sexta-feira, novembro 27, 2009

Surreal

A revista Harvard Business Review deste mês é dedicada ao homem que mudou a minha vida, Peter Drucker.
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Várias páginas da revista incluem reflexões sobre um título comum "What I Learned From Peter Drucker". Peter Paschek no artigo "The Responsibility of Management Consultants" escreve:
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"... many business leaders... Their predominant concern remains maximizing short-term shareholder value - a narrow focus that Drucker decried.... Management consultants - being "central to the development of the teory, the discipline, and the profession of management" - as a whole are no better. They focus almost entirely on the economic side of management. All too often cost-cutting and layoffs are their prescriptions."
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O texto é muito bom e tenho de voltar a ele brevemente, para reflectir sobre mais sumo que encontrei. No entanto, fico por aqui, por agora, acho que este trecho é bom para enquadrar o sentimento que me percorreu quando li este artigo no semanário Vida Económica "Barcelos cria pólo industrial na Roménia para deslocalizar o sector têxtil"
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O texto é um hino ao curto-prazismo... só espero que não estejam a ser apoiados por fundos públicos portugueses.
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Só sabem competir no preço e acreditam que podem fazer a diferença na Roménia... Uauuu tanta ingenuidade... tanta que se calhar têm mesmo apoio de fundos públicos portugueses.
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Aconselho a ler o livro How we Compete de Suzanne Berger, já existe uma versão portuguesa. A leitura pode ter duas funções: perceber como é possível ter empresas têxteis rentáveis em LA ou Nova Iorque; e perceber o encravanço em que se meteram empresas italianas que se deslocalizaram para a Roménia e logo a seguir recuaram.
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Se ainda não levantaram os olhos do chão e só conseguem ver o denominador da equação da produtividade... talvez não percebam o que aconteceu ao exemplo da têxtil americana que se deslocalizou para a Mongólia... para depois perceber que o seu problema não era custos, era ter um produto envelhecido.

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«temos de assumir que um país como o nosso já está encostado a uma certa fasquia nos custos de produção que faz com que certos produtos já não possam ser feitos cá». E, nesta lógica, «quanto mais condições dermos a um empresário para que se deslocalize, mais lhe estamos a dar competências para se manter no mercado, fazendo com que o benefício obtido lá fora se reverta em melhores empresas cá dentro». Ou seja, há qualquer coisa de surreal nisto... quanto é que ganha a ACIB com isto... são eles que estão a promover a deslocalização.

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