Em "O que os números das exportações me sugerem" refiro:
"Exportações da cerâmica disparam em seis anos e 2016 pode trazer recorde;"Em "Cerâmica à procura de negócios da China" encontramos um retrato de empresas dinâmicas e optimistas que vêem na Ásia oportunidades de negócio interessantes. Em 2014 já era possível ver que a orientação estratégica estava a ganhar força, "O exemplo da cerâmica".
No entanto, em 2012 escrevia um postal com este título "Presos a estratégias obsoletas que geram margens cada vez mais comprimidas e salários cada vez mais espremidos" acerca do sector cerâmico ter conseguido barreiras alfandegárias contra os produtos chineses. E em 2016 em "Egocentrismo sectorial" surpreendia-me com a incapacidade de calçarem os sapatos do outro. Primeiro pedem proteccionismo para eles. Depois, quando os outros também o pedem ficam preocupados.
Irei ser injusto em alguns casos mas tenho uma teoria que defende que normalmente os líderes das associações sectoriais são provenientes não da vanguarda do sector mas das empresas mais débeis em termos de pensamento estratégico (o calçado, por exemplo é uma honrosa... muito honrosa excepção). Recordo "O poder das associações e nas associações" e "Mixed feelings".
Como terá evoluído o sector cerâmico?
Será que a variabilidade intra-sectorial aumentou? Será que as empresas que apostaram na exportação estão melhor e a ganhar mais e, as empresas preocupadas com a entrada de cerâmica chinesa no nosso país também progrediram? Ou será que continuaram presas a estratégias obsoletas?
Alguém por aí tem informação que ajude a perceber a evolução dentro do sector?
1 comentário:
boas!
curioso falar deste sector, do qual já falo há bastante tempo, e creio mesmo que, tivesse este sector mais próximo geograficamente do Porto e teria maior exposição mediática.
o sector é constituído por diversos sub-sectores (estrutural, placas cerâmicas, decorativa e sanitária), todos eles, regra geral, bastante exportadoras, com menor peso no caso da estrutural dada a dificuldade de logisticamente ser competitiva.
nos últimos anos, a indústria tem crescido, fruto de investimentos avultados e de uma orientação muito focada em produtos de maior valor, em diferenciação, em inovação, em trabalhar com arquitectos, na aquisição de maquinaria state of the art.
a cerâmica, à semelhança do que acontece em outras indústrias como têxtil, calçado, mobiliário, têm vantagens intrinsecas pelo facto de estarem em Portugal. se no caso do têxtil temos a única industria verdadeiramente vertical (a mais próxima é a Turquia), no caso do mobiliário e calçado know-how especifico em áreas onde há pouca mão de obra disponível no resto da europa (lembrar que são sector pouco capital intensivos, logo a mão de obra assume particular importância), no caso da cerâmica conjugam-se dois factores: mão de obra com muito know-how e, simultaneamente, acesso a matérias primas. as indústrias alemãs ou italianas, por exemplo, têm que importar massivamente matérias de Turquia e Ucrânia, entre outros, enquanto que Portugal tem uma grande riqueza a nível de quantidade e qualidade das matérias primas, com todas as vantagens decorrentes.
não é de admirar que existam investimentos alemães, franceses e italianos em Portugal neste sector.
do que conheço, quase tudo exportador, mas se for possível uma politica proteccionista na europa, nenhum recusa, dado ser o maior mercado. adicionalmente, relembrar que não foi aplicada nenhuma medida proteccionista, foi sim uma penalização anti-dumping à China.
abraço!
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