sábado, julho 27, 2013

Apontamentos e divagações pessoais

Apontamentos e divagações pessoais.
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Antes da troika, eu chamava a Ricardo Salgado o puppet-master (Maio de 2009, por exemplo), era ele que mandava nos governos ponto.
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Antes da troika, quando o Jornal de Negócios começou a publicar anualmente a rubrica "Os 50 mais poderosos da economia em Portugal", ainda a procissão ia no adro e já eu escrevia algures a previsão de quem seria o nº1: Ricardo Salgado- Claro que acertei.
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No ano passado, durante a troika, Ricardo Salgado caiu para um humilhante 4º lugar, atrás de funcionários como Pedro Passos Coelho ou Vítor Gaspar.
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Quem vive na província e lê cada vez menos sobre intriga política recebe a informação com um atraso considerável. Esta semana li:

  • "As conversas entre Portas e Abel Pinheiro começam por estar relacionadas com a questão do salário do líder. São três conversas, em dias diferentes, em que os dois discutem o vencimento – equiparado ao do primeiro-ministro – e em que é feita referência a um banco apontado como parceiro do CDS em vários projectos. (Moi ici: Que banco será?) Este banco, que não foi nomeado, estaria disponível para pagar uma parte do salário. Portas e Pinheiro tentavam ultrapassar a indecisão de Pires de Lima, (Moi ici: Veremos como o circulo se fecha) que não tinha vontade de deixar a presidência da Unicer para se dedicar à política." (daqui)
  • "Foi literalmente aos molhos que os funcionários da sede nacional do CDS-PP levaram nos últimos dias de Dezembro de 2004 para o balcão do BES, (Moi ici: Olha o parceiro!!!) na Rua do Comércio, em Lisboa, um total de 1.060.250 euros, para depositar na conta do partido. Em apenas quatro dias foram feitos 105 depósitos, todos em notas, de montantes sempre inferiores a 12.500 euros, quantia a partir da qual era obrigatória a comunicação às autoridades de combate à corrupção." (daqui
Entretanto, ontem li:
  • "O Banco Espírito Santo (BES) reportou perdas de 237,4 milhões de euros no primeiro semestre do ano, contra um lucro de 25,5 milhões no período homólogo de 2012." (daqui)
O puppet master deve estar a precisar de obras públicas e "negócios do crescimento" para participar e melhorar os resultados.
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Um puppet master mexeria os seus "robertos" e posicionaria-os para um novo ciclo. Será por acaso que ocorreu esta OPA do CDS ao governo agora? O mesmo CDS que andou a fugir do prime time relativo a este governo nos últimos dois anos?
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Será abusivo da minha parte relacionar o banco parceiro que queria pagar o salário de Pires de Lima como líder do CDS com isto "Ricardo Salgado tem “muita esperança” no novo ministro da Economia"? Não é o ministro da Economia que quer lançar um novo ciclo de crescimento, com investimento estruturante?
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É interessante, se se pesquisar no blogue o marcador "espiral recessiva" encontram-se muitos sintomas de um país real que já deu a volta e de uma economia que está a reanimar. Contudo:
"“As consequências da recessão económica, principalmente ao nível das empresas, determinaram o aumento do número de insolvências com impacto directo nas imparidades e no provisionamento e afectaram negativamente as receitas: o produto bancário diminuiu 17,6% e o reforço de provisões aumentou 75,3%. Estes factores determinaram o apuramento de um prejuízo no semestre de 237,4 milhões de euros”, refere o comunicado à CMVM do banco liderado por Ricardo Salgado."
A economia real e o BES estão desfasadas, a economia real já fez o "decoupling"do BES... ou, se calhar, a economia real nunca esteve ligada ao BES. O BES é que esteve ligado aos estádios do Euro, às auto-estradas, ... financiando as construtoras.
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BTW, quem é que ainda pode fazer frente ao CDS?
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A ministra das Finanças!
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Qual o membro do governo que está sob fogo cerrado?
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A ministra das Finanças!
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Abençoada troika!
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Espero que continue por cá depois de Junho de 2014.
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BTW, nada de confusões:
O dinheiro que o CDS depositou, provou-se na Justiça, foi fruto das suas "festas do avante" e dos donativos que elas geram.
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O BES ganha quando financia as construtoras para que as obras contratadas com o Estado possam avançar.

6 comentários:

Carlos Albuquerque disse...

Para o BES tem que haver dinheiro. Para o salários do estado não há dinheiro. Mas quem se achar mal servido nos hospitais públicos pode sempre ir aos do BES.

João Pinto disse...

Carlos Albuquerque,

Não é para o BES que term de haver dinheiro (neste caso é o BES, mas poderia ser outro banco qualquer); os socialistas do Governo e da oposição, e muita gente que os apoia, é que pedem mais despesa, mas investimento em obras públicas pagas pelos contribuintes.

Sabendo de todos estes interesses "encondidos", que sempre houve e continuará a haver, como é que ainda há gente a defender mais intervenção do Estado. isto além do facto de estarmos falidos...

Carlos Albuquerque disse...

João Pinto, leu o post?

O que este novo governo se prepara para demonstrar é que o dinheiro vai aparecer, desde que seja para ser entregue a quem tem poder suficiente.

João Pinto disse...

Caro Carlos Albuquerque,

Leu o meu comentário? Eu disse claramente que tenho medo que o dinheiro apareça para os amigos. Por isso mesmo é que defendo a intervenção mínima do Estado na área económica...mas há muita gente a pedir mais intervenção.

Carlos Albuquerque disse...

"Intervenção mínima do Estado na área económica" é possível? Existe em algum país? E qual é o objectivo?

João Pinto disse...

Caro Carlos Albuquerque,

O objetivo é limitar ao máximo os abusos que o Carlos Albuquerque aqui tem crticado: PPP, interesses como o do BES neste artigo, etc. Claro que não é só por isto; é também nos os investimentos nos últimos anos não têm mostrado qualquer mais-valia. Construir uma terceira estrada no marão, onde não há passageiros para uma, parece-me uma loucura, um crime; construir 10 estádios de futebol em Portugal parece-me um crime e uma loucura...

Mas há muitos mais casos em que o Estado intervém e que, apesar de não ser crime, não faz sentido nenhum.