- Não nutro particular admiração pelo actual presidente da república mas custa-me acusarem-no de ser o causador da desgraça na agricultura. O meu pai licenciou-se na área da Geografia já eu frequentava o ciclo preparatório e o 7º e 8º ano. Como ele trabalhava não ia às aulas, assim, às vezes, à noite, eu ditava-lhe os apontamentos das aulas dos colegas, para ele passar. Tantas vezes falámos sobre a diferença entre a percentagem da população portuguesa na agricultura e nos outros países europeus e isto ainda antes dos anos 80 do século passado. Basta ir ao Pordata para constatar que no ano anterior à adesão à CEE Portugal tinha mais de 10% da população na agricultura. Imaginem o desgraçado do primeiro-ministro da Roménia que tiver de fazer a transição na agricultura romena... (2008, 2008, 2011)
- Julgo que o ministro Vítor Gaspar exagerou no peso da chuva como justificação para a queda do investimento. No entanto, quando trabalhei com empresas de obras públicas recordo bem como Janeiro e Fevereiro eram meses de baixa produção por causa do mau tempo. No entanto, algures nas publicações do INE, nos anos do anterior governo, a mesma justificação do clima foi utilizada para justificar baixos níveis de produção no sector da construção e obras públicas. Isto tudo é também um sintoma do nosso atraso, parece que investimento público é sinónimo de obra pública...
- Agora os jornais começam a dar ênfase à queda nos números do emprego... porque será? Se seguirem os números do IEFP, podem verificar que os números do desemprego caiem à cerca de 4 meses. Como é que os números do desemprego caiem acerca de 4 meses e o emprego baixa? Será que os números do desemprego baixam porque há a emigração crescente? Será que os números do desemprego baixam porque muitos desistem de procurar emprego? Será que os números do desemprego baixam porque há cada vez mais programas que, à la sueca, ajudam a pôr cosmética nos números do desemprego? Sim!!! Tudo isso é verdade! Mas acham que a destruição de emprego a este nível "Portugal. Desapareceram 1100 empregos por dia até Março" é compatível com a baixa do desemprego? Sei que trabalho sobretudo com PMEs e na zona Norte e deparo com sinais de recuperação todos os dias, será que a minha amostra está viciada? Como é que se podem estar a perder 1100 empregos por dia? Até que na minha mente começou a germinar uma hipótese de conciliação entre o que vejo, o abaixamento do número de desempregados e a queda do emprego... Fui ao documento original do Eurostat e confirmei na última página... lá está um quadro com este título "Administration and other public services". Ou seja, a contagem dos empregos criados ou destruídos também inclui os empregos na função pública. A seguir juntei isto "Quarenta e oito mil funcionários públicos entregaram o seu pedido de passagem à reforma o ano passado. O número consta do Relatório da Caixa Geral de Aposentações (CGA) de 2012, a que a Renascença teve a acesso, e representa um acréscimo de 50% nos pedidos em relação a 2011." Isto foi em 2012, em 2013 julgo que o ritmo de pedidos e passagem à reforma na função pública voltou a crescer. Estas pessoas vão para a reforma e não são substituídas. Que percentagem correspondem de entre aqueles 1100 empregos por dia?
sábado, junho 15, 2013
Tento não ser hipócrita
As cenas em que me vejo metido...
Isto não é uma defesa do governo, isto é uma tentativa de perceber melhor a realidade e não ser hipócrita. E agradeço, sinceramente, outras explicações para o ponto 3.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
"Só nos últimos três meses do ano (2012) chegaram à CGA cerca de 30 mil requerimentos, na maioria dos casos, de reforma antecipada e, como tal, com corte de 6% por ano na pensão."
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=107362
O jornal i podia ter alguém na redacção que pensasse e tentasse conciliar a queda de emprego com a redução do desemprego http://www.ionline.pt/artigos/dinheiro/desemprego-desacelera-maio-61-893-novos-inscritos
e com http://www.jornaldenegocios.pt/economia/emprego/detalhe/mais_de_14_mil_ofertas_do_centro_de_emprego_ficaram_por_preencher_em_maio.html
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/saude/detalhe/estado_contrata_quase_400_medicos_reformados.html
O milagre! Será que a redacção do jornal i percebe o milagre? Criados 400 postos de trabalho, 400 empregos e, todavia, a taxa de desemprego não foi alterada.
Enviar um comentário