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Trata-se de uma alternativa já aqui avançada para alguns negócios, passar de uma relação diádica:
Para um ecossistema da procura:
E ver como agente-pivô do modelo de negócio não os pagadores, os estudantes/famílias, mas as empresas.
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Já trabalhei com empresas na aplicação deste tipo de alteração ao seu modelo de negócio. Empresas incapazes de competir pelo preço mais baixo mas que tinham uma oferta com valor para outros agentes com os quais não costumam trabalhar directamente e que têm um poder de influência ou de prescrição sobre os clientes-pagadores.
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Claro que faz sentido também testar esta alternativa mas:
- não implica, para as universidades, um esforço de humildade e de abertura para o exterior a que não estão habituadas?
- não implica as empresas pensarem muito mais no depois de amanhã do que o fazem actualmente?
- de que (empregadores) empresas-chave estamos a falar? A nível nacional? A nível da UE? A nível da CPLP?
- as empresas em Portugal, se calhar no resto da Europa é o mesmo, estão mais habituadas a colher do que a semear para o longo prazo (e não admira, dada a carga impostal que têm de suportar). Que percentagem de empresas em Portugal, mesmo entre as mais ricas e viradas para o futuro, não dá uma hora de formação aos seus trabalhadores e quadros sem o apoio do POPH, do QREN ou outra ferramenta do género?
- qual o universo de cursos onde isto poderia funcionar?
4 comentários:
Caríssimo,
Agradeço desde já a atenção dispensada ao meu comentário anterior e o tempo que obviamente dedicou a ponderar esta hipótese.
Li com atenção o "post" e as objecções/obstáculos levantados e devo dizer que concordo no geral com todos eles.
Há no entanto uma série de observações que gostaria de fazer mais para complementar do que outra coisa.
1. A humildade de que fala é a humildade que, por exemplo, a IBM teve que ter em inícios de 90 quando percebeu aquilo que estava a acontecer no mercado. Estava a ser vítima de disrupção e precisou ter essa "humildade" para perceber que não podia continuar a vender "caixas" mas sim "soluções" porque o JTBD dos seus clientes tinha mudado. É um processo doloroso sem dúvida mas essencial para a sobrevivência de uma empresa. Se as universidades não mudarem por si, terão concerteza uma "troika" qualquer que as obrigará a mudar.... "o ajustamento faz-se sempre"
2. No modelo que eu propus, os alunos continuam a pagar propinas e não são substituídos pelas empresas nesse aspecto. Concordo com a observação relativamente à subsídio-dependência dos QREN e Q-jandes, mas como se viu ainda há poucos dias, essa fonte está em vias de secar...
3. A visão que avança sobre o futuro da educação, onde a fragmentação impera, ainda me convence mais relativamente a este modelo. Perante a fragmentação do modelo de ensino, as empresas terão que procurar sinais de qualidade, i.e. terão um outro JTBD: "Na ausência de standards e de referências (marcas! como FEUP, IST, MIT,..) como saber que esta certificação altamente customizada X é realmente boa?". Claro que aparecerão novas marcas, para além das antigas que já entraram neste modelo, mas levará tempo. Isto pode levar as empresas a fazerem "backward integration" e criarem as suas próprias escolas para garantirem o factor critical-to-quality. Pergunto-me por exemplo, se não pode ocorrer algo semelhante do que na India, onde devido à falta de infrastruturas básicas de qualidade, muitas empresas desenvolveram os seus próprios serviços sociais, de fornecimento de água e electricidadde, etc...
4. Último ponto relativamente ao universo de cursos e as empresas chave: terão que ser empresas onde a diferenciação venha essencialmente do factor humano. Um bom exemplo são as empresas de TI. Pegando na Novabase como exemplo, vemos que eles já desenvolveram a Novabase Academy - se ler o último comunicado de resultados verá que esta foi o principal instrumento de recrutamento com 192 recém-licenciados a entrarem para os quadros. A Novabase investe também em parcerias com universidades: por exemplo o programa Carnegie-Mellon. (Disclaimer: eu NÃO trabalho na Novabase). Não sei até que ponto será tudo financiado pela Europa (altamente provável), mas está patente nos documento públicos da empresa o seu enfoque na diferenciação através da qualificação dos recursos humanos.
O mesmo se aplica às outras empresas de TI que têm na criatividade e competência dos seus recursos uma das poucas armas de diferenciação.
Aqui fica, agradeço uma vez mais a atenção e até ao próximo postal que "despolete" a minha participação!
Obrigado,
Miguel Pires
Obrigado pelas achegas Caro Miguel
http://www.nytimes.com/2013/02/11/us/lawyers-call-for-drastic-change-in-educating-new-lawyers.html?_r=1&
http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=68115&utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter
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