sábado, dezembro 28, 2019

Curiosidade do dia

No editorial do Público de hoje leio:
"A venda ao exterior de activos valiosos da economia portuguesa continua animada. Só este mês a Altice desfez-se de metade da sua rede de fibra óptica, vendida à Morgan Stanley Infraestructures Partners, o grupo Vasco de Mello e o seu parceiro Arcus vão alienar 80% dos direitos de voto na Brisa, a EDP fechou negócio com um consórcio de empresas francesas liderado pela Engie que lhes permitirá controlar seis barragens e, outra vez a Altice, transferiu para um grupo do Bahrein 85% da gestora dos fundos de pensões da TLP, Marconi e TDP. Quem julgava que o fim das restrições da troika, o crescimento económico dos últimos anos, o regresso da confiança ou o alívio da dívida das empresas iriam permitir uma nova vaga de ambição ao capitalismo português desengane-se: o país continua à venda.
...
Que haja abertura para que empresários portugueses tenham acesso a esses negócios."
Ainda acrescentaria à lista 30% da Mota-Engil.

Pena que o editorialista se preocupe mais com o nacionalismo económico e o pagamento de impostos e, não se interrogue sobre porquê destes movimentos.

Lembram-se da vida para além do défice? Há sempre um momento em que países e empresas têm de encarar o facto de que a dívida é demasiado elevada. E o que é a dívida senão um somatório de défices.

Todas estas empresas vendem activos para aliviar a dívida. Não podem fazer como o Estado português, vender gato por lebre. Cobrar mais impostos e cortar nos serviços prestados ou pagar as dívidas a fornecedores quando lhe apetece.

E aquele remate final "Que haja abertura para que empresários portugueses tenham acesso a esses negócios". É caricato que o editorialista não perceba que Portugal não tem capital suficiente para esses negócios.

BTW, é sempre caricato jornalistas escreverem sobre a marosca por trás de empresas privados com prejuízos anos a fio, e nunca olharem para as suas próprias empresas.

ADENDA (10h50): Recordei-me dos burros holandeses de agora "Dívida holandesa abaixo dos 50% do PIB pela primeira vez em 11 anos" e dos de 2009 "Ponto de ordem".

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