"A dívida é o sintoma, a doença está no crescimento. O défice orçamental - pequeno, médio ou grande - é apenas o indicador conjuntural de que a doença continua activa, a dívida só poderia ser resolvida se o crescimento económico e a contracção da despesa pública permitissem gerar os excedentes que iriam absorver os défices acumulados no passado. Dizer que o défice orçamental é o mais baixo em mais de quatro décadas de regime democrático não quer dizer nada, pois enquanto houver défice, por baixo que seja, continuará a crescer a dívida, numa eterna repetição do mesmo. A doença tornou-se crónica: a economia, a sociedade e a política habituaram-se à dívida porque esta é agradável e euforizante, é uma droga.
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Quem alimenta o vício é o Banco Central Europeu e as instituições europeias com os programas comunitários, servindo-se dos bancos como passadores de droga na função de canais transmissores das políticas monetárias. Mas é o viciado que constitui o centro do dispositivo. Quanto mais invoca o princípio da sua soberania, mais reforça a sua dependência de quem o sustenta no seu vício. Pode esperar que o milagre da reestruturação da dívida faça desaparecer o sintoma, mas a doença continua e o sintoma voltará, mais doloroso porque esse é o modo de a doença revelar que tem de ser tratada."
Trecho retirado de "Sintoma e doença"
3 comentários:
Em primeiro lugar pode reduzir-se o peso relativo da dívida com défice: basta que o crescimento seja superior ao défice. Se no próximo ano o crescimento for de 2% e o défice de 1,5% o peso relativo da dívida reduz-se.
Em segundo lugar é espantoso que perante um avanço enorme no controlo do défice, em circunstâncias difíceis, haja quem queira exagerar o muito pouco que falta, em vez de ver o muito que foi feito.
Fizeram tanto como Passos. Corte deste governo é equivalente aos cortes de salários.
Vai ter de se pagar aos fornecedores e, infelizmente, não vão conseguir continuar a não torrar dinheiro em obra travestida de investimento público, Os novos DDT já salicam com aeroporto e ...
https://www.diw.de/en/diw_01.c.553175.en/topics_news/the_austerity_policy_was_counterproductive_in_spain_portugal_and_italy.html
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