domingo, outubro 09, 2011

Que história conta uma etiqueta? (parte II)

Na passada sexta-feira escrevi "Que história conta uma etiqueta?"
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Ontem à tarde, visitei a loja El Corte Inglés em Vila Nova de Gaia, aproveitei para apreciar o calçado para homem que tinham exposto.
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Realmente... apreciar um, dois modelos da marca Pikolinos, achá-los atraentes pela sua simplicidade e pelo aspecto do acabamento dado à pele (longe do classicismo dos Armando Silva ali ao lado, made in São João da Madeira) e espreitar para o verso da lingueta para confirmar a suspeita... made in China.
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Comprar umas chinelas na feira com a etiqueta made in China OK, comprar calçado made in China numa das lojas "não sei quê Dragão" OK, comprar umas sapatilhas made in China por 9 euros numa loja Decathlon OK, agora comprar um par de sapatos made in China por mais de 100 euros num espaço El Corte Inglés ... soa a uma experiência falsa... é absurdo.
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Ao sair de Estarreja parei numa loja "Primeiro Dragão" e comprei pilhas, maxell made in Japan (maxell era uma marca de cassetes...), para os meus sinais de presença durante o jogging e, um micro-rato para o portátil.
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Cada coisa no seu lugar.

2 comentários:

lookingforjohn disse...

Dá que pensar esse caso da Pikolinos... (muito)

"comprar um par de sapatos made in China por mais de 100 euros num espaço El Corte Inglés ... soa a uma experiência falsa..."

Mas e se é isso mesmo, se eles se focalizaram noutro ponto da cadeia de uso, se privilegiam a experiência de uso em detrimento da de compra???...
E se querem influenciar consumidores que procuram esse toque diferente, que têm um estilo de vida menos clássico e que privilegiam o aspecto visual? (mas associado a uma qualidade implícita que lhes é transmitida pelo preço que estão a pagar)...

E se o produto tem mesmo essa qualidade intrínseca, "apesar" de feito na China??...

I mean, podendo ou não resultar imediatamente rentável para a marca, eles não estarão a identificar adequadamente um grupo de consumidores real e que tem verdadeiro potencial? E o El Corte Inglês não será mais um instrumento de comunicação do que de venda?

Fui ao site deles. Forte aposta na venda online. Será que?... "fazemos o produto assim e assado, exibimo-lo em pontos de grande afluência de público (surge o El Corte Inglês, por exemplo), as pessoas contactam com a marca. Como o tipo de consumidor que procuramos é moderno e com conceito de moda urbana/casual/whatever, utiliza internet, visita a nossa plataforma, e começa a comprar online (até lhes damos 30 dias de devolução grátis, só pra lhes diminuirmos o risco!).

Nota: isto tudo só a especular quase por impulso, que o tempo não abunda para grandes pesquisas e reflexões.

P.S.: no site publicitam graficamente 30 dias para devoluções, mas depois, nas FAQ, afinal são só 15... (http://www.pikolinos.com/pt/es/info/faqs_es)

CCz disse...

"se privilegiam a experiência de uso em detrimento da de compra???"
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Para mim as duas fazem parte de um todo, por que não duvido que os sapatos sejam confortáveis.
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Sinto é que o impacte seria maior se os sapatos tivessem um made in Portugal, ou um made in España ou in Italia.
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Quando os alemães ou os suecos vêm a Portugal em viagens de negócios querem sempre levar de volta... sapatos portugueses. Encaixa-se num modelo, numa visão do mundo.