sábado, junho 04, 2011
O tempo é a variável mais escassa que temos
Ainda hoje escrevi:
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"Cuidado com o ROA."
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O que é o ROA?
Um indicador que mencionei aqui.
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Imaginem uma empresa que fabrica cadeiras de rodas.
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Imaginem que essa empresa se concentra no fabrico de cadeiras de rodas. O que vende é um produto chamado cadeira de rodas.
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Imaginem que essa empresa escolheu como clientes-alvo (normalmente as empresas não escolhem os clientes. Normalmente, as empresas acham que os clientes são um dado não uma variável do desafio. ERRADO!!!) empresas que lidam com o Estado e privados em concursos onde são negociadas compras de grande volume.
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Enquanto essa empresa (e os seus clientes) se concentra em fabricar (e vender) as cadeiras mais baratas do mercado, correndo atrás de concursos e concursos, correndo atrás de materiais na China e subcontratação de tarefas a micro-empresas pelo preço mais baixo, não sobra tempo para parar e fazer contas. Qual é o retorno do capital? O capital está a ser convenientemente remunerado?
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Problema: Por mais esforço e técnicas japonesas que sejam introduzidas numa empresa que fabrica e vende isto:
Ela nunca começará a produzir isto:
Esta é a cegueira de quem quer aumentar a produtividade só com base neste denominador e não com base no numerador.
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Voltando à empresa que fabrica cadeiras de rodas... se ela estivesse nesta lógica perceberia que a cadeira de rodas apenas é uma plataforma, o artifício para iniciar uma relação com um cliente e que o essencial não é produzir uma cadeira de rodas, mas as experiências que o cliente quer, procura, valoriza, sonha... aí o espírito abre-se, a mente flui e não há limites. Se eu estivesse nesse negócio, largava tudo e já hoje metia-me no carro para ir à procura desta gente:
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"É licenciado em Engenharia Informática no Instituto Politécnico da Guarda, onde trabalha no Projecto MagicKey, desde 2007. Chegou ao palco do TEDx Covilhã de cadeira de rodas, porque uma imagem vale mais que mil palavras e Tiago pretendia mostrar, na prática, aquilo que faz: desenvolve, com toda a equipa do projecto, sistemas que pretendem ajudar a melhorar a qualidade de vida de pessoas com graves limitações físicas ou deficiência. Por exemplo, faz com que seja possível mover uma cadeira de rodas através do olhar. "Com os nossos sistemas [de tecnologia de controlo pelo olhar] uma pessoa que não pode sequer comunicar, consegue controlar a televisão, a cama e até enviar mensagens por telemóvel", explica Tiago.Mas realça que essa é apenas uma das características "fascinantes" do projecto MagicKey, onde assume as funções de programador."
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E já agora, vejam o comentário das 11:26:
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"Bem, os negócios do costume, ninguem fala em produzir agricultura, pescas, metalomecánica, estaleiros, enfim, negócios de rabo sentado, o habitual, aprendam com a Alemanha e vejam o que eles exportam.... industria pesada...onde é preciso sujar as mãos com oleo... "
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Comentário de quem acha que produzir coisas, operand resources, é que é importante. Não concordo, prefiro a produção de operant resources.
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"Cuidado com o ROA."
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O que é o ROA?
Um indicador que mencionei aqui.
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Imaginem uma empresa que fabrica cadeiras de rodas.
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Imaginem que essa empresa se concentra no fabrico de cadeiras de rodas. O que vende é um produto chamado cadeira de rodas.
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Imaginem que essa empresa escolheu como clientes-alvo (normalmente as empresas não escolhem os clientes. Normalmente, as empresas acham que os clientes são um dado não uma variável do desafio. ERRADO!!!) empresas que lidam com o Estado e privados em concursos onde são negociadas compras de grande volume.
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Enquanto essa empresa (e os seus clientes) se concentra em fabricar (e vender) as cadeiras mais baratas do mercado, correndo atrás de concursos e concursos, correndo atrás de materiais na China e subcontratação de tarefas a micro-empresas pelo preço mais baixo, não sobra tempo para parar e fazer contas. Qual é o retorno do capital? O capital está a ser convenientemente remunerado?
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Problema: Por mais esforço e técnicas japonesas que sejam introduzidas numa empresa que fabrica e vende isto:
Ela nunca começará a produzir isto:
Esta é a cegueira de quem quer aumentar a produtividade só com base neste denominador e não com base no numerador.
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Voltando à empresa que fabrica cadeiras de rodas... se ela estivesse nesta lógica perceberia que a cadeira de rodas apenas é uma plataforma, o artifício para iniciar uma relação com um cliente e que o essencial não é produzir uma cadeira de rodas, mas as experiências que o cliente quer, procura, valoriza, sonha... aí o espírito abre-se, a mente flui e não há limites. Se eu estivesse nesse negócio, largava tudo e já hoje metia-me no carro para ir à procura desta gente:
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"É licenciado em Engenharia Informática no Instituto Politécnico da Guarda, onde trabalha no Projecto MagicKey, desde 2007. Chegou ao palco do TEDx Covilhã de cadeira de rodas, porque uma imagem vale mais que mil palavras e Tiago pretendia mostrar, na prática, aquilo que faz: desenvolve, com toda a equipa do projecto, sistemas que pretendem ajudar a melhorar a qualidade de vida de pessoas com graves limitações físicas ou deficiência. Por exemplo, faz com que seja possível mover uma cadeira de rodas através do olhar. "Com os nossos sistemas [de tecnologia de controlo pelo olhar] uma pessoa que não pode sequer comunicar, consegue controlar a televisão, a cama e até enviar mensagens por telemóvel", explica Tiago.Mas realça que essa é apenas uma das características "fascinantes" do projecto MagicKey, onde assume as funções de programador."
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E já agora, vejam o comentário das 11:26:
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"Bem, os negócios do costume, ninguem fala em produzir agricultura, pescas, metalomecánica, estaleiros, enfim, negócios de rabo sentado, o habitual, aprendam com a Alemanha e vejam o que eles exportam.... industria pesada...onde é preciso sujar as mãos com oleo... "
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Comentário de quem acha que produzir coisas, operand resources, é que é importante. Não concordo, prefiro a produção de operant resources.
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12 comentários:
CCZ, na minha modesta opinião e tendo em conta a mão de obra existente, na realidade necessitamos como do pão para a boca de industria pesada.
eu sei que suja e não é bonita, mas é esta que produz a escala que necessitamos.
não invalida que estes clusters, sim são clusters, aparecam e cresçam.
a microsoft começou numa garagem.
é um mito e você já muito por aqui o desmistificou, a ideia que em Portugal existe massa crítica com conhecimento para desenvolver situações capazes de produzir valor acrescentado de forma sustentada.
tudo gira a volta da nossa crónica falta de líderes.
sejamos capazes de resolver este pequeno problema e pumbas.
Caro António,
O importante não é o que as empresas querem. O importante é o que as empresas podem fazer, onde podem actuar para ter uma vantagem competitiva minimamente sustentada. Um pequeno país, tirando casos excepcionais, como o da Altri, que deve ser uma loucura em termos de impactes ambientais no longo prazo, não pode competir em indústrias de preço, nunca consegue ter escala e, no nosso caso, organização suficiente para triunfar aí. Além disso, muitas dessas indústrias pesadas são cada vez mais indústrias com pouca necessidade de gente, as máquinas fazem tudo. Nunca se esqueça que as 1000 maiores empresas não-financeiras do país representam cerca de 8% do emprego.
Quanto a essa da crónica falta de líderes, hoje descobri uma que me deixou admirado.
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Os tipos que chegam ao poder para governar o país são iguais à população média. Em vez de elites a chegar ao poder temos vizinhos meus no poder.
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Uma família que passa dificuldades aqui na zona onde vivo, e que passa mesmo dificuldades, para minha surpresa, esta semana trocou de carro.
Caro António não perca a esperança nos pequenos girassóis. Aos milhares fazem um efeito colossal
Mas, ccz, para o pais como um todo, o que é que adianta ter investido em educacao, inovacao (possibilitando a invencao do ibm) quando a producao do mesmo aproveita o emprego de outros paises?
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A sua analise é perfeita ao nivel empresarial, na optica do empresario, mas insuficiente ao nivel macro.
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Se partirmos do pressuposto que que o estado tem de existir para retornar em alguns serviços e infrasestruturas aquilo que cobra em impostos, rapidamente chegamos à conclusão que, a sociedade como um todo, estrá a financiar com impostos o emprego em paises estrangeiros.
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É simples, a america inventa, mas a china produz os inventos. Olhe o meu ipad vem de lá. E, mais grave, o dinheiro dos lucros decorrentes nao retorna ao pais de origem... fica-se pelas ilhas paradisiacas ao abrigo de leis fiscais actrativas. E quando chega, o pouco que chega, está perfeitamente lavado.
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Quem aproveita esta globalizacao feita deste modo?
O desemprego crescente no ocidente e o endividamento dos estados prova claramente que os paises ocidentais são os perdedores. Perdedores porque perderam o emprego, e sem emprego...
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Como consultor de empresas, o que vc tem defendido é, de facto, o que está certo para o empresario; cada um olha para os seus interesses particulares e bem, mass eu pergunto, e se fosse consultor de um pais que, entre outras coisas, tem deveres de orientar politicas geradoras de emprego?
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RB
Caro RB:
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"tem deveres de orientar politicas geradoras de emprego" não acredito em políticas dessas. Para mim, o emprego é uma consequência, não um objectivo. O objectivo é satisfazer clientes, se isso acontecer, as empresas são recompensadas e crescem, e aparece a necessidade de criar emprego.
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"O desemprego crescente no ocidente" para mim é um jogo de vasos comunicantes, e o pior já passou. A coisa só não recupera mais depressa por causa das leis que protegem o sector de não-transaccionáveis.
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"Se partirmos do pressuposto que que o estado tem de existir para retornar em alguns serviços e infrasestruturas aquilo que cobra em impostos" Aqui as nossas visões do mundo diferem muito. A maior parte das empresas que criam riqueza, criam-na apesar dos governos e dos Estados, não por causa deles.
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O seu modelo teria mais sentido se a evolução das economias gerasse empresas cada vez maiores, mais monopolistas... o futuro que antevejo, Mongo, é para as pequenas e médias empresas e para a diversidade de modelos de negócio.
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O futuro é a anarquia. Até as patentes vão desaparecer.
"o futuro é a anarquia"
o ser humano necessita de regras, rotinas, objectivos.
o ser humano da-se mal com o caos, geralmente auto mutila-se chegando a própria extinção.
não inventei nada, faz parte da história.
esse seu ponto de vista deixa-me preocupado.
existe um filme de animação que de alguma forma retrata aquilo que temos estado a falar, "wallie"
"wall e"
Eu sabia que ia ser mal interpretado quando escrevi a palavra "anarquia".
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Lembra-se deste anúncio? http://www.youtube.com/watch?v=HhsWzJo2sN4
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Há 10 anos andava meio-mundo a pôr a Microsoft em tribunal por causa do seu poder... hoje...
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Em vez de um futuro governado por grandes empresas, teremos um futuro de diversidade e de diferenças.
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"o ser humano necessita de regras, rotinas, objectivos"
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Sim, mas diferentes seres humanos diferentes regras, diferentes rotinas e diferentes objectivos. Não uma mono-cultura.
http://www.webartigos.com/articles/28573/1/A-Industrializacao-Alema/pagina1.html
Veja uma síntese do caso alemão.
Come on caro RB,
Aquilo que aconteceu no final do século XIX com outro ambiente político, económico, cultural e demográfico não é certamente aplicável no início do século XXI.
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