Já não é a primeira vez que tenho visto o tema tratado nos jornais ingleses nos últimos tempos (The Times, The Telegraph). No Sábado passado no FT em "What if the UK isn't actually the sick man of Europe?"
A principal ideia do texto é a de que o aumento recente na inactividade económica dos habitantes no Reino Unido, frequentemente atribuído a uma crise de saúde entre a população em idade activa (especialmente devido a problemas de saúde mental), é na verdade mais influenciado por mudanças nas políticas de benefícios sociais e incentivos do que por um aumento real de problemas de saúde.
"My analysis of the UK Household Longitudinal Study, an alternative source of socio-economic data with a response rate that has remained much higher, finds the UK's inactivity rate was slightly lower last year than before the pandemic. This is in line with an analysis of administrative data by the Resolution Foundation, which estimates inactivity is at roughly the same level today as in 2019." [Moi ici: O aumento da inactividade é ilusório. Dados alternativos mostram que a taxa de inactividade em 2022 era praticamente igual à de 2019, contrariando a narrativa de um aumento acentuado devido a doenças.]
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"In fact, the peaks and troughs of the UK’s illness-related inactivity trend are an almost exact doppelgänger of an entirely different statistic: the share of working-age Britons in receipt of incapacity benefits. This matters because research has consistently found that, in country after country, the waxing and waning of health-related benefit caseloads is almost always driven primarily by changes to incentives and stringency in different parts of the benefit system, rather than by changes in people’s health." [Moi ici: A inactividade relacionada com a saúde é influenciada por mudanças nos benefícios: O autor identifica uma correlação histórica no Reino Unido entre a rigidez ou generosidade do sistema de benefícios e o número de pessoas que dizem estar fora do mercado de trabalho por motivos de saúde. Por exemplo: Nos anos 1980, benefícios de invalidez mais atraentes levaram muitos a mudarem de benefícios de desemprego para invalidez. Alterações nos anos 1990 e 2008 tornaram os benefícios mais restritivos, resultando na baixa do número de beneficiários.]
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"While the trend in most countries looks exactly as we would expect from a measure of chronic illness — a very gentle upward slope over the decades — Britain’s is a rollercoaster, climbing in the 1990s, falling in the 2010s and surging again from 2019. Crucially, with each tweak to the system, the share of Britons saying illness was keeping them from work rose or fell in lockstep with caseloads despite minimal change in self-reported underlying health." [Moi ici: Vários estudos mostram que o número de britânicos em idade activa que relatam doenças crónicas não aumentou drasticamente. O ciclo de alta e baixa na inactividade por saúde reflecte mais os incentivos do sistema de benefícios do que mudanças reais nas condições de saúde da população.]
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"It turns out the apparent rise in Britain’s illness-related inactivity is mostly not about deteriorating health, but about incentives within the benefit system. Policies focused on the latter stand the best chance of getting Britons working." [Moi ici: O autor conclui que as políticas focadas no ajuste dos incentivos no sistema de benefícios sociais têm mais potencial para reduzir a inactividade e colocar as pessoas de volta no mercado de trabalho, em vez de presumir que a solução está em abordar uma "crise de saúde" que não é tão evidente nos dados.]
Não é um problema de Portugal ou de países católicos. Recordo sempre o caso nerlandês: mais de 10% estavam registados como tendo algum grau de incapacidade (para ... ter abatimento no IRS).
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