terça-feira, agosto 21, 2012

Foi em Junho de 2012

Na sequência de "Ainda antes de Julho de 2012", confirma-se!!!
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Dados do Banco de Portugal relativos a Junho de 2012 temos:
Era bom que isto fosse o princípio do fim de um modelo de economia insustentável em que fomos embalados.

14 comentários:

Ricciardi disse...

Acha mesmo que, o valor das importações é sustentável, isto é, que resulta da capacidade que tivemos em produzir internamente o que importavamos?
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Parece-me que não. Deixamos de importar o mau... e o bom, os bens de consumo e os bens de investimento. Não porque já não precisamos de os ter, mas porque não temos dinheiro para os adquirir. Um bom exemplo é o parque automovel cuja média etária está já nos 12 anos. Velhos portanto, à espera de uma folga nos mercados para adquirir com toda a força mais carrinhos. Não tarde nada e veremos o estado a fomentar, mais uma vez, o abate dos velhos para motivar a compra de novos para gaudio das fabricas alemãs. A sô dona Merkel deve estar já a preparar um pacote de ajuda comunitária nesse sentido.
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Ao mesmo tempo é explicitamente proibido importar carros indianos e chineses, a 1500 euros cada um, aqueles que estao de facto de acordo com a real capacidade financeira dos portugueses. Dizem que não passaram nos testes de qualidade e segurança que os boches promoveram. Barreiras, enfim, que aproveitam a industria de alguns.
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Rb

Eduardo Freitas disse...

Não vejo que estejam a ser removidos os inúmeros e gigantescos obstáculos que dificultam, quando não impedem, o desenvolvimento da economia privada.

Chegámos a estes resultados por duas razões. Uma primeira, positiva, porque o nosso pequeno sector exportador é de uma resiliência e capacidade de adpatação notáveis; uma segunda, lamentavelmente muito mais importante, porque batemos contra uma parede - a parede de uma realidade onde não há crédito e o que há (o que sobra, satisfeitas prioritariamente as necessidades de financiamento do Estado) é caríssimo.

Para podermos construir uma nova realidade, sólida e duradoura, o Estado tem que recuar. Muito.

Não estou optimista.

Objectivamente, não vejo razões para que tal suceda.

CCz disse...

Caro Ricciardi.

Relativamente ao 1º parágrafo - pergunta-me se o actual valor das importações é sustentável. Pergunto: não faz mais sentido perguntar se o anterior valor das importações é que era sustentável ou não? Uma vez que era assente em crédito fácil e barato, já sabe a minha resposta. E lembre-se, não estou contra o consumo, nem contra as importações, tenho é medo do consumo baseado em crédito e não em poupança.
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Relativamente ao 2º e 3º parágrafo - pergunto, não se está a contradizer? A falta de crédito é má porque o parque automóvel está velho, bom seria renová-lo com crédito barato e apoiar assim a indústria automóvel alemã. Pergunto, é assim tão crítico ter um parque automóvel mais novo? O meu carro tem quase 17 anos e não tenho intenção de dar dinheiro fácil ao Estado em impostos com a compra de um carro novo nos próximos anos.
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Relativamente ao 3º parágrafo - A sua crítica à UE costuma ser a de que ela não é suficientemente proteccionista. Não lhe ocorre que talvez, só talvez, realmente os carros não estejam preparados para as exigências de segurança que todos os carros que circulam no espaço europeu têm de cumprir? Claro que isto é uma especulação da minha parte porque não tenho informação suficiente para me pronunciar. Aliás, até pensava que o Geely já estava aprovado.

CCz disse...

Caro Eduardo.
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Não podia estar mais de acordo consigo, mas o Estado é como a "mãe" que concordou com Salomão, já que a sua cria morreu, é de justiça matar a cria dos outros.

CCz disse...

Caro Eduardo.

Penso que fica melhor assim:O Estado é como a mãe que concordou com Salomão, já que a sua cria morreu, mate-se a outra... é uma questão de equidade

Ricciardi disse...

Bem, CCZ, tudo isto redunda numa coisa simples: o aumento de impostos e os cortes de salarios, numa população que já tinha impostos elevados e salários baixissimos, significa que os portugueses não tem capacidade de suportar o nivel de exigencia que a UE imprime através de normas e normativos. Vejamos, se nao é possivel aos portiugueses comprar carros novos europeus ou japoneses, os critérios de qualidade e segurança para importar carros indianos e chineses só pode baixar. Nos paises pobres, aonde não há poder de compra não pode existir esses luxos. Assim como tem de se eliminar todas as regras e normas comunitárias que foram pensadas para serem aplicadas num país desenvolvido, e que abrangem todas as áreas. Não é possivel baixar o rendimento das pessoas e manter a exigencia, a nivel ambiental, laboral etc.
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Se o caminho é o empobrecimento, então a lei vai ter de voltar a permitir que os filhos passem a trabalhar para ajudar os pais. Que esqueçam a escola.
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Se este é o caminho, não podemos ter expectativas tao altas para manter a mortalidade infantil. Corte-se nas vacinas e nos cuidados pré-natais, como dantes.
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Não podemos ter um país de gente pobre e com exigencias ao nivel de uma alemanha.
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Se não querem gastar para manter a civilidade, então temos de rever tudo, compreende?
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Eu costumo dizer que já não se pode ser pobre à vontade. Se um tipo compra um carro em 3ª mão por 500 euros, que é o que pode, com muito custo, adquirir, por outro lado não consegue mante-lo porque é obrigado a ir às inspeções. Até nas motas já estão a exigir isso.
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Aos empresários que produziam para o mercado interno (sim, tambem existem pessoas em portugal para satisfazer) não se pode exigir que construam ETAR's. Se o consumo é fraco, os empresários não podem investir na despoluição dos rios. É voltar a ver o rio AVE ora vermelho, ora preto, ora azul. Quando por lá passava quando era mais miudo, pela hora do almoço, o rio era vermelho. Deviam fazer as camisolas do benfica por essa altura.
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Rb

Ricciardi disse...

Portanto, caro CCZ, a bota não bate com a perdigota, a cara com a careta, o pau com a bordoada.
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Sabe que, CCZ, nem toda a gente consegue fazer com que o seu carrinho dure 17 anos. Olhe, eu apoio isso. É o dinheiro mais mal gasto que há. Mas nós próprios nunca somos bons exemplos. As frotas de carros dos comercias estragam-se rapidamente. EM quatro anos a coisa já nao serve para mais.
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O que lhe quero dizer é outra coisa. Essa decisão de comprar um carro ou não não pode caber ao governo. E de facto o governo está a decidir pelas pessoas ao retirar rendmento. Esa decisão cabe a cada um. Se compra ou nao compra. Ao governo cabe apenas previligiar o consumo daquilo que, em termos macroecnomicos lhe interessa. Quer dizer, se o governo não retirar rendimento às pessoas e der motivação fiscal (entre outras medidas) para promover a poupança, estou certo que teria melhores resultados.
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É essencial que as pessoas sintam que tem dinheiro, ainda que não o possam gastar.
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O efeito de, por exemplo, ào invés de retirar um ou dois subidios de férias o governo pagar os mesmos com titulos do tesouro especialmente emitidos para o efeitos a prazos de 10 ou mais anos, não causa tanta dor e desmotivação e sensaçao de assalto que temos tido.
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A medida acertada para renegociar com a troika seria aquela que a propria alemnha fez com os seus credores em tempos. Condicionar o ritmo de pagamento dos empréstimos ao valor das exportações conseguidas. Isto sim, tem lógica, porque não empobrece o pais. E até penso que nao seria dificil de conseguir esse acordo, uma vez que os alemaes já o tiveram no passado. Eles pensaram bem na altura, nós pensamos mal nos dias de hoje.
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Em Portugal não está em curso apenas um empobrecimento. Está em curso uma delapidação dos activos das pessoas. Se não fosse esta politica cega, parte desses activos poderiam ser reconvertidos para outros negócios, mas o que está a acontecer é a falencia e a venda de activos aos desbarato.
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Os padeiros vao perder os investimetos de toda uma vida. Os padeiros e os outros todos. Nem vao conseguir mudar de negócio. Não existem negocios bons numa soceidade a quem foi retirado rendimento.
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Rb

CCz disse...

Caro Ricciardi,

No passado Domingo à noite na SIC, enquanto Marcelo se espalhava ao comprido na TVI, deu uma reportagem sobre a agricultura em Portugal. Os agricultores e cooperativas que ouvi, diziam mais mal do governo português do que das normas da UE. Num caso, uma cooperativa queria construir um pequeno matadouro semelhante aos que existem na GB, a cumprir as regras da UE custava 25 mil euros. O ministério da Agricultura não permitiu, impôs as mesmas regras que para construir um super-matadouro, teriam de gastar cerca de 150 mil euros. Claro que a cooperativa não avançou com o investimento e houve um incumbente qualquer que agradeceu.

CCz disse...

Caro Ricciardi,

Na altura em que os alemães negociaram essa cláusula tinham um país em ruínas e zero incumbentes. Agora, temos um país em ruínas também, embora invisíveis para muitos, mas temos centenas e centenas de incumbentes, habituados a protecção e alimentação pelo Estado a querer manter a existência num mundo que mudou.
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Quanto à compra de carro, veja a lógica do seu racional... então não é um dos primeiros a criticar o dumping asiático porque não seguem o mesmo referencial que os europeus?

CCz disse...

"Se não fosse esta politica cega, parte desses activos poderiam ser reconvertidos para outros negócios, mas o que está a acontecer é a falencia e a venda de activos aos desbarato."
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Não me interprete mal, não quero ser nem parecer mal educado, mas queria pedir-lhe: consegue um desenho, um esquema, como se eu fosse muito burro, a explicar como seria feita essa transição? Se nem a Kodak a fez?

CCz disse...

"Não existem negocios bons numa soceidade a quem foi retirado rendimento."
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Não?
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Padarias low-cost, por exemplo. Não consigo é perceber como trata o rendimento assente em crédito fácil, como rendimento igual ao assente em poupança.
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Lembre-se são 300/400 mil desempregados da construção, dos recibos verdes do Estado, do comércio...

Eduardo Freitas disse...

Caro Ccz,

A este propósito, os dados do Banco de Portugal a que esta notícia se refere, mais salientam a importância do que afirmei acima. Estamos a melhorar a nossa competitividade, via redução dos custos unitários do trabalho (CUT), no contexto extra-UE mas o mesmo não acontece - bem pelo contrário! -, no espaço intra-UE.

Ora, como agora é evidente com a dimensão da tragédia do desemprego que nos assola, precisamos baixar os CUT. E se é verdade que o Governo algo tem feito nesta matéria, a verdade é o que fez em dose muito modesta e de efeitos dilatados no tempo. Parafraseando António Borges, baixar os CUT "não é uma política é uma necessidade imperiosa". Mas o Governo não tem o que é preciso para que a TSU já tivesse baixado (e substancialmente).

CCz disse...

Caro Eduardo,

Lamento não concordar consigo. Julgo que a análise do BdP está errada.

Espero amanhã escrever sobre isso

CCz disse...

http://t.co/jfADATSj