segunda-feira, setembro 02, 2013

As opções durante uma reconversão - parte IV

Em "A bad economy can provide good opportunities for businesses", há 2 anos, escrevi:
"As PMEs portuguesas, sem capital suficiente para se deslocalizarem e sem acesso ao sector dos bens não transaccionáveis, fizeram o que se faz quando se está desesperado, saltaram da "burning platform". Muitas não resistiram e foram definhando com mais ou menos rapidez, com mais ou menos estrondo. Contudo, algumas empresas fuçaram e fuçaram até que começaram a descobrir o seu espaço, o seu ecossistema, o seu nicho. A Grande Contracção de 2008-2009 é que escondeu essa revolução estrutural nas PMEs portuguesas que passa despercebida aos olhos do mainstream.
.
O facto de uma empresa não se deslocalizar obriga-a a usar a sua herança como uma peça de um puzzle e a ir ao mercado testar e testar diferentes combinações de produtos, de clientes, de soluções até que a herança se case com algo de novo no exterior que resulta, que encaixa, que tem potencial para gerar capital. Depois, o spill-off acaba por contaminar outras empresas existentes e outras mentes, servindo de exemplo, de motivação, de prova de que há uma alternativa"
O ponto crítico é a necessidade de mudar de vida para fazer face à mudança do mundo e, é essa necessidade que obriga as empresas a subirem na escala de valor.
.
E quando o mundo muda e uma empresa não muda de vida? E quando uma empresa decide seguir pelo caminho mais simples, mudar tudo o que possa manter o seu modelo de negócio e os seus clientes? Julgo que este texto, "What gives American factories their competitive edge: They’re easy to close", ajuda a responder a essa pergunta:
"That may make the US an attractive spot for multinationals, but economies that live by cheap labor costs can die by them, too."
BTW, não acredito nestes números:
"The end result, according to the consultants, is that the US could capture $25 to $72 billion in exports from the four European countries and Japan, creating as many as 1.2 million factory jobs." 
Isto é assumir que a procura é homogénea, isto é assumir que os recursos são facilmente transmissíveis, isto é assumir que o custo/preço é tudo.
 .
BTW, e o efeito das leis alemãs na necessidade de subir na escala de valor?

2 comentários:

Viper disse...

que leis?

CCz disse...

O link refere:
"In Germany, for example, we estimate government-mandated costs of approximately $8 million to shutter an average, 200-worker plant and more than $40 million to close a 1,000-worker plant. These costs are associated with the need to comply with rules governing severance pay and the advance notice that must be given to long-term employees. However, the actual cost of shutting a German factory can be significantly higher. German law mandates that workers may remain on the job, at full pay, for anywhere from a few months to more than a year, depending on how long they have been employed by the company, while layoff terms are being negotiated and after notification of a layoff has been received. Specific union contracts, asset write-downs, requirements to retrain workers, and other factors can also add to exit costs."

Estas leis levam as empresas a não optarem pelo caminho mais fácil, deslocalizar para Portugal ou para a China, fica muito caro. Assim, têm de subir na escala de valor.

Já várias vezes referi o fenómeno aqui no blogue, o empresário americano deslocaliza, o empresário português não tem capital para o fazer, ou fecha por falência ou aprende, por tentativa e erro a subir na escala de valor