sábado, novembro 15, 2025

Curiosidade do dia

Nos anos 90 aprendi algo que uso muitas vezes na minha vida profissional: "Começar pelo fim". Algo que faz toda a diferença: empurrar com a barriga versus ser puxado pelo fim que se deseja.

Lembrei-me desse instrumento mental ao ler "Cotrim Figueiredo: "Estamos a discutir aquilo que devíamos ter feito há cinco anos""

Um ponto prévio, não creio que Cotrim Figueiredo seja diferente dos outros deputados, todos mais interessados nos jogos de retórica e nos pontos amealhados para as pontuações nas ligas "E o vencedor é" ou "Forum radiofónico X"

Isso não impede que ele alerte para alguns temas interessantes. Por exemplo:
""discutir aquilo que devíamos ter feito há cinco ou dez anos para evitar os problemas que temos hoje", dando como exemplo a"falta de professores e de habitação"" [Moi ici: Sim, Portugal tem a tendência para discutir sempre o passado, não o futuro. Talvez por sermos um país maioritariamente com o locus de controlo no exterior, não assumimos que devemos procurar construir o futuro com as mãos no volante, por isso, somos constantemente assaltados por coisas óbvias, rinocerontes cinzentos].
Andamos sempre a discutir o passado porque falta coragem para disputar o futuro.

É aqui que vale a pena inverter o jogo.


Quem quiser dominar o discurso daqui a cinco anos tem de começar hoje a olhar para o contexto com a mesma lucidez com que Wayne Gretzky patinava para onde o disco ia estar, não para onde estava.

Cinco anos passam num instante. Mas cinco anos de disciplina mudam tudo. Por isso, deixo o desafio aos políticos:
  1. Trace três cenários possíveis — o optimista, o prudente e o incómodo.
  2. Identifique os sinais fracos que, já hoje, apontam para cada um deles.
  3. Identifique os constrangimentos inevitáveis associados a cada um deles.
  4. Liste dez acções que, feitas agora, o colocam a liderar o tema quando todos os outros ainda estiverem a reagir... qual reagir, estão mas é interessados em discutir os cartazes de Ventura, ou a forma de aumentar a redistribuição sem criação de riqueza e a fazer o jogo de todas as corporações do bem.
  5. Comprometa-se com uma cadência mensal de revisão do plano.
  6. Trabalhe em silêncio até que o resultado fale por si.
É assim que se constrói liderança: com antecipação, método e uma boa dose de teimosia inteligente. Construa autoridade antes que o tema exploda na opinião pública.

Porque, sejamos sinceros: nesta terra gerida pelos mordomos de Gondar ("Can I go to the bank?"), Ninguém espera que alguém faça alguma coisa. Justamente por isso, quem começar — e começar já — pode muito bem ser quem vai definir o debate daqui a cinco anos.

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