terça-feira, abril 14, 2020
Curiosidade do dia
A estória da Xylella neste blogue:
2015 - Curiosidade do dia
2017 - Preocupação séria
2019 - Preocupação séria mesmo!
2020 - Quando a Xylella lá chegar vai ser rápido (parte II)
Ontem, via um site recomendado pelo amigo Nuno, "New Treatment for Xylella-Infected Trees Is Working, Researchers Say", um sinal de esperança.
Ainda há coisas boas em 2020.
2015 - Curiosidade do dia
2017 - Preocupação séria
2019 - Preocupação séria mesmo!
2020 - Quando a Xylella lá chegar vai ser rápido (parte II)
Ontem, via um site recomendado pelo amigo Nuno, "New Treatment for Xylella-Infected Trees Is Working, Researchers Say", um sinal de esperança.
Ainda há coisas boas em 2020.
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2 comentários:
Duas notícias recentes sobre os impactos dessa doença:
1 - https://www.theguardian.com/world/2020/apr/13/olive-oil-industry-under-increasing-threat-from-olive-leprosy
2 - https://www.bbc.com/news/science-environment-52234561
Desconheço se já foi feita esta análise, mas essa doença afeta todos os diferentes grupos de cultivares da Oliveira da mesma forma?
Digo isto, pegando no seguinte exemplo dos surtos de doença das vacas loucas em Portugal. Lembro-me da minha professora de geografia rural ter feito uma pequena análise sobre a incidência da doença e ter chegado à conclusão que as espécies autóctones de bovinos não terem tido nenhum caso registado, isto porque elas partilhavam um conjunto de caraterísticas:
a) Eram exploradas em regime produção extensiva;
b) A sua alimentação era à base de pastagens naturais, feno ou rações naturais à base folhagem;
c) As explorações agrícolas eram de dimensão pequena/ média.
d) Possuíam denominação de origem protegida;
e) Serviam sobretudo para a produção de carne.
Tendo em conta que se veio a descobrir que a transmissão da doença era feita pelas rações (a farinha de carne e ossos), podemos dizer que a adopção de um modelo de negócio que fugia, de forma deliberada ou aleatória, da comoditização e da competição pelo preço acabou por evitar essa catástrofe e protegeu animais, pessoas e empresas.
Das notícias que li sobre a Xylella, as alterações climáticas parecem ser uma das razões para a sua rápida disseminação. Todavia, não sei se a adopção de modelos de negócio virados para a comoditização, como a produção intensiva mas também a seleção de cultivares mais apropriadas para esse tipo de produção, não será um dos factores a considerar. Ou seja, se a eliminação da variedade genética da Oliveira não estará a torná-la mais susceptível a essa doença?
No fundo, seria pegar na sua tese de que Mongo = Variedade = Valor vs Séc XX = Comoditização = Volume e estendê-la para ao nível da genética/biologia/ecossistemas/saúde pública.
E fazendo a ligação com a situação presente, um dos melhores artigos que li sobre o COVID 19 fala sobre essa ligação entre a génese da doença e tipo de produção e modelo de negócio existente virado para a comoditização dos bens alimentares efetuado por grandes empresas (https://monthlyreview.org/2020/04/01/covid-19-and-circuits-of-capital/)
É um artigo longo mas que merece ser lido na sua totalidade e deixo aqui alguns excertos (os negritos são meus) que me parece que ligam bem com aquilo que costuma referir no blog, nomeadamente:
a) a sua aborgadem virada para a noção de ecossistema, variedade e valor;
b) as suas previsões sobre relocalização das atividades económicas (nearshoring) e reestruturação das cadeias de valor.
Fiquei tão impressionado com o artigo que estou a começar a ler um dos livros do autor “Big Farms Makes Big Flu”.
Será que a grande mudança e a aceleração da transição para Mongo que esta epidemia trará será a consciencialização que a comoditização, para além de matar empresas, também está a matar pessoas?
Excertos:
“If by its global expansion alone, commodity agriculture serves as both propulsion for and nexus through which pathogens of diverse origins migrate from the most remote reservoirs to the most international of population centers.42 It is here, and along the way, where novel pathogens infiltrate agriculture’s gated communities. The lengthier the associated supply chains and the greater the extent of adjunct deforestation, the more diverse (and exotic) the zoonotic pathogens that enter the food chain. ”
“However unintended, the entirety of the production line is organized around practices that accelerate the evolution of pathogen virulence and subsequent transmission.44 Growing genetic monocultures—food animals and plants with nearly identical genomes—removes immune firebreaks that in more diverse populations slow down transmission.45 Pathogens now can just quickly evolve around the commonplace host immune genotypes. Meanwhile, crowded conditions depress immune response.46 Larger farm animal population sizes and densities of factory farms facilitate greater transmission and recurrent infection.47 High throughput, a part of any industrial production, provides a continually renewed supply of susceptibles at barn, farm, and regional levels, removing the cap on the evolution of pathogen deadliness.48 Housing a lot of animals together rewards those strains that can burn through them best. Decreasing the age of slaughter—to six weeks in chickens—is likely to select for pathogens able to survive more robust immune systems.49 Lengthening the geographic extent of live animal trade and export has increased the diversity of genomic segments that their associated pathogens exchange, increasing the rate at which disease agents explore their evolutionary possibilities.50 “
“Our general theory of neoliberal disease emergence, including, yes, in China, combines:
• global circuits of capital;
• deployment of said capital destroying regional environmental complexity that keeps virulent pathogen population growth in check;
• the resulting increases in the rates and taxonomic breadth of spillover events;
• the expanding periurban commodity circuits shipping these newly spilled-over pathogens in livestock and labor from the deepest hinterland to regional cities;
• the growing global travel (and livestock trade) networks that deliver the pathogens from said cities to the rest of the world in record time;
• the ways these networks lower transmission friction, selecting for the evolution of greater pathogen deadliness in both livestock and people;”
• and, among other impositions, the dearth of reproduction on-site in industrial livestock, removing natural selection as an ecosystems service that provides real-time (and nearly free) disease protection .”
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