quinta-feira, maio 19, 2011

Por uma vez em desacordo com Camilo Lourenço!

Hoje não cheguei a ouvir a crónica de Camilo Lourenço, "Money Box" na M80 até ao fim!
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É nestas coisas que discordo de Camilo Lourenço. Perdoem-me a imodéstia mas falta-lhe dar um passo.
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Camilo Lourenço falava sobre as afirmações de Angela Merkel "Merkel quer menos férias e aumento da idade da reforma".
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Todo o raciocínio de Camilo Lourenço, de Angela Merkel e de tantos outros, como neste relatório do INE, está manchado com um pecado original. Merkel e Camilo Lourenço estão errados, mas os seus oponentes, CGTP e outros também o estão!
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O JdN mostra alguns factos estatísticos:
Como é que Camilo Lourenço abordou esta contradição? Dizendo que somos produtivos porque rendemos pouco, porque chegamos tarde, porque somos lentos, porque somos mal organizados.
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Como é que a CIP abordou o tema? OMG, ainda temos que trabalhar mais horas! (Embora eu concorde que isto de se ter prémio por cumprir uma obrigação é mais um exemplo da treta socialista que nos trouxe até aqui)
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A solução não está em trabalhar mais horas, ainda que isso dê jeito a algumas empresas em particular e contra o qual não estou contra, a falha na discussão está em comparar horas de trabalho portuguesas com horas de trabalho alemãs... estamos a comparar laranjas com limões!!!
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O que devíamos estar a comparar era o valor reconhecido no mercado aos produtos produzidos numa hora de trabalho portuguesa versus o valor reconhecido no mercado aos produtos produzidos numa hora de trabalho alemã!!!!!!!!!!!!!!!!
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Os alemães, no seu conjunto, produzem bens com muito mais valor acrescentado, logo a rentabilidade de cada hora é muito superior!!! (A nível de país, o que eles fazem é o que o gráfico 5 deste postal ilustra para o sector de calçado português)
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A postura da CIP é a que mais me entristece no meio disto tudo, porque se entretêm com esta guerra, não focalizam o recurso mais escasso, o tempo, em fazer ver aos seus associados aquilo que só os empresários, que só os gerentes, que só os administradores, que só os patrões podem fazer, temos de subir na escala de valor, temos de produzir produtos com mais valor acrescentado... tudo o resto é treta de política politiqueira.
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De pouco vale trabalhar mais horas a produzir o mesmo tipo de coisas que até aqui.

7 comentários:

Unknown disse...

"temos de subir na escala de valor, temos de produzir produtos com mais valor acrescentado... tudo o resto é treta de política politiqueira.
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De pouco vale trabalhar mais horas a produzir o mesmo tipo de coisas que até aqui."

este facto devia ser reproduzido até a exaustão, nas rádios e nas TV's, para que principalmente aqueles que se governam com o nosso desgoverno percebessem o que na realidade é necessário fazer.

o que mais me chateia é que a lógica das horas passadas no emprego e tipo medalha.

como nos posemos, chiça...

já agora, o CL sofre mudanças de acordo com o vento, já atrás lhe tinha dito. no meio de algumas banalidades lá vêm postas como esta.

André disse...

O que o senhor CCz diz é muito bonito sobre a necessidadade das empresas se focalizarem na criação de valor em vez dos custos, mas justamente a redução da TSU para as empresas exportadoras não será uma boa medida para incentivamos as empresas a pensarem assim?

José Meireles Graça disse...

Off the topic: Não sei se conheces este blogue (http://oregonexpat.wordpress.com/), Carlos, mas palpita-me que é o género de coisa que aprecias. No último post, atenção à penultima frase

CCz disse...

Caro André,
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Se uma empresa compete no mercado com base no valor criado através da qualidade do seu design, por exemplo, não vejo como a redução de uns pós no custo e, por consequência, no preço, vai ajudar a aumentar a competitividade.
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Será que por reduzir o preço em 1000 euros se vão vender mais Ferraris?

CCz disse...

Caro JMG,

;-))

André disse...

Muito bem mas então o que se pode fazer de concreto para incentivarmos as empresas a concentrarem-se na criação de valor?

CCz disse...

Caro André,

Também eu procura essa resposta, não acredito que exista uma resposta única.
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Umas vezes com uns resulta uma coisa e outros resulta outra e com outros não resultou nada.
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Há quem mude porque vê o sucesso dos outros.
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Há quem mude porque a necessidade obrigou-o a mudar e a acção conjugou-se com algo do passado da empresa, do empresário e/ou colaboradores e iniciou-se uma espiral virtuosa.
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O que quase sempre falha, é tiro e queda, é o conselho racional de consultores, de amigos, de familiares, ... as pessoas não mudam por causa da razão, não mudam por causa de argumentos racionais. As pessoas mudam por causa do coração, por causa da emoção, por causa do exemplo.