domingo, junho 02, 2013

Portugal aproveitou bem os fundos comunitários?

Esta semana, a propósito do tema do aproveitamento dos fundos comunitários, tenho ouvido muitas opiniões. Desde os que destacam a orgia de alcatrão e betão, até aos que defendem que não interessa onde o dinheiro foi aplicado e que 9 milhões de euros por dia foi pouco, deviam ter sido mais.
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Gostava de chamar a atenção para um ponto que ainda não vi referido nas análises.
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Muito do dinheiro que foi investido na indústria, aquando da adesão de Portugal à então CEE, podia estar justificado por estudos sérios e muito completos; contudo, com a entrada da China nos circuitos económicos e com a adesão dos países da Europa de Leste à União Europeia, o cenário mudou. Aquilo que era uma vantagem competitiva portuguesa, os custos baixos, desapareceu quase de um dia para o outro.
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Assim, todo esse dinheiro investido em projectos baseados nos baixos custos acabou por falhar. Basta ver o que o dinheiro privado das multinacionais do calçado fez, entrou em Portugal porque fazia sentido económico e foi-se embora, quase todo ao mesmo tempo, quando passou a fazer sentido ir embora.
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Uns podem achar que é uma injustiça, para mim... volto a Guterres:
"É a vida!"
Há que recomeçar outra vez, procurar outro ponto a partir do qual se possa alicerçar algo e construir.
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Claro que muitos não conseguem, querem sempre culpar alguém, acham que alguém lhes roubou o queijo que eles achavam que estava garantido...
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Nada que a renovação das gerações não resolva.

3 comentários:

Bruno Fonseca disse...

a entrada destes grupos foi fundamental, na altura, para a evolução competitiva dos sectores de negócio.

grande parte do êxito actual do calçado deve-se ao "legado" deixado em Portugal por muitas das multinacionais que deixaram. é impossível comparar o que é o calçado hoje com o que era em 86, quando apareceram as multinacionais. houve uma evolução tremenda, e ao deixarem o país, ficou um know-how fenomenal.
tal como o têxtil. o têxtil é o que é hoje em grande medida por causa das multinacionais que vieram para cá. tanto as que só subcontrataram como as que entraram mesmo. foi fundamental para a evolução que o têxtil.

e muitos outros sectores.

por exemplo o mobiliário evoluiu imenso por causa dos franceses, que aliás, foram quase a origem do pólo de Paços / Paredes.

ou as multinacionais farmacêuticas. a saída da Bayer permitiu criar a Bluepharma, que está agora a desenvolver imensas start-ups. se não fosse a Bayer, simplesmente aquilo não existiria.

tal como a Autoeuropa criou, basicamente, uma indústria de componentes, que agora vai muito além da Autoeuropa! são fornecedores da industria ibérica. se não fosse a Ford, isto não existiria.

a chegada destas empresas têm um considerável efeito spill-over!

portanto, hajam mais casos destes.
aliás, tenho ideia que o próximo grande desenvolvimento em Portugal será da Embraer. pena que não hajam mais.

Bruno Fonseca disse...

já agora, a respeito do caso Ikea em Paços de Ferreira.

surgiram notícias que referiam que a facturação industrial em 2012 foi de 140 milhões de euros, e que esperam até 2017 atingir os 210 milhões de euros.

portanto, ao analisar a evolução das exportações do mobiliário, deve ter-se em atenção este pormenor.
bem haja!

CCz disse...

http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/transportes/detalhe/sector_aeronautico_portugues_vive_periodo_dourado.html