"the expansion of firms is halted not by raising costs but by the limitation of demand"Vamos a esse ponto, pegando a conversa mais atrás. Ontem, no Twitter, apanhei uma afirmação, que suscitou logo o meu comentário:
E volto a Maio de 2011, a algo que escrevi em Valpaços:
- "Se me vendem a redução da TSU para tornar as empresas que exportam mais competitivas não engulo.
- Se me venderem a redução da TSU para facilitar a vida às empresas que vivem do mercado interno concordo.
- Se me venderem a redução da TSU para capitalizar as empresas concordo."
"2014 foi o melhor dos últimos 11 para as exportações da indústria têxtil e vestuário portuguesa, que cresceram 8% face a 2013 e somaram 4,6 mil milhões de euros.Depois, há ainda a minha afirmação, naquela conversa no Twitter:
...
o vestuário foi a principal categoria de produtos exportada, representando 60% do total das exportações do setor, no valor de 2,8 mil milhões de euros, tendo crescido 9%."
"só os exportadores grandes é q usam os custos baixos para ganharem competitividade"Só os exportadores grandes como a Autoeuropa e pouco mais é que ficaram por cá, de resto, com a abertura da China, os exportadores grandes foram todos embora e as empresas portuguesas grandes ou fecharam, ou encolheram, porque não podiam competir nos custos com a China. Recordar:
"Há 12 anos éramos 500 pessoas e tínhamos cinco clientes activos. Hoje somos 160 e temos mil clientes activos"É claro que qualquer exportador acolherá de braços abertos qualquer descida na TSU ou em outro qualquer custo externo, como no passado se acolhia a desvalorização cambial.
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Agora, vamos ao ponto da Parte I, e aquela afirmação:
"por mim, quem + precisa delas é quem ñ exporta e está prisioneiro do mercado interno"Lembram-se do relatório acerca do desemprego feito em 2012?
- Relatório - "A evolução recente do Desemprego" (parte I)
- Relatório - "A evolução recente do Desemprego" (parte II)
- Relatório - "A evolução recente do Desemprego" (parte III)
"Quanto mais um sector económico da economia portuguesa é aberto ao exterior, à concorrência internacional, menor é o aumento do desemprego:
"O emprego evoluiu de formais favorável nos sectores transaccionáveis.
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Entre os sectores que apresentam variações percentuais do emprego mais positivas ... estão alguns dos mais transaccionáveis e com elevados graus de abertura""
"Medina Carreira indignava-se, no ano passado, com o ritmo de endividamento de Portugal de 2 milhões de euros por hora, agora já subiu para 2,5 milhões de euros por hora. E ainda não chegamos a 2014, para as PPPs começarem a disparar."Depois, com a falência do país, o emprego no sector não transaccionável não podia ser suportado e teve de cair.
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O que acontece à frase de Sraffa, quando se está num sector não-transaccionável? Se os custos sobem, isso não é problema desde que a procura se mantenha, suportada por crédito ou salários mais altos... mas se o país importa mais do que exporta, então, a procura é suportada por crédito.
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O que acontece quando se fecha a torneira do crédito?
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A procura cai abruptamente!
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O que é que é preciso para salvar as empresas que vivem desse mercado interno fechado em colapso?
- reduzir custos (reduzir trabalhadores, reduzir salários, aumentar eficiência, ...)
- roubar clientes aos concorrentes; (porque se é mais simpático, porque se dão melhores condições, porque se têm artigos diferentes; ...)
- mudar de mercado; (o que recomendei à artesã, o que aconteceu com o burel de Manteigas, o desafio de Rosa Pomar)
- expandir para o exterior (o que fizeram as construtoras)
- redução do poder de compra;
- migração para as cidades;
- emigração;
- demografia (quem está na casa dos 60 anos tem o mesmo perfil de compras de quem está na casa dos 30 anos?)
- pressão de regulamentos e regras;
- pressão de certificações de produto e outras;
- pressão de ASAE et al;
- pressão do aumento do salário mínimo;
- pressão do aumento de obrigações burocráticas;
- ...
- não há mais clientes que se possam captar;
- os clientes actuais não estão dispostos a gastar mais, por falta de orçamento ou por falta de necessidade;
- os clientes actuais estão a gastar menos porque ganham menos, porque mudaram de gosto, porque envelheceram, porque não têm filhos, porque emigraram, porque migraram, porque morreram, porque foram roubados pela concorrência, porque ...
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