quarta-feira, outubro 23, 2013

O exemplo da Nexx

Ontem, ao folhear o Diário Económico encontrei mais um relato interessante de uma empresa portuguesa a Nexx. O artigo é "Nexx duplica produção em 2014".
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Em que é que apostam? Qual a base da proposta de valor?
"A inovação ao nível das características técnicas dos capacetes, do conforto e do design, tem-lhe trazido notoriedade nacional e internacional."
Eis um relato que demonstra o poder da experiência sobre o excel, o poder do valor sobre os custos, o poder da diferenciação:
""Há fenómenos que aconteceram ainda antes de começarmos a trabalhar para isso. Por exemplo, quase no início da Nexx, em 2004, 2005, fez-se um capacete revestido em ganga, que começou por ser uma brincadeira, a nível interno da fábrica, foi levado para uma feira, e de repente estava a aparecer em tudo o que era revista de moda. Hoje em dia a empresa já começa a ser uma presença assídua nas revistas""
Não descurando a parte técnica, fundamental para não afugentar os influenciadores, prescritores e consumidores:
"Nos últimos anos, acrescenta, desenvolveu-se também o fenómeno dos "reviews", ou seja, das análises técnicas de publicações especializadas. "Felizmente, temos tido excelentes "reviews" que, por sua vez, também têm influenciado os leitores""
Contudo, para mim, ignorante do sector, isto, porque é replicável facilmente para quem tem know-how e dinheiro, não passa de um bilhete para poder competir. A diferença vem depois:
"A Nexx procura seguir as tendências da moda, utilizando mais de 40 cores nas diferentes gamas de produto. O design inovador chama a atenção das marcas de prestígio, caso da Hugo Boss e Swarovsky, com as quais foram estabelecidas parcerias."

4 comentários:

Bruno Fonseca disse...

que excelente exemplo.

produto claramente identificado, vai tentando subir na cadeia de valor através de pequenas séries, associa-se a marcas de renome, a investir na capacidade produtiva, etc.

há um aspecto importante, e que volta e meia creio não ficar claro nos seus textos, que diz respeito à necessidade de massa crítica, tanto da própria empresa como da própria produção.

em relação à dimensão da empresa, a Boss ou a Swarowsky não se associam a empresas demasiado pequenas, pro vários motivos, especialmente pelos riscos reputacionais (ninguém garante que amanhã a empresa feche ou que surjam questões de informação danosa).
por outro lado, para ser rentável, a produção tem que ter um mínimo. obviamente que não falamos de quantidades como na China, mas fazer peças únicas, por norma, não é rentável.

em relação ao caso da tal empresa que referi trabalhar para a Ferrari, a verdade é que quando trabalha para a Ferrari não ganha dinheiro, ganha essencialmente "nome" e a possibilidade com o state of the art. como a produção para os italianos é tão pequena, não é rentável, porque apenas fazem 1 peça/máquina para eles. é rentável porque para outros clientes fazem várias máquinas. cada modelo é customizado às necessidades do cliente, são peças únicas, mas são várias, e aí é que está a rentabilidade.

já tive com várias situações em que a produto era fenomenal, mas era quase "hand made", e chega-se à conclusão que não é rentável em muitas situações tal política.

bem haja!

CCz disse...

Caro Bruno,

"há um aspecto importante, e que volta e meia creio não ficar claro nos seus textos, que diz respeito à necessidade de massa crítica, tanto da própria empresa como da própria produção"

A maioria das empresas com que trabalho não quer perder a independência, com a entrada de sócios capitalistas, ou não quer/pode contar com empréstimos bancários. A maioria quer arranjar procura para uma capacidade produtiva tornada ociosa com a quebra do mercado interno.
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Por isso, são essas as preocupações e motivações que me infectam e que naturalmente saliento.

CCz disse...

Anda um outro ponto Bruno,

Não conheço o sector do tomate mas acho-o tão esquisito. Ás segundas, terças e quartas contentam-se e comunicam o sucesso do sector e da produtividade e...
Às quintas, sextas e sábados, protestam e exigem mais apoios, mais subsídios... senão o sector corre riscos
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Acho estranho

Bruno Fonseca disse...

boas meu caro!

em relação ao tomate, "quem não chora não mama". o sector está bem, mas existem diversos pequenos produtores que são rentáveis por causa dos apoios.

em relação à entrada de um sócio capitalista, quando falo em dimensão digo que um empresa com 6 trabalhadores não consegue chegar a uma Boss ou Swarowsky. precisa de dimensão.
aliás, é curioso ver o exemplo do têxtil que refere, a H&A, é o resultado da fusão entre 2 empresas distintas, bastante complementares. é um excelente exemplo. neste caso, a soma das partes dá algo maior. e como este exemplo conheço vários.

abraço