"Algumas das coisas que lhe fizeram são mesmo inauditas e impensáveis se se tratasse de alguém mais diferenciado e com advogado constituído. Basta referir que Liliana foi convocada para ir a tribunal sem saber ao que ia, que chegou e ouviu a leitura da sentença secamente, que depois não pôde levantar uma cópia porque era sexta-feira e os serviços já tinham fechado, que teve de lá voltar na semana seguinte e acabou assim por falhar o prazo do recurso por 24 horas. Kafkiano, no mínimo."
A sentença era sobre coisa de pouca monta, só:
"Chegamos assim à questão do equilíbrio da sentença - até porque a decisão de dar um filho para adopção é a solução- limite, a solução para casos extremos. Neste caso, retirar sete dos dez filhos a uma família onde se admite que há amor e carinho, onde não há maus tratos, abusos sexuais ou dependência de drogas, onde podem faltar umas vacinas no boletim de saúde mas onde as crianças têm aproveitamento escolar muito razoável, é incompreensível."
Trechos retirados de "
Liliana e os seus dez filhos, uma parábola sobre o que distingue uma sociedade decente"
1 comentário:
Obrigado JMF.
Tinha, ao longo dos tempos, "ignorado" este caso. Fiquei agora estarrecido. Porque é que pretenderam esterilizar a mãe e não o pai? Dada a apregoada liberdade e aceitação de todas as religiões na nossa sociedade, porque houve este comportamento dos tribunais? Se a baixa natalidade é um dos maiores problemas, se não o maior, do nosso país, porque não criar um abono de família especial para casos semelhantes? Como é que terão reagido os nossos governantes e deputados à actuação dos tribunais? Porque é que a família (ou a parte da família posta em causa) deixou de ser acompanhada?
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