"o investimento que apareceu, quase todo extracomunitário, apostou sobretudo na compra de grandes empresas já existentes (PT, EDP, REN, Cimpor, Efacec, BESI, Luz Saúde, Fidelidade, etc.) e não em novas empresas que pudessem ser estruturantes para o tecido produtivo nacional, como foram os investimentos nos anos 80/90 da Renault e da Ford/Volkswagen para o nascimento da indústria nacional de componentes para automóveis"O que aconteceu entretanto no mundo?
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Qual o impacte da China?
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Qual o impacte da reformulação das cadeias de fornecimento?
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Recordar o exemplo da Malásia versus a Coreia do Sul em "O offshoring mudou o mundo".
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Não podemos esperar que aquilo que era possível nos anos 80/90 continue a ser a melhor opção na segunda década do século XXI.
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Trecho retirado de "Algo de novo no investimento"
3 comentários:
concordo em absoluto com o que diz.
hoje, nos países desenvolvidos, cada vez há menos "novas auto-europas". e mesmo nesse caso o exemplo da Embraer será dos mais significativos alcançados em Portugal nos últimos 50 anos.
não é tanto pela fábrica de Évora em si, mas pelo arrastamento que pode trazer para a economia em geral. sectores como têxteis, moldes, couros, plásticos, metalomecânicas de precisão, de repente, têm a possibilidade de trabalhar de perto com a indústria aeronáutica. são levados a trabalhar com clientes mais exigentes, mais sofisticados. como costuma referir por aqui, é com este tipo de clientes que se evolui.
aliás, no mesmo Expresso, fala da ISQ a trabalhar com outras metalomecânicas para fazerem testes às novas asas da Embraer. é um exemplo do arrastamento que digo. de repente o ISQ cria uma estrutura em Castelo Branco dedicada à aviação e algumas metalomecânicas que nunca tinham sonhado trabalhar esse sector estão a desenvovler capacidades nessa área.
um pouco à semelhança da discussão que tivemos no passado com a fábrica da IKEA. acho que foi muito positivo, não é concorrência para ninguém na zona, e é quase uma escola. qualquer director ou empregado da fábrica que queira montar um negócio ou vá trabalhar para uma PME próxima, vai com novas ideias, novas exigências, tudo.
um bem haja!
Bruno Fonseca
Tem razão no caso da Embraer Bruno.
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Contudo, confesso que fico sempre de pé atrás. Desconheço quanto custou e custa todos os anos, em benesses fiscais que as PME não têm, a vinda e a permanência da Embraer.
meu caro,
não digo que não. mas há vários projectos que provavelmente têm benesses semelhantes, por exemplo no turismo, e não têm esta influência na economia.
mesmo no caso da AutoEuropa, creio que a principal benesse para Portugal foi tanto ao nível de fornecedores como de exportações (que valem o que valem, como se viu com a Quimonda).
a AutoEuropa "criou" um cluster à volta. basta ver que hoje as principais têxteis trabalham o segmento automóvel (TMG, Coindu), e que isto foi possível então devido à AE. nos couros, a Couro Azul teve percurso semelhante. e nos plásticos e metalomecânicas nem se fala, inclusive na "reciclagem" de empresas dedicadas a duas rodas que de repente trabalham no automóvel.
curiosamente, muitas destas empresas trabalham no segmento automóvel sem trabalharem com a AE. a saída da Ford do consorcio foi má para várias empresas, dado terem mais mentalidade de multinacional com vários fornecedores.
portanto, sendo certo que há benesses, sinceramente, a serem dadas, que sejam dadas a projectos como este.
um bem haja!
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