quinta-feira, agosto 27, 2015

Não acham estranho?

Sabem que não gosto da praga que são os eucaliptos (segundo o último inventário da floresta portuguesa o eucalipto é a principal ocupação florestal em Portugal, com cerca de 812 mil ha). Por isso, reconheço que posso exagerar nas críticas à sua expansão desenfreada e, ainda por cima, apoiada por sucessivos ministros da Agricultura.
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No DE, depois de ler "“A questão não é se vamos ultrapassar a Renova, é quando”" sinto que ficou no ar uma arrogância de Golias...
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Como é que possível que um pequeno país europeu, não especialmente bafejado com chuva em abundância, consiga ter uma empresa capaz desta proeza: "No primeiro semestre a Portucel representou sozinha 42% das exportações europeias de papel."?
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Que vantagens competitivas tem o clima e o solo de Portugal, para que a Portucel consiga este feito? Não acham estranho?
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Que vantagens competitivas industriais ou de capital tem a Portucel, para que consiga este feito? Não acham estranho?
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Quantos países europeus permitiram que uma espécie invasora se tornasse a mais comum na sua floresta? Não acham estranho?

6 comentários:

freitasf77 disse...

Sempre achei estranho. Ou melhor, na verdade, nunca achei estranho. Cedo percebi o porquê de tanto eucalipto.
Mas custa-me que se esteja a "vender" um país assim. Que se hipoteque o seu futuro desta forma...

Só por curiosidade: hoje, ao ler esse artigo, ocorreu-me que aqui apareceria, neste blogue, um comentário ao assunto. Não me enganei! :)

CCz disse...

Portugal é uma espécie de Pandora.
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A Portucel é uma espécie de RDA.
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Os tugas, são os na´vi burros e ingénuos que só vão perceber as consequências daqui a muitos anos.

Bruno Fonseca disse...

o curioso na Portucel, ao nível de estratégia, é que parece-me que estão a orientar-se para um segmento de maior valor acrescentado, mas bem mais complicado.

ou seja, a Portucel hoje vende uma commodity. não querendo entrar na discussão do porquê de serem bons, é um negócio essencialmente orientado pelo capital. quem tem dinheiro para montar uma fábrica do género, entra no mercado, e depois os preços são fixados pelo mercado. ou seja, a Portucel é uma industria pura, cuja componente comercial sendo importante (veja-se o Navigator), não é o fundamental. pelo menos nas pastas.


e de repente decide entrar no tissue. na vez de commmodity, cujos preços são tabelos exteriormente, vai começar a vendar ao retalho. produções substancialmente mais pequenas. tem a concorrência de players como a Renova no segmento mais alto (diferenciação, marca, etc) ou a AMS (que acaba por comprar), Suavecel (a meio caminho entre Renova e marca branca) ou Pampilar.
começa por anunciar um investimento em Cacia para entrar nessa área e logo depois adquire a empresa com maior crescimento nesse negócio, com planos para expandir no curto prazo.

para a Portucel, que factura mais de mil milhões, entrar no negócio da Renova (que factura uns 100 milhões), com esta agressividade, é um pouco estranho. as margens da Renova devem de facto ser muito itneressantes para a Portucel andar sempre a falar nela.

vai ser curioso como vai a Portucel adaptar-se a um novo meio. tem a grande vantagem da escala, e seguramente que marcas brancas vão ser os principais clientes, mas se a Portucel conseguiu criar a marca mais conhecida no papel de escritório, deve ter ambições de fazer algo semelhante no papel para casa. ainda que nesse caso vai ter que conquistar espaço nas prateleiras face à Renova, Suavecel, marcas estrangeiras e ainda às marcas de grande distribuição!

abraço!

CCz disse...

Olá Bruno,

Excelente achega!
Estive para abordar o tema. Causa-me estranheza a Portucel, empresa-paradigma do produto comoditizado, eleger como alvo a Renova, empresa que tem uma abordagem bem diferente.
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Só não me meti porque não conheço o suficiente do negócio da Renova. Há anos no Porto, ouvi um marketeiro belga muito conceituado, Jean-Noel Kapferer, fazer um rasgado elogia à forma como a Renova abordou o Carrefour (distribuição grande) em França, para conquistar um lugar nas suas prateleiras. Ou seja,. uma parte da facturação da Renova também virá de uma parte desta fatia.
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Faz-me lembrar um administrador que tive (anos 90) que dizia que o produto comoditizado que tínhamos dava-nos o pão com manteiga e, o produto premium, em muito menor quantidade, dava-nos o fiambre.

Abraço

PS- Amanhã estou no Porto, tomamos um café?

Bruno Fonseca disse...

meu caro,

amanhã estou em na zona de Aveiro em reuniões! fazemos o seguinte, vou enviar-lhe por linkedin o meu email pessoal, e combinamos um café.

um sincero bem haja!

CCz disse...

http://observador.pt/2015/09/08/portucel-lamenta-ter-de-plantar-eucaliptos-em-mocambique-em-vez-de-portugal/

Pobre Moçambique