 26, 2018

Feike Niús e o têxtil

Guardarei para sempre uma frase de Medina Carreira, "Quando o Manel e a Maria chegam à Bolsa é o momento de que lá está sair".

Nos últimos 10 anos, quando era completamente fora do mainstream, nós aqui no blogue descrevemos e explicámos dezenas, talvez centenas, de casos de sucesso na microeconomia. No calçado, no têxtil e vestuário, no mobiliário, na metalomecânica, ... 

Agora que começo a sentir no ar uma alteração de ciclo, sintoma de uma correcção que está para breve, e que nada tem de anormal. As correcções são como o Inverno, fenómenos naturais que ajudam a evitar fenómenos tipo "run-away reactions".

Agora que começo a sentir no ar essa tal alteração de ciclo começo a apanhar textos no mainstream a explicar com algum detalhe as razões do sucesso e alguns dos motivos que vão cavar a correcção. Recomendo a leitura de "A alta-costura mundial já é "made in Portugal"", alguns exageros típicos, mas um artigo completo:
"Fecharam milhares de empresas e, entre 2005 e 2011, desapareceu 34% do emprego. Sobreviveram as unidades que investiram em tecnologia, recursos humanos qualificados e na internacionalização. [Moi ici: Sobreviveram as unidades que mudaram de modelo de negócio, que mudaram de clientes-alvo, que mudaram de proposta de valor. Isso levou a alterações no resto] Portugal deixou de ser um país "simpático e baratinho" para a manufatura e passou a figurar como especialista em produtos inovadores de alta qualidade [Moi ici: Terminologia que pode levar a interpretações erradas. Por exemplo, os artigos fast-fashion feitos em Portugal são alta qualidade? Come on! Passamos a ser especialistas em pequenas séries, entregas rápidas, flexibilidade. Recordar as imagens das fábricas chinesas e 2007] a preço médio. As exportações têm vindo a aumentar desde 2014, [Moi ici: Grande peta. Feike Niús! Crescem desde 2010, ver gráfico abaixo. Recordo 2010] tendo crescido 3% em valor no ano passado, com um peso de 13,3% do total das vendas ao exterior.
"Se não fossem as máquinas, não conseguíamos produzir o que produzimos hoje, dada a falta de mão-de-obra", ... "Se tivesse mais pessoal, aumentava a produção em 20-25%, era só deixar de recusar trabalho dos clientes que temos", adianta.[Moi ici: Meio a brincar, na passada quarta-feira, ao comentar numa empresa industrial de Oliveira de Azeméis esta notícia  Disse: Estamos quase a começar a ouvir os protestos dos empresários incumbentes contra os apoios dos governos que vão contribuir para que outros se instalem e lhes "roubem" trabalhadores]
"As escolas têm feito um trabalho importante na formação, mas ainda não chega. Vamos ter de criar escolas com maior componente prática e dar atratividade ao setor [Moi ici: E recuo a 2011 e a "Não é impunemente que se diz mal", a mania de estar sempre com um discurso de coitadinho para sacar uns apoios e subsídios tem consequências] que, há uns anos, passou por maus momentos. Hoje já não é assim",
...
"Pedem-nos em seis semanas o que antes demorava seis meses. [Moi ici: Outra previsão fácil - 52 épocas por ano" Imaginam as empresas que trabalham com o je, ou que lêem este blogue desde 2006, a batota que terão feito nos últimos anos, quando a maioria chorava e se aninhava junto dos políticos em busca de proteccionismo?] Portugal consegue matérias-primas em duas semanas e consegue produzir em quatro a cinco semanas", resume César Araújo. "Há 30 anos, Portugal estava isolado num canto da Europa. Hoje, está no centro do Mundo e pode ser um polo logístico de valor acrescentado", acrescenta."

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