Na minha paróquia celebrou-se, no passado Domingo, a Festa do Pai-Nosso. As crianças eram do 2.º ano da catequese, com cerca de 7 ou 8 anos.
A certa altura, projectou-se um slide que me incomodou profundamente — uma representação de Deus como um velho simpático de barbas brancas. Algo deste género:
Este tipo de imagem, aparentemente inofensiva, é, na verdade, tremendamente redutora e perigosa. Reduz Deus a uma figura humana, quase mitológica, próxima de um avô bondoso — mas também, por isso, fácil de rejeitar mais tarde como absurda ou infantil.
A maior parte destas crianças chegará ao 3.º ano, fará a primeira comunhão… e depois abandonará a catequese. Algures na adolescência, quando começarem a pensar com mais autonomia, olharão para trás e rejeitarão essa imagem — e com ela, infelizmente, a fé que foi transmitida com base nessa imagem. Como os compreendo.
O problema não é apenas pedagógico, é teológico. No mesmo Domingo, a primeira leitura era sobre Moisés e a sarça ardente — um Deus que se manifesta no mistério, no fogo que arde sem consumir, no “Eu sou aquele que sou”. Um Deus que não é uma coisa, nem um ser entre outros seres, mas o fundamento do ser. O totalmente Outro. Como se pode reconciliar isso com a caricatura do velhinho de barbas?
Apresentar Deus como um velhote simpático pode ser cómodo, mas não prepara ninguém para uma fé adulta. Pelo contrário, prepara o terreno para o abandono, para a desilusão, para a ideia de que tudo não passava de histórias para crianças. E isso não é justo nem para Deus, nem para as crianças.
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