terça-feira, março 25, 2014

Um povo de comerciantes

Muitas vezes usamos, a começar por mim, a figura de Oliveira de Figueira
com uma conotação negativa.
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Por que é que Hergé terá criado o português Oliveira de Figueira, o comerciante que aparece nos sítios mais exóticos a fazer negócio?
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Recordo a nota pessoal de Martin Page no seu livro "A Primeira Aldeia global":
"Foi a primeira vez que, pelo menos conscientemente, me tinha cruzado com portugueses [Moi ici: Que em pleno Congo em revolta o tinham acabado de salvar] - um primeiro encontro, não apenas com a sua extraordinária disponibilidade para ajudar um estrangeiro em apuros, mas também com o seu misto de fanfarronice, honra, ingenuidade e sangue-frio" 
Um povo que é comerciante há mais de 500 anos não precisa de seguir o caminho da inovação germânica ou da escala americana, para conseguir fazer negócio. Basta ouvir, basta estar disponível para ouvir, interagir, calçar os sapatos do cliente e fazer algo à medida.
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Não pude deixar de pensar nisto ao ler, por sugestão do André Cruz, "Indinor cria rede de agentes na China":
"A unidade química de Famalicão fornece no exterior a indústria de curtumes e calçado e não receia enfrentar os fabricantes locais, que vendem aplicativos semelhantes a metade do preço. A vantagem reside na "confiança que inspira a origem europeia e no rendimento do produto", diz Rui Faria, presidente da empresa. A base de Famalicão tem sempre os seus técnicos a viajar para dar formação aos clientes e adaptar a aplicação dos produtos às especificidades regionais. Por exemplo, há zonas da índia em que a pele é ainda posta a secar ao sol. Um dos segredos "é fornecer soluções à medida", beneficiando da flexibilidade das suas linhas de produção. Por isso, a sua ação não dispensa a consultoria técnica e os seus especialistas "envolvem-se frequentemente na definição das condições de operação e no desenvolvimento de novos processos para o tratamento do couro ou tecidos"

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