sábado, março 23, 2013

Maldita espiral recessiva

"No final do mês de fevereiro de 2013, estavam inscritos, nos Centros de Emprego do Continente e Regiões Autónomas, 739 611 desempregados, número que corresponde a 82,0% de um total de 902 394 pedidos de emprego.
O número de desempregados registados aumentou 14,1% (+91 593 inscritos) face ao mês homólogo de 2012. Em relação ao mês anterior a variação foi de -0,1% (-451 inscritos)."
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BTW, o director-geral da Autoeuropa parece que tem muita mão-de-obra disponível no mercado de trabalho:
"No que se refere à escolaridade dos desempregados, a comparação com o mês de fevereiro de 2012, mostra que em todos os níveis se verificou um agravamento do desemprego, destacando-se o ensino superior com +37,7%."
Interessante:
"Os três grandes sectores de atividade económica assinalaram uma evolução anual do desemprego no sentido ascendente, merecendo destaque as variações percentuais ocorridas nos subsectores: “atividades financeiras e de seguros” (+25,1%), “atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares” (+21,8%), “comércio, manutenção e reparação de veículos automóveis e motociclos” (+20,9%),
“eletricidade, gás e água, saneamento, resíduos e despoluição” (+20,0%) e “construção” (+19,7%). Em oposição, a “fabricação de têxteis” apresentou a quebra mais significativa (-12,3%), seguindo-se a “indústria do couro e dos produtos do couro” (-7,2%) e a “indústria do vestuário” (-3,7%)."
E como o FMI salvou o Norte (embora duvide cada vez mais da coragem para levar a mudança a bom porto, recordar Avelino de Jesus recentemente e destas asneiras):
"Em relação ao mês anterior, o desemprego aumentou em cinco das sete regiões do País, as exceções verificaram-se nas regiões Norte e Centro que apresentavam decréscimos de, respetivamente, 0,5% e 0,8%."
BTW, o quanto eu gostava de ver as percentagens de vendas yoy das lojas Pingo Doce por concelho.

Trecho retirado daqui.

3 comentários:

Zé de Fare disse...

Fascismo social. O Paul Krugman já respondeu... No fim de toda esta destruição virá mais destruição.

A virtuosa irlanda:

The two positive contributors to growth were net exports at 2.8% and capital formation at 0.1%. However, the exports gains were in services, specifically 'computer services' which grew 15% but this mainly reflects fake exports arising from diversion to Ireland of end-user revenues in other markets by the likes of Google, Microsoft and Facebook.

e sobre o milagre dos que vão à frente:

jobs in the FDI and indigenous export sectors are at the 2000 level -- 12 years ago!- - despite claims of an export miracle.

Avelino de Jesus faz parte da claque do Governo. Faz parte daqueles que sentido-se orfãos da narrativa económica pretendem lutar contra a realidade. A austeridade é uma farsa, um projecto de fascismo social.

Carlos Albuquerque disse...

A espiral recessiva tem a ver com dois indicadores: PIB a cair e desemprego a subir. Mas Avelino de Jesus centra a sua teoria em "a adaptação automática e rápida dos preços e salários e a realocação de recursos mal aplicados para sectores mais produtivos". Ora o que se tem visto é que não há realocação para actividades com maior valor ou valor equivalente. A austeridade está a atirar pessoas para fora da actividade económica a um ritmo alucinante e a estas pessoas oferece quando muito empregos que não pagam o suficiente para viver. Por isso o PIB não pára de cair. Claro que se cair muito e rapidamente acabará por bater em algum fundo. E como se costuma dizer: até um gato morto quando cai de muito alto ressalta no chão. E Avelino de Jesus nem sequer considera os riscos políticos. Continuar por este caminho aumenta de tal modo os riscos de instabilidade social e política que até este governo, completamente obcecado pelas teorias à Avelino, já percebeu que tem que parar.

Num mundo ideal a teoria do Avelino acabaria por dar frutos. No mundo real antes da teoria do Avelino dar frutos num país como Portugal, começariam a acontecer problemas tão graves que não haveria a recuperação do Avelino.

Agora se tiver indicadores de crescimento (e não apenas de travagem na queda), isso serão boas notícias.

Mas falta muito nestas teorias a capacidade de ver a sociedade, as pessoas e a política além da estrita eficiência económica. É que a estrita eficiência económica é a do burro do espanhol: quando se habituou a viver sem comer deixou de trabalhar.

CCz disse...

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